Desde a juventude ouço dizerem que é preciso estar bem informado porque a informação é a matéria prima da cultura e a forma de conscientização e de aculturação mais antiga e barata é a leitura. Através dela você adentra mundos inimagináveis sem sair do lugar. Assim a humanidade se comunicou transmitindo informação por milhares de anos e nessa via o conhecimento acumulado viajou de geração em geração, de cabeça em cabeça, se modernizou e chegou aos dias de hoje nas asas das telecomunicações originando o rádio, o telefone, a tv, culminando com o uso maciço da web. Esse fenômeno é o que se passou a denominar “globalização”. Hoje a imprensa televisionada predomina sobre as outras pelo fato de ser mais cômodo ouvir e ver simultaneamente. Há, entretanto, sério risco de indução, ou seja, o telespectador pode ser facilmente manipulado por pontos de vista inadequados ao verdadeiro processo de aculturação. A isso poderíamos chamar cultura alternativa, inútil por não cumprir seu verdadeiro papel na construção da conscientização para o exercício da cidadania plena. Cabe então ao telespectador a missão de separar o útil do inútil e para isso tem duas armas: o seletor de canais ou o botão liga/desliga.
Entretanto acho que a melhor solução ultimamente tem sido a segunda, pois esta difícil suportar o bombardeio diário de notícias ruins. Outro dia diante do show de absurdos que acontecem no Rio de Janeiro, agravados ainda mais com a epidemia de dengue, quando inocentes perderam a vida diante da desídia governamental e os administradores públicos daquele estado estavam requerendo no Brasil e até em Cuba médicos pediatras; tive o desprazer de ouvir que a profissão esta em baixa devido aos salários aviltantes. Um jovem pode levar até mais de dez anos para se formar, para depois ser humilhado com ganhos insignificantes.
Mas, se pensarmos bem, a culpa é mesmo desses jovens idiotas que escolheram essa especialidade sem importância nenhuma. Certamente se tivessem escolhido aquela outra: mãodiatra; estariam mais bem colocados na vida. Esses profissionais são aqueles amigos do alheio que logo vão metendo a mãodiatra leve em cima de qualquer coisa. Não podem ver um automóvel no jeito ou uma moto parada no sinal que logo colocam a mãodiatra no três oitão e pronto, direto para o desmanche. Há mãodiatra para tudo. Até galinha, se der sopa, dança. Botijão de gás é outra coisa que vai, quando menos se espera. Mas esses mãosdiatras de botijão de gás e galinha são os que vão presos. Aqueles também conhecidos como “pés de chinelo”. Importantes são os mãodiatras de colarinho branco com direito a foro especial, prisão especial, tudo especial. Até faturamento especial. Esses sim; depois de formados sempre ficam muito bem. Segundo estatísticas mais recentes a profissão de mãodiatra leve no Brasil está em alta e o campo de trabalho também. É a única profissão que não se sujeita às leis de mercado. Quanto maior a oferta, maior a procura e maior o salário. Mãodiatra só costuma pensar grande e em dólar e só trabalha em grandes empregos, de preferência governamentais, em qualquer instância ou poder. Não fica com essa bobagem de curar criancinhas com dengue prá ganhar setecentos e cinqüenta reais por mês. E tem mais: viajam só de primeira classe e com cartão de crédito caixa alta pago pelo povão varonil. Outro dia tinha um desses mãodiatras leves deixou rastro no meu extrato bancário querendo me cobrar oito reais e cinqüenta pela manutenção da minha “conta salário” no Banco do Brasil. O pior foi que quando acordei já havia me levado uma nota.
Parabéns aos mãodiatras leves do Brasil que em breve terão instituído um dia em sua homenagem. O dia 1º de abril, dia que sua carteira se foi e ninguém viu.
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