Professor Gustavo Franco, antes de tudo, lhe peço desculpas por me dirigir a você sem conhecê-lo pessoalmente. Gostaria ainda, deixar bem claro, que não há segundas intenções nessas palavras. Há sim, apesar da admiração que nutro por um jovem vencedor como você, muita indignação por certas coisas que lemos e ouvimos dizer e que muitas vezes soam e doem como a explosão de uma bomba. Ainda mais quando oriundas de homens do seu quilate, que teoricamente sabem mais do que muitos de nós, simples mortais.
O senhor escreveu na coluna "em foco" da revista VEJA de dezessete de março deste ano (2004), edição 1845, algo intitulado como: "capitalismo envergonhado" Como é natural em acadêmicos do seu nível o senhor foi discorrendo suas teorias, num belo texto, demonstrando alto conhecimento de história da macro-economia mundial. Todavia, na minha opinião de cidadão trabalhador, bem formado e informado, lido e corrido, que nunca viveu aos auspícios de nenhum emprego público e que sempre começou cada mês no vermelho, devendo antecipadamente, antes de qualquer coisa produzir para transferir ao seu sócio majoritário o governo perdulário e desorganizado; o senhor cometeu um pecado mortal e demonstrou claramente desconhecer completamente a vida prática, a realidade de quem trabalha tentando produzir e gerar riquezas nesse país. O senhor imputar a culpa das desgraças desse capitalismo moreno, às empresas é o mesmo que condenar as criancinhas pelo sacrifício de Jesus Cristo.
O senhor sabe, é evidente, que o Brasil é o segundo maior coletor de impostos no mundo, depois da Bélgica? Estou falando Bélgica, professor, não é Zimbábue não! Sabe professor, depois dessa, se tivesse um filho seu aluno, o tiraria da escola. Acho que homens desse grupinho de yuppies, como o senhor e tantos outros - Carlos Langone, Celso Pastore, Andréa Calabi, Mario Simonsen, Dílson Funaro, Francisco Gross, Fernão Bracher, Delfim Neto, Candir, Rubens Ricupero, aquele Chico careca (que agora me esqueço o nome), Fernandos Henrique e Color, Maílson da Nóbrega e outros - que ajudaram a governar o Brasil nos últimos trinta anos, nascidos em berço privilegiado, produtos plastificados em Harvard, Oxford e Sorbone, especialistas em teorias próprias para a realidade americana e européia, que o senhor, pelo visto, talvez ache que é igual à brasileira, deviam merecer aquela pena indicada aos usuários do chicletes Adams: "trinta dias de cadeia a pão e água, e sem chicletes Adams". Sem direito a visitas nem hábeas corpus.
Professor, o senhor também foi mordido pela síndrome anticomunista? Esqueça isso. Ninguém quer saber de comunismo professor! O senhor esta defasado. Isso já é página virada há vinte anos e todos estamos vendo onde estão os estados que o adotaram. Aliás, estão mal porque o adotaram mal, desonestamente, voltado para os interesses da pequena burguesia, da qual, talvez, até eu faça parte.
Marx foi um iluminado e tudo que pensou e escreveu é muito bom, assim como também é muito bom aquele capitalismo preconizado por Keynes, que receitava uma apropriada mordaça para estados mordedores que nem o nosso. O senhor vê que essa sua síndrome é característica adquirida pelos gladiadores de Harward, os mercenários americanos.
Pelo amor de Deus, professor, não me leve a mal.
Nada contra sua pessoa, porém tudo contra suas teorias.
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