SÃO VICENTE DE MINAS
- ILHA DE PROBIDADE E PROGRESSO NO MAR DE LAMA -
A imaginativa popular conta que logo depois da criação, Deus resolveu mostrar Sua obra aos anjos. Então adentrou o universo, percorreu galáxias, descreveu buracos negros, quasares e centenas de milhões de sistemas solares, inclusive os intrincados segredos que doravante governariam tudo. Ao tangenciar a terra, fez questão de dizer que aquele pequeno planeta seria Sua obra prima, porque lá existiria vida e seres a Sua imagem e semelhança. Todavia, intrigantemente, diante de tanta beleza havia montanhas intransponíveis, mares bravios, furações, terremotos, tempestades, desertos e tantas nações em guerras fratricidas. Contudo, a legião pôde observar uma nação onde o sol brilhava eternamente, a natureza era exuberante e do solo brotavam rios cristalinos recheados de minerais preciosos. Tamanha diferença logo chamou atenção e alguns anjos questionaram o Senhor:
- Senhor, estamos indignados com tamanha desigualdade!
Ao que o Senhor respondeu:
- Esperem e verão o povinho que colocarei lá.
O sentido pejorativo que o diminutivo encerra à palavra povo é um belo exemplo da nossa riqueza vernacular e da pobreza cívica que tomou conta do modus vivendi da sociedade brasileira. Nós, homens de boa fé, excelentíssimos eleitores e pagadores de impostos, estamos enojados e humilhados diante dos disparates a que diariamente nos submetem os mandatários desse pobre país, há quinhentos anos devassado pela ânsia do enriquecimento a qualquer custo, compensado pela impunidade; essa chaga que compromete a salubridade do tecido social semeando o mau exemplo nas raízes da sociedade, comprometendo a formação dos jovens herdeiros da nacionalidade por lhes impingir a falsa sensação de que a desonestidade é símbolo de esperteza, de elegância e o caminho único ao sucesso.
Na verdade, num substrato social assim enfermo onde não se pode confiar em ninguém, pois todos são potenciais inimigos armados até os dentes, para depenar num só golpe; ninguém sai ganhando, nem mesmo aqueles espertalhões. Não há quem não perca a paz, a esperança, a certeza num futuro promissor e seguro baseado na inexistência de homens éticos e instituições justas capazes de garantir direitos elementares que sustentem a verdade e a justiça como sustentáculos da dignidade humana e conseqüentemente do desfrute da plena cidadania. Em reforço a essa premissa a sociedade brasileira transformou-se numa espécie de savana infestada de predadores sedentos e audaciosos à espreita de qualquer tênue oportunidade, para saciar a fome monetária, todos contando com um rábula bem treinado nos contragolpes propiciados pela lei branda e condescendente, que, por alguns dinheiros transformam mentiras em verdades com a rapidez, a elegância e eficiência de um ilusionista das aventuras da célebre “mil e uma noites”.
Felizmente, nem tudo está perdido como o resto da esperança e a conduta ética assim como a vida, que renasce nas cinzas, parece ter a capacidade de renascer da desordem social e da descompostura ética. Prova disso é que, vez por outra, tem-se notícia de honrosas exceções que inacreditavelmente ainda acontecem. E uma delas vem acontecendo na felizarda SÃO VICENTE DE MINAS, pelas mãos laboriosas e éticas da sua prefeita. Esse desabrochar da ética e do respeito numa pequena e quase invisível cidade da constelação nacional, localizada num dos recôncavos remotos do sul das Minas Gerais é música solene para ouvidos cansados dos despautérios dos caras de pau que hora dominam a vida nacional. A pequena capital da ética administrativa vem dando exemplo de ordem e progresso à nação brasileira pelos seus altos índices de crescimento material e social desde há quatro anos, quando a administração proba, embarcada na obediência à lei e imune ao vírus exibicionista e criminoso do insolente “rouba, mas faz”; tomou como meta o: NÃO ROUBA E FAZ. Àqueles que não necessitam roubar para fazer, o filósofo e poeta grego Píndaro referiu-se como “homens de consciência leve” e reconheceu que certamente não lhes fosse possível amealhar grande patrimônio material. No entanto, sobre sua consciência assim se expressou: “... quem planta muitos erros na própria existência, desperta com freqüência sobressaltado dos próprios sonhos e vive acabrunhado por maus pressentimentos. Com efeito, quem vive uma vida justa, uma doce esperança o acompanha aquecendo-lhe o coração e nutrindo sua velhice...”
Feliz e abençoada a terra que do seu regaço nascem homens e mulheres de caráter inquebrantável capazes de semear nas mentes e pequenos corações do futuro o salutar exemplo do respeito, do desenvolvimentismo, da colheita de bons frutos pelo planejamento, pela abstenção ao ganho fácil; mas pelo trabalho duro. Felizes os cidadãos que têm a sorte de nascer, viver, trabalhar, gerar e criar filhos num ambiente arejado pela confiança, pela paz, pela ordem, pelo progresso e pela certeza de que o futuro será muito melhor do que o presente.
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