O PASTOR DE CASCAVÉIS E AS LIÇÕES DO COVID 19
A história demonstra que os humanos precisam do sofrimento para se aperfeiçoar. Prova cabal é que não há no rol das nações desenvolvidas alguma que não tenha passado por catástrofes causadoras de fome, escravidão, pobreza absoluta, desnutrição e demais prejuízos coletivos de grande monta.
O sofrimento despe o ser humano das filigranas do egoísmo, da mentira, da traição, da ambição e o lança nu numa especie de purgatório onde todos se igualam. Homens e mulheres iguais em todos os sentidos transformam-se em tijolos na construção da solidariedade. A partir desse ponto surge um novo alvorecer e forças sinergicas invadem os espíritos e os norteiam no rumo do surgimento e desenvolvimento de novos seres dotados de maior responsabilidade mutua.
Diante dessa verdade comprovada penso que os incômodos que nesta hora sofre a humanidade, apesar do imenso prejuízo humano e material, será de grande valia na implantação da necessária catarse que levará a humanidade a repensar propósitos com o objetivo de eliminar velhos conceitos e ações predatórias, a fim de se criar novos valores no campo das relações político-sociais, comerciais, religiosas e até mesmo militares.
A guerra contra um virus de alto contágio, mas baixa letalidade, está nos demonstrando que nossas garantias de sub-existencia são frágeis e que algo pouco mais potente poderá devastar a humanidade assim como há 60 milhões de anos um fugaz cometa destruiu espécies muito mais fortes e antigas que a humana e promoveu seu desaparecimento para sempre. Sem considerarmos outras pestes que, por sorte, apenas quase dizimaram a humanidade acabando com bem mais do que uma das suas metades.
Quanto ao Planeta? Este estará melhor sem nós. Não haverá propagação de radioatividade e nem um dólar será gasto com um tiro sequer.
Governantes estão aprendendo que armas mais eficientes e úteis certamente não sejam as que metem medo, destroem e matam, mas outras que unam a humanidade com potencial para defendê-la e preserva-la das vissitudes quase nunca previsíveis mas plausíveis.
O mundo dos negócios descobriu a pesados custos que quem coloca todos os ovos na mesma cesta esta correndo sérios riscos. Ha menos de vinte anos resolveram-se por unanimidade apostar no Gigantesco Mercado Consumidor Chinês de 1,5 bilhão de consumidores. Esta negligência suicida foi capaz de expor a segurança nacional de dezenas de nações aos humores de um regime antidemocrático que governa um país gigantesco com mão de ferro, cuja antiquíssima história é recheada de intenções e violentos episódios expansionistas. A grande questão é se havera ainda tempo de saltar do colo do Dragão antes que sejamos engolidos e degludidos de vez? Não estamos aqui considerando apenas nações frágeis e pobres da Africa, da Ásia ou da América Latina. Grandes potências também estão incluídas no rol dos imprudentes.
O Brasil pela sua vez esta sofrendo e vai sofrer muito mais na proporção do tempo em que durar o esforço de guerra no combate ao Covid 19. Segundo previsões mais otimistas, se a pandemia durar mais de três meses e não adotarmos postura menos radical no resguardo da população, milhares de empresas irão a pique juntamente com milhões de cabeças da sua força de trabalho. Não tem problema dizem alguns mais otimistas e desavisados pois temos ai a China disposta a nos ajudar comprando empresas e riquezas nacionais a preços módicos.
Mas deixemos de lado por enquanto o risco China, afinal o aprendizado sobre o entreguismo direto e suas consequências pertencem ao futuro e aqui estamos apenas nos detendo às lições do presente.
O povo brasileiro esta a duras penas entendendo que não existem mudanças políticas parciais. Votamos no presidente que sonhamos; honesto, franco, limpo, liberal democrata; apesar da fama negativa atribuída pelas vozes do desterro, mas mantivemos a mesma corja protagonista da velha oligarquia praticante ativa do “É ganhando que se rouba mais”.
Descobrimos tardiamente, que o Presidente da República no seu sentido Institucional não passa de figura meramente decorativa, cuja autoridade só ultrapassa os limites dos muros do Palácio do Planalto se o ‘Presidencialismo da Excomunhão’ assim o permitir. Não temo me arriscar a afirmar que o Presidente do Brasil, se quiser governar com minimo sossego e sucesso precisa aprender desde cedo a apascentar cascavéis venenosas e famintas, se acercar delas e até saborear seus piolhos azedos e venenosos.
Se toda afirmação merece comprovação e provas, penso que nem sempre; principalmente em se tratando de política de bastidores, quando alguém paga para outros gastarem e se deliciarem no poder. Sou defensor de indícios, pois acredito que em certos casos pesam mais que provas no mundo da escuridão onde pastam fartamente dissimuladas cascavéis da República.
Me pergunto e gostaria que todos se perguntassem como outros presidentes no passado conseguiram se equilibrar no poder por 5 anos, como foi o caso de Sarney, 8 anos como FHC e Lula ou até mesmo Dilma com seus 6 anos? A falta de respostas plausíveis a esta questão crucial são indícios de que foram hábeis negociadores sempre em favor dos arautos do dinheiro fácil e farto. Nesse ninho obscuro também vive e prospera a serpente do silêncio da imprensa sempre com seu olhar de paisagem para tudo que coincide com seus interesses obtusos.
Não fica difícil concluir portanto, que a ogeriza ao atual governo e sua sanha de moralizar o ninho de cascavéis, lhes cortando o mantimento do fluxo de dinheiro fácil em favor dos interesses do povo miserável, que por tudo paga os preços mais altos do mundo sem contraprestação a altura, é a prova cabal de que para governar o Brasil precisa-se e deve-se ser desonesto, traidor do juramento de respeitar a Constituição Federal ou, no mínimo, se fingir de morto.
Para concluir nos resta o último e mais obvio aprendizado. Diante do risco do desemprego em massa cai por terra o intocável Graal da esquerda comunista que gosta de atribuir a culpa da pobreza à crueldade dos ricos egoistas, que não gostam dos pobres e não se importam com o seu sofrimento. Obviamente me apresso a inocentar os ricos que vivem e produzem por sua conta e risco. Os parasitas da nacionalidade com seus altos salários e recompensas principescas pagas pela população pobre, estes sim são os verdadeiros ricos carrascos da sociedade; devem ser sobretaxados e ter seus bens arrestados e distribuídos aos pobres como prega os trovadores de mentiras contra quem verdadeiramente arrisca seu capital, gera empregos, paga impostos e carrega a nação nas costas.
O COVID 19, enfim nos ensinou que ninguém é mais responsável pela miséria do povo do que os governantes de todos os poderes da República em todas as páginas da nossa história podre recheada de negociatas na calada das noites e até no ruído dos dias.
Aprendemos que quem não se aperfeiçoa pelo bem, aperfeiçoa-se pela dor!
ANTONIO KLEBER DOS SANTOS CECILIO