RESPOSTA AO MINISTRO DIAS TOFFOLI
Diante dos ânimos acirrados, as pessoas costumam se exaltar, no entanto não há alguém em sã consciência criticando o STF pela sua função básica que é a de fazer justiça dentro dos parâmetros constitucionais. Todavia, cabe às autoridades que governam o país jamais se esquecerem que sem povo não há nacionalidade, ou seja; não haveria razão da existência de tribunais, nem de qualquer outra instituição governativa, se não houvesse povo. Por isso exatamente os poderes constituídos emanam do povo e, por isso mesmo, os agentes investidos de poder devem ao povo e somente a este a sua maior fidelidade, eficiência e submissão.
Obviamente que nação alguma se viabilizaria sem a existência da atividade econômica de agentes investidores e sua capacidade de transformar bens, construir infra-estruturas e, em assim sendo, gerar riquezas e postos de trabalho. Esta é a dinâmica milenar do que se convencionou chamar de “mercado”. Dentro dessa perspectiva o mercado assemelha-se a um grande espaço produtivo onde atividades de todas as esferas participam, desde a produção de bens primários, passando pela indústria de transformação, comunicações, saúde, educação, transporte, serviços, turismo, etc.
Completa-se assim uma espécie de círculo virtuoso formado, não só por atividades oficiais de governança, como também pelas atividades extra-oficiais que compõem o tal mercado. No entanto, mais uma vez aqui cabe a pergunta: haveria mercado sem povo? Obviamente que a resposta é negativa.
Nota-se, portanto, que sem povo nada teria razão de existir. De nada valem selvas verdejantes, reservas minerais, reservas-hídricas ou mesmo tudo que engloba um Território Nacional sem povo. Como diz conhecido ditado popular: - sem povo não há negócio!
Porém, diante dessa mais pura verdade, não é difícil perceber que no Brasil estamos passando pela mais grave inversão de valores da nossa história. Os agentes da governança, assim como os agentes de mercado, passaram a ser mais valorizados que o substrato fundamental da nacionalidade: o Povo. Estamos vivendo uma jocosa e terrível escravidão sem armas e relhos, aonde cabem ao povo duas únicas funções: votar e pagar a conta da roubalheira, uma vez que claramente a miserabilidade vem se instalando a passos largos no tecido social brasileiro com a anuência, inclusive dos egrégios tribunais e seus impolutos magistrados.
Sem a menor sombra de dúvida, todas as estatísticas internacionais comprovam que somos o país aonde mais se paga e mais se rouba no mundo. O voto democrático então ganhou status de cheque em branco para que os agentes da governança possam enriquecer o quanto e da maneira que bem entenderem contando ainda com aparatos repressores lenientes, ineficientes, morosos e, quando não venais, excessivamente condescendentes. Em resumo, o povo brasileiro, abençoado pelo voto democrático, passou a ser o agente financiador, não dos seus direitos constitucionais, mas dos direitos sagrados de uma elite impiedosa, egoísta e anti-nacionalista, cuja Pátria é dinheiro, vida boa e poder sem responsabilidade.
Diante dessas sombras estampa-se o lamento do Sr. Presidente do STF: desrespeitar aquela instituição é desrespeitar a Democracia. Diante do lamento de um dos príncipes da nação, o povo pergunta: A qual democracia se refere o magistrado? À da Casa Grande ou à da Senzala?