A
beleza da língua portuguesa é explicitada a cada momento, mas infelizmente não
temos o hábito de observar a riqueza embutida no sentido de cada palavra, ainda
que se componha de sons, sílabas e letras iguais. A palavra “Poder” é um rico exemplo e
funciona como espécie de ferramenta de múltiplas utilidades, porque engloba
duas vertentes que nos levam a caminhos diferentes no complexo esforço da
comunicação humana. Partindo dessa
premissa observamos que é costume entendermos ‘poder’ como algo que não é para
qualquer um. Assim funciona como um privilégio dos sortudos. Apenas reis,
rainhas, governantes, políticos, líderes ou administradores têm ‘poder’ de
decidir sobre os destinos dos outros. Se procurarmos um sentido gramatical nessa
situação veremos que ‘poder’ aqui tem forma de substantivo abstrato. É algo que
não se pode ver, nem tocar; mas existe, porque se pode sentir sua influência,
que, por vezes, até dói.
Em sua segunda vertente vemos que ‘poder’
incorpora também um sentido de ação. Partindo do principio básico de que a vida
é um exercício dinâmico de fatos e ações interligadas, facilmente percebe-se
que nesse caso seu sentido se amplia grandemente, deixando de ser apenas um
privilégio dos sortudos, para ganhar outros campos mais amplos; englobando o
poder de realizar coisas, construir, ajudar, amar, projetar, planejar,
desenvolver ou simplesmente ‘poder pensar’ ou ‘poder para pensar’.
‘Poder para pensar’ é a ação mais
importante do universo e nada num raio de bilhões de anos luz distante daqui,
em todas as direções, tem essa capacidade.
Só o homem/mulher, esses seres insignificantes, que soltam gases, fazem
coco, sentem frio, têm medo, precisam tomar água e encher a barriga de comida;
têm essa capacidade. Portanto, o bom exercício desse ‘poder’ nos diferencia de
tudo o mais e nos sobrepõe ao degrau mais alto da criação universal. Se por
qualquer motivo nos for subtraído o ‘poder de pensar’, seremos tão inúteis
quanto um grão de poeira. Entretanto a capacidade de pensar é apenas potencial
e ganha maior ou menor amplitude de acordo com o meio em que nascemos, vivemos
e desenvolvemos. A criança que goza de funções mentais normais, num meio
atrasado, terá muito menos respostas favoráveis ao seu desenvolvimento do que
aquela que cresce num ambiente altamente desenvolvido, ou melhor: os seres
humanos pensam de acordo com o nível dos desafios que lhes são
apresentados.
Daí conclui-se que o pensamento é
semente que precisa ser plantada em terreno fértil. Para
que a capacidade de pensar ganhe peso cada vez maior é preciso que o meio
ambiente nos apresente fatos e desafios que nos induzam a questioná-los assim
nascendo um tipo de pensamento ao qual poderíamos classificar como ‘raciocínio’.
Esta é uma forma de pensar com lógica, que possibilite alguma conclusão útil. O
ser humano capaz de enxergar o meio ambiente em que vive com olhar crítico pode
tirar melhor proveito para aperfeiçoamento material ou espiritual, ganha ainda
mais destaque no cenário universal e é pedra fundamental para a construção do
desenvolvimento da sociedade da qual faz parte.
Todavia o problema se complica à
medida que falamos de sociedade. Viver em sociedade é ato e fato político.
Portanto o cidadão pensante só atingirá sua plena capacidade analítica e
conclusiva se tiver a sua disposição três importantes fatores, que associados
se transformarão naquela árvore plantada em nossa bandeira, a qual chamamos de “Progresso”.
São eles: liberdade, informação e educação.
Sem liberdade não há fluxo de informação e sem educação a capacidade de
pensar e questionar não funciona, portanto o desenvolvimento social estará
mortalmente comprometido e a nação ficará à deriva, ao sabor de toda sorte de
ditadores, espertalhões e corruptos para dominá-la e satisfazer interesses particulares
e corporativistas.
As nações que compreenderam isso
mais cedo, rapidamente desenvolveram sólidas democracias e criaram um sistema
educacional eficiente. Hoje são desenvolvidas e ricas. Vê-se por aí que riqueza
não é milagre nem bondade de governo nenhum, mas fruto de um processo onde se
planta certo e se colhe bem. À medida que essas sociedades ricas foram se
organizando, paulatinamente investiram em um ambiente propício à pesquisa
científica, assim dando origem ao ‘poder de pensar cientificamente’. Só o
pensamento científico leva ao aumento da produtividade com redução de custos e
aumento de ganhos. Criou-se um círculo virtuoso de mais conhecimento, mais desenvolvimento
e mais riqueza fluindo numa dinâmica de mercado.
Enquanto isso aqui no Brasil, o país
que se considera futurista e pleiteia respeito mundial, nossos governantes
alardeiam o combate à pobreza com a criação de milhares de postos de trabalho através
da introdução de programas de aceleração do desenvolvimento e implantação de um
sistema de doação de recursos para os muito pobres, a fim de tirá-los da
miséria absoluta. Até aí tudo bem e não
estamos aqui para dizer que não há mérito na ação. Mérito há e não se pode
negar. Mais dinheiro nas mãos de mais pessoas possibilita maior consumo, maior
circulação de bens, mais geração de empregos e acima de tudo mais dignidade.
Entretanto, apenas acertam parcialmente o alvo, porque não estão igualmente investindo
no ‘poder de pensar’. O bom fazendeiro também investe no bem estar do seu gado,
com a introdução do manejo tecnologicamente avançado, entretanto não há no
rebanho quem pense. Ele decide quem vai morrer quem vai viver quem vai
procriar. O gado homem, por sua vez, pode estar de barriga cheia, mas se não
tiver capacidade de questionar, será muito inferior ao pior indivíduo de um
rebanho de corte. Além do que as demais infra-estruturas do país estão caindo
aos pedaços.
À medida que essa política se
ampliar e mais pessoas forem recebendo esmolas oficiais, sem investimento
maciço no ‘poder de pensar’ estará sendo criada uma legião de dependentes
viciados em receber sem suar, encabrestados a um sistema central onde ninguém
discute as ações governamentais, pois de um lado todos são pobres coitados e de
outro todos são santos. No meio um mórbido sentimento de gratidão,
conformidade, imobilidade e impotência por parte de uma sociedade atarantada e
um academicismo falido que só tem como ultima alternativa de negociação a greve
e o esmagamento de novos pensadores. Essa situação seria culpa também do imperialismo
americano, que investe pesado em pesquisa e educação muitos milhares de vezes
mais do que o Brasil e seus vizinhos investem em programas assistencialistas e
populistas?
Este, apesar de não parecer e dos
nossos governantes estarem tirando grande proveito político, é o caminho para o
enterro da democracia e fim de um legítimo sistema onde o ‘poder’ realmente
emane “do povo, para o povo e pelo povo”. Considere-se ainda outros sérios
agravantes: à medida que o governo da esmolas vem aumentando gradativamente os
impostos e os pobres não compram mercadorias isentas de tributos, num claro
exercício de dá e toma. Por outro lado, o mesmo governo bonzinho não cria um
clima favorável ao investimento, onde não há incentivo à ampliação da produção
para atendimento ao aumento da demanda, ou seja: mais pessoas com dinheiro,
haverá mais consumo; não havendo satisfação ao aumento do consumo, haverá alta
de preços e aumento da inflação que coroe o valor do auxílio recebido pelo
pobre. Para combatê-la, uma das ferramentas mais lembradas é a redução de
prazos e o aumento dos juros, o que dificulta ainda mais a vida de todos; salvem-se
os bancos. O círculo virtuoso rapidamente se transforma em vicioso, mas, para
nossos governantes não importa, porque os votos estão garantidos.
Como se ainda não bastasse, meu
poder de pensar e concluir mostra nuvens ainda mais negras no horizonte
democrático por conta da clara intenção de alinhamento político do Brasil com
regimes sociais comunistas da América Latina. É inconcebível pessoas que
sofreram na pele as dores da opressão ditatorial e chegaram a empunhar armas em
defesa da liberdade, agora no poder, estarem flertando com políticas comunistas
adotadas em Cuba, na Venezuela e na cortina de ferro Soviética. A história não
existe para enfeitar bibliotecas e se perder na poeira do tempo, mas deve
servir como aprendizado e alerta para o futuro. Equívocos cometidos mais de uma
vez denotam burrice imperdoável! Está mais do que historicamente comprovado que
os comunistas roubam do homem sua mais sublime dádiva que o diferencia de tudo
no universo: seu poder de pensar e direito de ser livre através do conhecimento
do que se passa a sua volta. E ainda embotam sua criatividade!...
Esses dois países não podem servir
de exemplo para o Brasil. Ambos são governados por ditadores e já tiveram tempo
de sobra para provar que regimes totalitários onde um grupelho pensa por todos
não funciona. Cuba não esta estagnada por culpa do embargo americano, mas pela
burrice, cabeça dura e comodismo dos ditadores que lá se instalaram há 54 anos
em nome da liberdade. A Venezuela, o paraíso dos segredos, fechou o ano de 2012
com uma das maiores inflações do planeta e pobreza generalizada sobre um lençol
de petróleo que dá para abastecer o mundo sozinho por 50 anos. O povo, que não tem informação, nem liberdade
e por isso não pode julgar esta feliz com a esmolaria governamental. A Rússia transformou-se
numa potência militar, porque precisava impor os ideais comunistas. Hoje é um
grande paraíso dos corruptos, esta muito longe de ser um gigante econômico e
todos os países do leste europeu onde reinou o seu comando comunista são mais
atrasados em relação aos irmãos do ocidente.
No entanto, o que mais incomoda o
setor pensante no Brasil, são as trocas de amabilidades e freqüentes visitas a
ditadores declarados e juramentados, enquanto internamente instala-se a “Comissão
da Verdade” para apurar opressão semelhante à cometida pelos camaradas
comunistas, que eles apertam as mãos e dão tapinhas nas costas. Meus pêsames a esses
democratas meia pataca, que pegaram em armas em nome da liberdade e da
democracia, mas foram incapazes de receber civilizadamente a inofensiva
dissidente cubana Yoany Sanchéz, com toda a sua simplicidade, mal vestida segundo
os padrões consumistas brasileiros, armada apenas com a serenidade dos
argumentos verdadeiros e da convicção de que os genuínos paladinos da liberdade
sempre triunfam. Assim como triunfou Cristo, que morreu crucificado, mas o
cristianismo venceu. Tiradentes, o libertador, que morreu enforcado e teve seu
corpo esquartejado, mas o Brasil se livrou da tirania de Portugal. Assim como a
Resistência Francesa venceu o peso da Suástica Nazista sob o manto do silêncio
e da solidariedade. Assim como venceram os limites do Muro de Berlim e a tirania
soviético-comunista as nações nele circunscritas. Assim como venceram os
abolicionistas os ferros da escravidão negra na América. Assim como venceu o
ideal de Martin Luther King de ver um negro na presidência dos Estados Unidos,
caminhando para ser um dos maiores nomes da história daquele país. Assim como
estão vencendo as minorias sociais nos Estados Unidos pelo peso do voto
democrático a esmagar o radicalismo do Tea Party Republicano.
O Brasil e os brasileiros pensantes
concordam com as palavras da dissidente cubana Yoany Sanchez, quando ela diz
que “os governantes passam, mas as nações e ideais de liberdade ficam”, porque
o homem nasceu e existe para ser livre na essência da palavra. O Brasil e os
brasileiros concordam com seus governantes, quando eles se mobilizam para
melhorar a situação dos pobres, mas não concordam de maneira nenhuma, quando sufocam
as empresas nacionais com excessiva regulamentação e pesada tributação
inviabilizando negócios e suprimindo empregos. Não concordam, quando se calam
diante do arbítrio de ditadores de qualquer orientação político-filosófica. Não
concordam veementemente, quando tentam encobrir erros de partidários em desafio
direto a legítimas condenações colegiadas de última instância. Assustam-se e
repudiam quaisquer tentativas de amordaçamento da atuação da imprensa no
sentido de tentar conter o fluxo de informações e, por conseguinte os
horizontes da plena democracia. Se a
imprensa transgredir os limites do respeito e da ética, o ambiente democrático
é via de mão dupla e possibilita ação judicial reparatória. Portanto revogam-se
atos contrários e ações sub-reptícias a fim de enganar inocentes e simplórios,
para depois metê-los a ferros como costumam fazer os bons ditadores comunistas em
seus paredões de fuzilamento e prisões secretas.