Depois
da disputa renhida os candidatos eleitos prefeitos e vereadores, acabam de
tomar posse dos mandatos que lhes confere autoridade para dirigir o destino dos
municípios por quatro anos. Muita felicidade, largos sorrisos, tapinhas nas
costas, beijos, abraços, saraivada de aplausos, foguetório, arrepios de emoção,
discursos emocionados por vezes tempestuosos, orgulho indescritível por
merecer o apoio do eleitor amigo que não faltou com a promessa e não decepcionou
com o precioso voto. Comum ouvir o célebre desabafo: “Eu sabia que meu povo
querido não falharia comigo!“.
Felizes e prósperos próximos quatro anos é
tudo que o povo deseja aos seus novos ilustres representantes e desde já pede a
Deus que lhes dê juízo e boa consciência para entenderem que felicidade em
política deve ser via de mão dupla; que quem trafega na outra mão é o eleitor
patrão, que também quer e merece ser feliz por uma questão apenas de lógica e
ética. Que nesses quatro anos não se lembrem apenas dos seus direitos,
mordomias e salários acima da média, mas também do eleitor amigo e querido
pai/mãe de família com filhos para criar e contas para pagar. Que não se
esqueçam que crianças não são cães necessitados apenas de comida, mas também de
educação de qualidade para ter oportunidade. Que idosos não são trastes que
devem ser esquecidos, mas pessoas humanas que já deram tudo de si e que agora
merecem respeito, devoção, carinho e gratidão. Que professores não são extraterrestres
capazes de viver de brisa e conversa fiada, mas que, como responsáveis pela
formação da consciência nacional futura, precisam de ambiente salutar, apoio
técnico e salários equiparados com os dos doutores do físico. Que não esqueçam
jamais dos negros, que não são para serem lembrados apenas no “Dia nacional da
consciência negra”, mas no todo do tempo dos anos, desde a mais tenra idade,
para que se transformem em cidadãos tão capazes como qualquer outro e não
precisem viver de quotas e esmolas de governantes corruptos e governos
populistas com olhos dirigidos apenas aos votos da próxima campanha eleitoral.
Que não se esqueçam que o povo está farto da mais alta carga tributária do
mundo associada à qualidade de vida miserável que lhes oferece hospitais semelhantes
a matadouros; estradas que mais parecem caminhos; transportes públicos obsoletos,
sujos, lentos e caros; escolas perdidas no abandono; aposentados em idade
avançada com proventos achatados, porque a Previdência Social falida só pode
contar com a Providência Divina para cortar as mãos de tantos gatunos irresponsáveis
eleitos a cada quatro anos nos embalos de mentiras bem pregadas. Que o eleitor
não quer os recursos da merenda escolar trocados por festas, gasolina e bebidas
importadas...
Os administradores públicos costumam
dizer que estão revestidos do “direito constitucional” do exercício da
administração pública. Entretanto lembro aos digníssimos eleitos que temos aí
subtendida a palavra “dever”. O dever de exercer o direito que lhe foi conferido
democraticamente pelo eleitor. Em suma o administrador público não tem direito,
mas dever. Primeiro porque “direito” se conquista por aquisição ou por mérito.
Segundo, porque quem recebe pagamento pecuniário tem o dever de cumprir o que
se contratou. Em terceira instância ainda cabe lembra-los que ninguém os
obrigou a assumir tais responsabilidades e, pelo que se sabem, todos lutaram de
livre e espontânea vontade pelo dever de servir à sociedade dentro da
legalidade e sem delongas. Lembramos ainda aos, porventura, descontentes que se
aceitam, de bom grado, renúncias. O povo
promete que jamais perderá noite de sono por isso, uma vez que ninguém seja
insubstituível em qualquer circunstância.
Há aproximadamente trinta anos
apresentou-se na televisão brasileira a lendária novela “O bem amado”. Uma
sátira da situação política daquela época a qual continha a personagem caricata
do Capitão Zeca Diabo. A tal personagem representada pelo ator Lima Duarte era
um irreverente por natureza e em certo capítulo, quando inquirido por uma
pretendente apaixonada que desse sua opinião
sobre o casamento; ele alegou que gostaria de se casar para fazer
bobagem. Casar-se para fazer bobagem certamente seria muito simples se todos
não soubéssemos que no casamento faz-se de tudo, inclusive bobagem. Esta entra
no contexto, nada mais, como um coadjuvante. Por isso não existem casamentos
que se sustentem apenas sobre as delícias da bobagem. Em outras palavras
poderíamos afirmar que nem só de bobagem sustentam-se os casamentos, mas, e
muitos mais, de responsabilidade.
Até Hitler, o líder alemão teria declarado,
no embalo das suas loucuras, que não podia se casar porque já estava casado com
a Alemanha. Casou-se e fez tanta bobagem que deixou um rastro para a história
da humanidade de cinqüenta milhões de mortos e bilhões em prejuízo material.
Vê-se, então, que em qualquer
circunstância da vida cabe responsabilidade e equilíbrio. Que a aventura de se
casar com a política com o único intuito de fazer bobagem é uma arma perigosa.
O povo esta alerta e munido de duas leis úteis e severas; sejam elas: a da
“probidade administrativa” e a da “ficha limpa”. Além do mais, tribunais mais
atuantes e juizes na mira da nossa imprensa livre, alerta e competente. Não
subestimem as redes sociais! Espaço para picaretas fazerem bobagem esta cada
vez mais estreito. Cuidem-se os aventureiros recém casados que o povo esta alerta!
Viva a democracia! Abaixo a mão leve, o olho comprido e a bobagem na política!
No casamento com responsabilidade é permitido. Quem gosta? Quem não gosta? Disk
bobagem no casamento. Não precisa se identificar.