Nesta importante noite em que tantos aqui se reuniram para prestar homenagem a esta grande senhora, nossa querida Maria Estela, me seria impossível deixar de marcar no mural da sua bela história de vida, algumas palavras, que, sinceramente acredito, configurem a opinião unânime de todos que aqui agora se encontram.
O fato de se completar 80 anos é algo que na verdade paira em nosso íntimo como uma imensa interrogação. Como será chegar lá? A resposta certamente virá no embalo do tempo pela sua inexorabilidade. Quem não desembarcar do barco do tempo, um dia, com toda certeza, terá sua resposta. Positiva ou negativa? Eis a questão!... Mas o que é esse tal barco do tempo? A resposta é obvia: barco do tempo é a vida. Só chegam lá os agraciados por Deus pela longevidade. Vida longa é benção, é sorte, é vitória sobre a grande e perigosa aventura que é viver.
Belo presente divino chegar aos 80 anos, cheia de vida, saudável, alegre, lúcida acariciada por dezenas de amigos prenhes de carinho, ternura e gratidão pela sua terna presença, pela paz que nos transmite seu cálido abraço, pela emoção que transborda em nossos corações o som da sua suave e amigável voz. Maria Estela vem lá, com seu indefectível sorrisinho, passinho por passinho, bem devagarzinho. Entretanto, como sempre aparências enganam, por detrás da imagem de mulher pequena e frágil, também a acompanha a gigante octogenária, sovada pelo tempo, carregada de experiências, de equilíbrio, da boa ética tão rara nos mais moços e nos tempos modernos. Um alicerce que jamais o tempo consumirá, pois aí está sua prole, que continuará trespassando as calendas do tempo levando consigo bons exemplos e o gene do tronco dadivoso.
Quem dera todos que aqui agora estão pudessem chegar nesses altos cumes dos oitenta anos! Quem dera todos que aqui estão, um dia, pudessem se acercar dessas dezenas de admiradores, dentre eles amigos vindos de distantes rincões, filhos orgulhosos, netos benfazejos; e todos de mãos estendidas acariciando nossos cabelos brancos, nevados pelo tempo e abençoados pelos bons desígnios de Deus!
Mas há muito mais a considerar sobre a boa estrela dessa nobre senhora. Sem o intuito de querer mexericar, há quem diga que nas artes da canastra não há igual nestas paragens. Como boa oponente gosta de ganhar. Uns dizem que é na pura conta da sorte. Outros, simplesmente atribuem à brilhante competência. E outros!... Ah esses outros linguarudos! Daqueles que têm mania de perseguição; dizem que ao perder, chora, esperneia e desconsolada bota culpa na parceira, que nunca da devida atenção na peleja. Dizem, não posso garantir, que, certa vez, ela e parceira não paravam de ganhar. Desconfiada, a dupla adversária contou as cartas e descobriu que misteriosamente o baralho de 52 cartas, pulou para 62. Maria Estela balançou os ombros e disse não saber explicar o acontecido e até hoje não encontraram explicação. Quem a souber, por favor, queira nos contar.
Querida amiga, não se aborreça conosco. Já disse que isto é intriga da oposição. Sabemos das suas qualidades e o quanto é bom recebê-la em nossa casa nas tardes de domingo, quando sua presença vem alegrar e enriquecer nosso convívio e adoçar aquele mesão de café com leite pão, manteiga e queijo mineiro.
Já falei demais! Agora o que esse mundão de amigos quer mesmo é lhe desejar um feliz aniversário, muita sorte, paz e bênçãos divinas.
Parabéns e pinga na moçada!