Certa vez o antigo comediante gaúcho Zé
Trindade, ainda no tempo do rádio, no seu programa diário fez uma
crítica à criação divina, pois segundo ele o homem havia sido projetado
errado. Deus deveria tê-lo dotado de olhos nas pontas dos dedos, pois
assim as coisas seriam muito mais fáceis. Por exemplo: ninguém
precisaria subir no banco para olhar em cima do armário. Olhar debaixo
das saias seria aventura quase imperceptível e o buraco da fechadura estaria a fácil investigação de qualquer curioso.
Pensando bem, o saudoso comediante estava certo. Por isso sempre achei
que dois olhos não são bastantes e me acostumei a observar o andamento
da vida, não só com os olhos da cara, como também com os do
desconfiômetro.
Por exemplo: por que nosso querido ex-presidente
Lula Lá Fidel Castro da Silva teria indicado Joaquim Barbosa à ocupação
de uma vaga no STF? Um cara mal humorado, honesto, franco, forte
personalidade, nada disposto à subserviência; perfil exatamente
contrário ao dos janotas vaselinas escorregadios da esquerda festiva,
que andam de carro importado, mas idolatram o comunismo para os outros;
que estão sempre montados no muro, quando o negócio é falar a verdade;
que olham para o sol e dizem ver a lua; chamam urubu de meu louro e até
carregam dinheirinho sujo na cueca?
Meus terceiros olhos dizem que
foi só porque ele é preto, exemplar raro na magistratura brasileira.
Certamente miraram no impacto sobre a opinião dos eleitores
afro-descendentes e supuseram que, mais tarde, de alguma maneira,
conseguiriam domar a fera com manobras políticas, caras feias, ameaças e
rosnados. Ledo engano! Prova de que nem todos os homens têm preço.
Segundo Abraham Lincoln a única maneira de se conhecer o verdadeiro
caráter de um homem é lhe dando poder. No entanto, ao proferir essa
frase ele se dirigia aos poderosos safados. Jamais poderia imaginar que
um descendente de escravos brasileiro, seria o exemplar que contrariaria
sua famosa tese.
Bem feito para Lula Lá Fidel Castro da Silva;
atirou no pé do PT, que agora vai ter que agüentar o aço do Joaquim
Barbosa. Tomara que ele viva bastante e que Deus ajude que a raça negra
produza outros pretos do mesmo quilate, pois, se em quinhentos anos os
brancos não souberam respeitar o Brasil, que pelo mais os pretos o façam
com honradez.
Joaquim Barbosa não esta agradando aos políticos e à
alta magistratura por causa do seu estilo Thatcher de falar a verdade,
doendo a quem doer, contudo esta agradando ao povo, que é o verdadeiro
dono do Brasil e patrão benfazejo; quem paga o feijão com angu, o
caviar, a pinga ou o uísque de todo mundo.
Dá-lhe Joaquim Barbosa! Povo unido, jamais será vencido!
Estamos de olho!
APRESENTAÇÃO
O conjunto de trabalhos que o amigo leitor encontrará aqui foi produzido ao longo de alguns anos. Não posso aqui precisar quantos, talvez uns vinte. A grande maioria deles publicada no jornal A TRIBUNA SANJOANENSE de SÃO JOÃO DEL REI (minha terra nanal) e NOVA MIDIA de BARBACENA; ambas tradicionais cidades históricas mineiras muito politizadas.
Obviamente há uma cronologia de publicação associada aos acontecimentos que inspiraram as respectivas reflexões. Depois de muito pensar, se deveria mencionar datas, resolvi aboli-las, pois achei que correria o risco de tornar seu passeio um tanto dirigido e até cansativo. Posso imaginar alguém lendo algo retratando fato acontecido há anos! Talvez se sinta entediado. Então, no intuito de instigá-lo, apresento uma miscelânea de trabalhos recentes e antigos, a fim de lhe subtrair, de propósito, qualquer direcionamento e deixá-lo livre para pensar, buscando no tempo, por si, tal associação. Acredito ainda que dessa forma esteja incitando sua curiosidade à medida que avance passos adentro. Sua leitura poderá inclusive ter início pelo fim ou pelo meio, que não haverá prejuízo algum para a percepção de que as coisas no Brasil nunca mudam. Ficará fácil constatar que a vontade política é trabalhada para a perpetuação da incompetência administrativa, obviamente frutífera para algumas minorias.
Penso que, se me dispus a estas publicações, deva estar antes de tudo, suscetível a criticas e, portanto, nada melhor que deixá-lo, valendo-se unicamente das informações contidas no texto, localizar-se na história. Caso não lhe seja possível, temo que o trabalho perca qualidade perante seu julgamento pessoal. Por conseguinte, acredito que isso não acontecerá; a não ser que o leitor não tenha, em tempo, tomado conhecimento dos fatos aqui retratados. Procurei selecionar de tudo um pouco; certamente sempre críticas, porém algumas muito sérias carregadas de um claro amargor. Outras, mais suaves, pândegas e até envoltas num humor sarcástico. Noutras retrato problemas da minha São João del-Rei. Até cartas para congressistas em Brasília há. E em alguns pontos, para abusar da sua paciência, introduzi coisas muito particulares. Críticas à parte, nessas, apenas falo de mim, afinal, apesar de amigos, talvez nunca tenhamos trocado impressões sobre coisas tão pessoais. . .
Aqueles que me conhecem há tempos, sabem que sou um obstinado por política, apesar de jamais tê-la exercido diretamente. Motivos houve de sobra e numa oportunidade poderei explaná-los. Todavia, do fundo do coração, afirmo que tal paixão tem como motor um doloroso inconformismo por ver o Brasil tão esplêndido e tão vilipendiado; vítima inconteste dessa cultura avassaladora de demasiada tolerância à antiética e à imoralidade na administração pública. Comprovadamente este é o pior dos tsunames com potencial para ter retardado nosso progresso mais de três séculos e grande responsável pela perpetuação da pobreza de metade da nossa população, pelo analfabetismo total e funcional, pela violência social e pelo abismo intransponível que aliena gigantesco contingente, maior que um quinto da população do continente sul americano. Diante do inaceitável absurdo, impossível me conformar em silencio diante dos atos e fatos que vão vergonhosamente enxovalhando nossa história e nos deixando como um gigante deitado sobre o escravismo que a Lei Áurea não foi capaz de abolir.
O título? Esse, talvez, seja o mais difícil explicar. GRITOS SEM ECOS representa uma espécie de pedido de socorro do náufrago, que sabe que de nada adiantará espernear, pois não há interlocutores, não há socorro, não há saída, não há conscientização; mas, assim mesmo, grita.
Será um prazer receber sua visita e ler suas opiniões, elogios ou críticas.
Forte abraço!
quarta-feira, 10 de abril de 2013
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