MEU ADORÁVEL ESPIÃO!
O mundo ficou estarrecido diante da
deduragem do traidor americano dando conta de que os Estados Unidos vivem de
olho na botica dos outros. Segundo o denunciante, o Brasil esta na linha de
frente das vítimas da bisbilhotagem. Há suspeitas de que até a prosa de comadres
e namorados ao telefone possam estar sendo rastreadas e isso, além de ser uma
tremenda falta de ética, ainda coloca em risco a privacidade alheia. O governo
disse que vai investigar as concessionárias de telecomunicações que operam no
Brasil e se ficar comprovada cumplicidade, poderão sofrer sérias sanções e até
perderem a concessão.
Mas a indignação do governo
brasileiro vai muito além da salvaguarda da privacidade civil e se aprofunda
quando o assunto envolve estratégia. O Brasil é um grande jogador mundial nas
áreas agrícola, de aviação, alimentícia e combustíveis; por isso importantes
segredos podem estar sendo divididos com um potencial concorrente como os
Estados Unidos, um país mais rico, altamente industrializado, matriz de grandes
empresas cibernéticas e dono do meio circulante mais importante do mundo
capitalista; o dólar.
Segundo acanhadas explicações do
governo americano, o objetivo da curiosidade sobre a vida dos outros é simples
previdência em brecar com antecedência fortuitos projetos de ataques
terroristas aos Estados Unidos e ao resto do mundo, entendendo-se como mundo o séquito de nações aliadas.
Mas a grande questão e base da
indignação é: - quem delegou aos Estados Unidos o direito de polícia sobre os
demais?
Nós, cidadãos comuns, geralmente
ocupados com afazeres do cotidiano, muitas vezes desiludidos com o rumo da
política, estamos mal informados, porque só nos interessamos por algum assunto,
quando jornais sensacionalistas denunciam ou anunciam. Passado o calor do
momento, esquecemos de tudo tão logo a imprensa encontre outro mote mais quente.
Então ficamos à mercê do sensacionalismo geralmente interessado em vender meias
verdades ou até mentiras com ares de verdades.
Não estamos aqui, em hipótese alguma,
defendendo ingerência de uma nação sobre a vida das demais; entretanto o exercício
de pensar e concluir é natural do ser humano e à medida que este esteja mais
bem informado, poderá tirar conclusões independentes da grande mídia, geralmente
manipulada por interesses comerciais ou políticos; entendendo-se o exercício de
concluir e dividir informações como um ato só possível no meio democrático existente
no Estado de Direito. Num Estado Ditatorial a prática não seria possível,
porque se configuraria um desrespeito ao sistema e ao ditador de plantão,
passível de punição até com pena de morte. Portanto é isso que estamos fazendo
aqui agora: pensando, analisando, concluindo, conscientizando e dividindo
impressões.
Há algumas semanas publicamos nessa
mesma coluna o texto cujo título é: SABER É PODER. Hoje, na égide da
globalização, do conhecimento e no passo da arapongagem americana ampliaremos o
sentido: QUEM SABE MAIS CONTROLA MAIS E MANDA MAIS! E não adianta discordar,
porque diante da verdade não há argumentos. Desde que o homem se entende como
ser inteligente e sociável essa é a regra. Apenas com o surgimento da idéia de
democracia, na esteira da evolução filosófica, os mais fracos passaram a ter
direitos pétreos salvaguardados por força de lei e justiça. Contudo, entre
nações, isso nem sempre funciona dentro dessa mesma lógica e a influência do
peso científico, econômico e bélico ainda fala alto. Muito alto!
A atividade de espionar é tão antiga
quanto a civilização e é oriunda da curiosidade natural do homem. À medida que
as sociedades se expandiram diante de recursos naturais escassos, a
bisbilhotagem também aumentou e se aperfeiçoou no lençol das conquistas
tecnológicas. Saber como e onde o outro esconde seus ovos é fundamental no
exercício da sobrevivência e até da superação.
Na época da guerra fria, o ato de
espionar foi uma das atividades mais rentáveis, úteis e admiradas e seu glamour
inspirou diversos importantes escritores e produtores, cujas obras enriqueceram
por demais a literatura mundial; dentre elas, a mais célebre e conhecida são as
aventuras do agente secreto 007. Considere-se ainda o advento da segunda grande
guerra, quando o mundo se engalfinhou na mais sangrenta disputa contra a
máquina assassina, quase insuperável do fascismo alemão, cuja vitória só
aconteceu graças à ação britânico-americana apoiada pela invenção de engenhocas
como o radar e um computador primário capaz de desvendar mensagens
criptografadas enviadas ao front pelos comandos de Hitler. Vê-se, portanto, que
os dois campos fundamentais de onde germinariam a Web e as Telecomunicações Avançadas
tiveram origem na atividade da guerra contra a tirania e nada mais foram que
ferramentas usadas no exercício de defesa e contra ataque; campos em que a
espionagem sempre funcionou como protagonista principal.
Obviamente que os Estados Unidos sejam
mestres na arte da bisbilhotagem – graças a Deus – e isso não é segredo para
ninguém. Ainda mais agora, quando o mundo globalizado depositou
involuntariamente nas mãos dos gigantes cibernéticos de bandeira americana toda
a sua vida privada. Lembrando que o super-avanço americano nas áreas da alta
tecnologia de comunicações é resultado de pesados investimentos em educação e
capacitação de pessoas; prática pouco usada aqui no Brasil e em grande parte do
mundo. Contudo é inaceitável que uma nação democrática e civilizada se sinta no
direito de especular ao bel prazer e interesse, entretanto é também necessário
que reconheçamos haver forças ocultas muito mais perigosas que os brothers
americanos e seus olhos compridos e talvez elas mereçam atenção especial de
quem entenda do assunto. Exemplo mais em voga de forças invisíveis, mas em
plena atividade é o perigoso alinhamento dos nossos governantes com os ventos
comunistas que sopram da ilha de Fidel Castro e do vetusto bolivarinismo
venezuelano. De mais a mais, o melhor remédio para olhos compridos é janela
fechada, sendo que a responsabilidade pelo seu fechamento sempre cabe ao dono
da casa. Portanto, é nesta fonte de desídia e incompetência que brota a nossa
culpa, representada pela irresponsabilidade dos nossos governantes, os quais
nunca trabalham duro em defesa dos grandes interesses do Brasil. Foi necessário
um idiota traidor se pronunciar vendendo sua pátria e uma falsa imagem de santo,
para que nossos governantes ineptos e burros se lembrassem que a chave do
galinheiro não deve dormir na gaveta da raposa.
Se o médico louco Simão Bacamarte, personagem
surreal da obra “O Alienista”, que Machado de Assis arrancou do fundo da sua genial
imaginação, estivesse por aqui certamente diria que a sociedade humana é dividida
em dois grupos: loucos bons e maus.
Portanto, do alto da minha vivência, juízo e conhecimento histórico, escolho o
lado dos bons; pelo menos os exemplos de nacionalismo, democracia e respeito à
pátria vindos de lá são bem mais digeríveis que as vendetas e escândalos
traiçoeiros, a que assistimos, dia após dia, contra essa pobre pátria a que
denominaram Brasil em alusão à destruição daquele reconhecido como um dos mais
nobres espécimes do ecossistema brasileiro; o pau vermelho que tingia as vestes
da nobreza europeia.
Parabéns aos americanos pelo seu
trabalho incansável em prol da defesa da sua pátria e da salvaguarda do mundo
contra os loucos maus e uma vaia monumental aos nossos administradores públicos
ligados apenas na política comuno-populista de vitrine e nos interesses da sua
gang.
p/ANTÔNIO
KLEBER DOS SANTOS CECÍLIO.