No dia dezoito de junho próximo passado (2013),
vários de nós estivemos em Prados para homenagear nosso amigo Pe. José Roberto. Exatamente nesse dia, há 25 anos
passados, lá naquela mesma cidade ele se ordenava. Deixava de ser um simples
pretendente ao sacerdócio, um presbítero, para se transformar num verdadeiro
representante de Cristo, galgando o primeiro passo de uma longa caminhada.
Homenagear esse homem não é uma
missão fácil, porque as emoções são grandes. E agora, além da necessidade de
vencer esse turbilhão de sentimentos, ainda tornou-se muito mais difícil depois
das brilhantes palavras da professora Regina, nossa prefeita, que com maestria
soube tirar da minha alma as exatas palavras na medida da verdade sobre o que
significa um sacerdote e, principalmente, este que aqui esta.
De modo que, assim, espremido no
estreito corredor, entre tudo que já foi dito e a estatura sólida do pastor
dedicado, apenas me restou abordar dois detalhes que certamente tenham passado
despercebidos pela maioria dos que lá estavam.
O primeiro foi quando Pe José
Roberto, em seu discurso de agradecimento, declarou que gostava de ser padre e
que seu maior orgulho era ter sido chamado pelo Espírito Santo para representar
Cristo entre os homens.
E o segundo foi quando o pároco
daquela paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Prados discursando em sua
homenagem declarou que estava presente no dia da ordenação do Pe José Roberto.
Ele, hoje um jovem sacerdote, naquela data era uma criança, mas se lembra das
emoções que permeavam seu espírito de menino toda vez que estava naquele templo
sagrado. Segundo ele, sua família era responsável pela sua opção de seguir os
mesmos passos do Pe. José Roberto, porque seus pais faziam questão de sempre
levá-lo à igreja.
É grande a importância dessas duas
declarações.
A primeira:
Um homem de carne e osso, com todos
os medos e anseios naturais a qualquer um, inserido num mundo extremamente
materialista, onde o deus dinheiro, os teres, o poder, o sexo exploratório, o
glamour e toda uma gama de tentações se colocam à disposição num simples
apertar de botão; declarar-se, depois de longo período de 25 anos, um amante
incondicional do sacerdócio é uma dádiva digna de júbilo. Hoje o demônio atua
junto a humanidade como nunca e essa admirável perseverança é prova cabal da
atuação da força divina no seu campo mental e emocional.
Desde os tempos de infância frequentei ambientes dirigidos por padres. Recebi as primeiras lições escritas
e matemáticas num Colégio Salesiano, convivi de perto com esses homens, com sua
extrema solidão, com suas dores, com as ausências das suas famílias, com sua
vida monástica, na maioria das vezes reduzida a um pequeno quarto, cama de
solteiro, pequena mesa, janela sem atrativos e muitas vezes um tímido sapato
furado. Matinadas às 6 hs da manhã, lanche às 6:30 hs, missa e oração às 7:00
hs. Aulas às 8 hs. Não há escolha de comidas especiais, bebidas ou guloseimas a
não ser em dias também especiais. À noite alguns minutos de descanso, jantar, um
tempinho de prosa no refeitório e novo recolhimento no pequeno cubículo
mergulhado no silêncio aterrador dos solitários.
Todos conhecemos muito bem a postura
desse homem que aqui esta amante do sacerdócio que molda sua vida exatamente
nesses conformes. Casa Igreja – Igreja Casa.
Certa vez um velho padre num
desabafo disse que ser sacerdote é estar sempre numa vitrine onde não há
privacidade. Você é criticado se for nervoso, calmo, triste ou alegre. Se beber,
se fumar, se dormir muito ou pouco. Se atrasar é irresponsável, se adiantar é
exigente. Comer muito dá prejuízo à paróquia. Pouco, é porque é chato. Se tomar
banho muito rápido não tem capricho, se demorar esta gastando muita energia. Se
falar muito é tagarela, se pouco é esquisito. Se chamar atenção, não é
tolerante. Se não, é relapso.
É preciso que compreendamos nosso
pastor e o ajudemos a cumprir sua difícil tarefa. Não podemos esperar dele a
perfeição, pois ele é uno, não é Deus, nem infalível. Mas podemos oferecer a
ele o nosso melhor. O melhor de muitos, será muito mais do que o melhor de um.
Assim também estaremos dando uma mãozinha a Deus para que o tenhamos na
perseverança por mais 25 anos, assim como ele é: dedicado, confiável, humano com defeitos e
qualidades.
A segunda:
Palavra do pároco de Prados: “Os pais são
responsáveis maiores pelas escolhas dos seus filhos”.
É impossível sonhar
com o que nunca se viu, nem conheceu, porque sonhos são reflexos da realidade! Se ele é um sacerdote
hoje é porque foi-lhe dada oportunidade de conhecer e daí poder sonhar. Por
isso transforme seu filho num sonhador, leve-o à igreja, dê-lhe oportunidade de
sentir o chamado que esses homens sentiram.
Caso isso não
aconteça, assim como não aconteceu comigo, nem com tantos que aqui estão, ele
pelo menos estará preparado para ajudar mais e julgar menos; consolar e ser consolado;
compreender e ser compreendido; amar e ser amado e assim o mundo será muito
melhor.
Desejo em nome da Paróquia
de São Vicente Ferrer, em meu nome e em nome da Lúcia, minha esposa; muitas
felicidades e saúde para o Pe José Roberto, na certeza de que o Espírito Santo
continuará o iluminando no próximo quarto de século, ainda podendo contar conosco o
ajudando a se aperfeiçoar cada vez mais.
p/ANTONIO KLEBER DOS SANTOS CECILIO