A cada dia mais me convenço da ingenuidade da diplomacia brasileira, cuja maior crença no presente momento é a de que o Brasil deva ser admitido como membro permanente no Conselho de Segurança da ONU.
O atual governo, assim como o passado, animou-se nesta questão embarcado nas idéias mirabolantes e na pirotecnia político discursiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula, refinado protótipo do homem de sorte e do brasileiro bonachão, que leva tudo na valsa, inveterado contestador, capaz de colher dividendos da própria leniência; tendo passado os primeiros quatro anos do seu duplo mandato assistindo ao Brasil apresentar um dos menores índices de crescimento do hanking mundial; reeleito embarcado nos bons ares do populismo assistencialista, aproveitou-se para afiar as garras do imposto de renda e capitalizado aprimorou ainda mais o populismo eleitoreiro. Mais um vez sua estrela brilhou conduzindo o Brasil para o limbo progressista propiciado pela bolha do desenvolvimento mundial, que, mais tarde, levaria o mundo à banca rota e deixaria o Brasil a salvo no barco da pujança da sua economia movida a commodities, no incentivo ao consumo interno e na gastança governamental desmedida, irresponsável e eleitoreira baseada em empreguismo e “programas de aceleração do crescimento”, que jamais visaram setores cruciais e estratégicos, tais como antigos gargalos portuários, aeroportuários, rodoviários e suas incipientes logísticas. Enfim, o país continua capenga em suas estruturas básicas, multiplicando custos (“custo Brasil”), inviabilizando empresas nacionais, incitando inflação de demanda e ainda criando milhares de empregos em países concorrentes.
Mesmo assim e sob críticas dos setores industriais mais importantes do país ele foi em frente e munido da sua singular falastronice, desmedido otimismo e ouvidos de mercador, tentou por todas as maneiras transformar-se no grande lider político latino americano por levantar voz em defesa de ideais socialistas ultrapassados e às custas de rusgas e críticas contundentes aos Estados Unidos, incentivo ao mercosul e aproximação com a China. Conseguiu promover a China ao posto de maior parceiro comercial do Brasil pelo fornecimento de commodities em alta escala àquele país, por outro lado renunciando o mercado americano que era também forte comprador de produtos de média e até alta tecnologia “made in Brasil”, gerava empregos no mercado interno e principalmente incentivava o investimento e a expansão da indústria nacional a médio e longo prazos.
Teria sido mais prudente, se não tivesse esquecido do velho conselho das nossas vovozinhas: “não vá nem tanto ao céu, nem tanto à terra”, afinal mesmo sob os efeitos negativos da mais profunda crise econômica da história, os Estados Unidos aínda é responsável por um quarto do comércio mundial e de quebra é a maior potência militar do planeta, tendo a sua forte influência econômica e cultural tentáculos espraiados por todas as atividades humanas.
Lula vociferava contundentemente contra a velha prática subsidiária dos países ricos sobre uma extensa lista de produtos, principalmente contra os Estados Unidos. Ora, que perda de tempo! Os produtores de lá há décadas contam com essas benesses governamentais com o único fim de lhes dar competitividade. Tratam-se de conquistas arraigadas no campo comercial e até cultural, portanto, quase impossíveis de serem suprimidas, mesmo que os governos assim o desejassem. Certamente, se Lula esbravejasse menos e desonerasse os produtores nacionais através de uma substancial redução tributária associada a saudável política de juros suportáveis para aquisição de bens de produção e insumos, daria ao Brasil condições de afinar sua competitividade colocando seus produtos em qualquer mercado do mundo, mesmo nos mais estreitos, como é o caso do americano.
O boom de crescimento que hora vivenciamos é apenas a ponta de um ice berg do bem que se fosse realmente emergido nos criaria condições de crescer a mais de 10% ao ano por várias décadas. O mundo reconhece e sempre reconheceu as potencialidades brasileiras e reza com fé para que os governantes brasileiros continuem sofrendo de cegueira crônica, de incapacidade gerencial, de falta de ética e desonestidade, de irresponsabilidade com os ideais de um povo que sonha em ser grande e feliz. Possuimos um território quase tão grande quando o da China, rico em recuros naturais, não estamos submetidos ao rigor das intempéries e desastres naturais chineses, somos um povo criativo e livre, temos conhecimento, tecnologia e célebros de alto nível espalhados pelo mundo. Por que então vimos assistido a China apresentar crescimento astronômico anos a fio e há quem diga que em 15 anos seu PIB ultrapassará o dos Estados Unidos? Simplesmente porque faz respeitar as leis com rigor, estabeleceu e cumpre a grande meta de se transformar numa grande potência industrial e tem imensa capacidade gerencial; o que não é o caso do Brasil. Balela a justificativa de que os custos de produção das industrias chinesas é baixo porque sua mão de obra é quase escrava ou porque a dinâmica administrativa numa ditadura é mais ágil. Prova da inconsistência dessa afirmativa é que os Estados Unidos e outras potências de sucesso sempre praticaram os mais altos salários do mundo, exatamente porque sabem que a economia é uma via de mão dupla. Quanto mais as pessoas ganham mais consomem e quanto mais consomem novos empregos são criados; dando origem a um círculo virtuoso aonde se investe sem temor na expansão industrial, assim afastando-se o risco do desequilíbrio entre oferta e procura, dispensando-se o excesso de tributação pelo maior giro macro econômico e de quebra robustecendo-se os cofres do estado. Além disso atota com afinco medidas gerenciais capazes de multiplicar a competitividade dos meios de produção internos frente à concorrência externa. Enfim, todos ganham de uma ponta a outra.
O dia que os governantes brasileiros aprenderem gerenciar com eficiência e abrandarem sua ânsia atávica do imediatismo midiático, o Brasil realmente merecerá assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Esse galardão não será ganho no grito, pelo simples fato de sermos centenas de milhões em um território continental. Respeitabilidade internacional é um fenômeno endôgeno que refletirá nos olhos do mundo com constância depois de longos anos de crescimento sustentável, incluindo aí não somente invejáveis PIBs ou grandes reservas cambiais, mas um maior comprometimento educacional com resultados práticos, histórico de conquistas cietíficas amplo reconhecido e respeitável, melhores índices de qualidade de vida, liderança política regional incontestável, políticas públicas verdadeiramente comprometidas com processos sustentáveis e algo muito importante: arsenal militar com capacidade de intervenção em missões de defesa e/ou ataque. Nesse dia o Brasil não precisará do apoio dos Estados Unidos ou de quem quer que seja; será convidado...