APRESENTAÇÃO


O conjunto de trabalhos que o amigo leitor encontrará aqui foi produzido ao longo de alguns anos. Não posso aqui precisar quantos, talvez uns vinte. A grande maioria deles publicada no jornal A TRIBUNA SANJOANENSE de SÃO JOÃO DEL REI (minha terra nanal) e NOVA MIDIA de BARBACENA; ambas tradicionais cidades históricas mineiras muito politizadas.

Obviamente há uma cronologia de publicação associada aos acontecimentos que inspiraram as respectivas reflexões. Depois de muito pensar, se deveria mencionar datas, resolvi aboli-las, pois achei que correria o risco de tornar seu passeio um tanto dirigido e até cansativo. Posso imaginar alguém lendo algo retratando fato acontecido há anos! Talvez se sinta entediado. Então, no intuito de instigá-lo, apresento uma miscelânea de trabalhos recentes e antigos, a fim de lhe subtrair, de propósito, qualquer direcionamento e deixá-lo livre para pensar, buscando no tempo, por si, tal associação. Acredito ainda que dessa forma esteja incitando sua curiosidade à medida que avance passos adentro. Sua leitura poderá inclusive ter início pelo fim ou pelo meio, que não haverá prejuízo algum para a percepção de que as coisas no Brasil nunca mudam. Ficará fácil constatar que a vontade política é trabalhada para a perpetuação da incompetência administrativa, obviamente frutífera para algumas minorias.

Penso que, se me dispus a estas publicações, deva estar antes de tudo, suscetível a criticas e, portanto, nada melhor que deixá-lo, valendo-se unicamente das informações contidas no texto, localizar-se na história. Caso não lhe seja possível, temo que o trabalho perca qualidade perante seu julgamento pessoal. Por conseguinte, acredito que isso não acontecerá; a não ser que o leitor não tenha, em tempo, tomado conhecimento dos fatos aqui retratados. Procurei selecionar de tudo um pouco; certamente sempre críticas, porém algumas muito sérias carregadas de um claro amargor. Outras, mais suaves, pândegas e até envoltas num humor sarcástico. Noutras retrato problemas da minha São João del-Rei. Até cartas para congressistas em Brasília há. E em alguns pontos, para abusar da sua paciência, introduzi coisas muito particulares. Críticas à parte, nessas, apenas falo de mim, afinal, apesar de amigos, talvez nunca tenhamos trocado impressões sobre coisas tão pessoais. . .

Aqueles que me conhecem há tempos, sabem que sou um obstinado por política, apesar de jamais tê-la exercido diretamente. Motivos houve de sobra e numa oportunidade poderei explaná-los. Todavia, do fundo do coração, afirmo que tal paixão tem como motor um doloroso inconformismo por ver o Brasil tão esplêndido e tão vilipendiado; vítima inconteste dessa cultura avassaladora de demasiada tolerância à antiética e à imoralidade na administração pública. Comprovadamente este é o pior dos tsunames com potencial para ter retardado nosso progresso mais de três séculos e grande responsável pela perpetuação da pobreza de metade da nossa população, pelo analfabetismo total e funcional, pela violência social e pelo abismo intransponível que aliena gigantesco contingente, maior que um quinto da população do continente sul americano. Diante do inaceitável absurdo, impossível me conformar em silencio diante dos atos e fatos que vão vergonhosamente enxovalhando nossa história e nos deixando como um gigante deitado sobre o escravismo que a Lei Áurea não foi capaz de abolir.

O título? Esse, talvez, seja o mais difícil explicar. GRITOS SEM ECOS representa uma espécie de pedido de socorro do náufrago, que sabe que de nada adiantará espernear, pois não há interlocutores, não há socorro, não há saída, não há conscientização; mas, assim mesmo, grita.

Será um prazer receber sua visita e ler suas opiniões, elogios ou críticas.

Forte abraço!



segunda-feira, 29 de julho de 2013

HOJE ACORDEI COM SAUDADES DELE



HOJE ACORDEI COM SAUDADES DELE
           
            Hoje acordei em baixo astral! Olhei para o relógio como sempre, mas nada do ânimo costumeiro. Virei para o lado e tentei dormir pouco mais. Mas o pensamento e as responsabilidades atiraram cobranças e tive que pular da cama. Algo estava errado comigo! Tentei entender o que se passava. Em vão!  Começou o dia, os afazeres e aquele sentimento cabisbaixo continuava. Era impossível entender!
            Enfim, depois de muita análise, num átimo de inspiração conclui que aquele era um sentimento ao qual se podia classificar como espécie de preguiça cívica. Isso mesmo: preguiça cívica pura e verdadeira por ter que voltar à vida normal. Assentar de novo diante de todos os canais, bons, ruins e medianos, denunciando os despautérios da cachorrada nacional. Aliás, cachorros são animais distintos e amigos fieis. Talvez abutres ou, melhor ainda, vermes nacionais. Voltar à rotina é duro demais! Antes da novela é show de roubalheira e golpismo; durante: traição e assassinato; depois: rede de intrigas partidárias, cura gay, aumento de impostos, inflação, corrupção, nepotismo, tráfico de influencia e seu congênere das drogas, cracolândia, crise internacional, crise nacional, corrupção policial, judiciário inoperante, desperdício, ineficiência, desvio, extravio, alta tributária, tragédias naturais, engarrafamento, prevaricação, escolas ineficientes, acidentes monumentais, mortes, invasões, arrastões...
            Meu Deus! Tanta confusão num só lugar não é possível! Certamente isso é injustiça! Poderíamos tentar exportar alguma coisa de ruim lá prá fora. Talvez a troca de tsunamis japoneses ou dos furacões americanos pela nossa malta de bandidos de gravata e até uma quebra sem gravata mesmo fosse vantajosa.
            Certo pensador, quando incitado a fazer uma avaliação do ser humano disse: “Os homens/mulheres são animais tão vis, tão vis que deles não se aproveita, nem a urina, nem as fezes, nem a palavra. Diante de um boi ou de um cão, são como o grão de areia e o diamante. Quando salva-se alguma coisa do que pensam e falam é preciso ainda muita cautela antes de descobrir a qual demônio possivelmente estejam associados”.
            Mas deixando de lado as vaticinações pessimistas e voltando ao centro do relato, depois de longo pensar, concluí que meu malfadado desânimo matinal teve origem no empanturramento de prazer e agora de saudade do Papa Francisco, o anjo da luz, aquele que veio em nome da paz e do Cristo Imortal a todos surpreender. De repente tudo virou festa! Beijos, abraços, confraternização geral, música, teatro, apresentações. Não houve frio ou chuva que arrefecesse o ânimo geral! Saíram de cena os vermes imundos e sua fome de carne podre, para dar lugar ao singular sorriso largo, inabalável ânimo, fala mansa e pausada, achegado à aproximação com os mais fracos, simples e indefesos. Alguém que veio falar o que há muito se precisava ouvir em notas afinadas entre lógica, ética, respeito e equilíbrio.
            Ouvidos e coração, antes como latrinas, agora gozavam do novo odor, dourado som da boa nova, da esperança e satisfação de descobrir que o mundo ainda não se perdeu e que os mesmo jovens manifestantes desafiadores dos vermes dissimulados, insistentes e mortais; que sofrem com o desemprego e misérias várias em todo o mundo também acreditam e planejam uma sociedade melhor e mais justa sob a sombra do grande espírito de Deus. Todos os presságios negativos com potencial para turvar o brilho da festa numa cidade violenta, gigantesca, com problemas estruturais insolúveis caíram por terra. Vimos uma afinada orquestra de suspiros em olhos fixos e apreensivos respirarem aliviados ao perceber que tudo ia bem e nada caminhou brasileiramente para o caos. Importante era interagir com a paz reinante e até as velhas carrancas pachorrentas dos bispos sorriram de olhos marejados, espantadas diante da sinceridade e da receptividade. Doravante terão que rever conceitos; o santo padre quer a substituição da ambição pela doação e da soberba pela simplicidade.
            Felizmente, agora, depois da ressaca cívica, sinto um conforto especial. Doce esperança de que vermes continuem sendo apenas vermes, apenas ocupem seu reles lugar e nunca suplantem homens/mulheres vivenciados e imbuídos pela corrente positiva do é dando que se recebe inspirados num Cristo que ainda vive e cuja semente de salvação provou-se; esta latente e forte no seio da humanidade. Faço ainda votos que a suavidade da visita papal gere mais um fruto nas mentes dos dirigentes da Igreja Católica, a fim de que parem de confundi-la com um manto cobertor de falcatruas e improbidades capazes de turvar o belo e incansável trabalho de tantos milhares, que assim como Francisco Bergoglio, trabalham em nome da verdade e da paz.    

p/ANTÔNIO KLEBER DOS SANTOS CECÍLIO.

sábado, 13 de julho de 2013

JANELAS INDISCRETAS



JANELAS INDISCRETAS

            A cidade era o Rio de Janeiro dos anos setenta. Há quase quarenta anos o Rio já caminhava para o caos, mas nada que se comparasse aos gigantescos problemas sociais e estruturais de hoje. Com certo cuidado e alguma sorte ainda dava para se aventurar pelas madrugadas sem o risco de ser assaltado, assassinado, estuprado, trucidado ou seqüestrado. O Rio ainda era lindo de verdade!
            Numa daquelas noites de alto verão, quando o termômetro batia lá pelos trinta e oito graus e não havia cansaço capaz de arrefecer o desconforto e fazer meu amigo Zé Airton pegar no sono, um impulso arrebatador o fez se levantar e ir buscar um pouco de ar fresco no janelão virado para a Rua Voluntários da Pátria. Muitas janelas ainda abertas, certamente pelo mesmo motivo que atormentava meu amigo, ainda estavam de luz acesa, de modo que os prédios defronte enfeitados com tantos quadrados e retângulos brilhantes davam à paisagem certo ar festivo, além do tom solitário e morno.
            De repente, lá pelas tantas, quando o torpor da madrugada suada e quente já quase desmontava o sofredor e o sono se tornava maior que o calor, algo chama sua atenção de maneira arrebatadora. Num daqueles quadriláteros iluminados aparece a figura de uma mulher seminua, despreocupadamente se admirando no espelho de uma penteadeira que deliciosamente ficava exatamente à frente da sua janela de luz apagada.
Zé Airton não acreditou no que via. Esfregou os olhos uma, duas, três vezes; mirou novamente para se certificar de que não estava sonhando, beliscou-se algumas vezes e não teve dúvidas: era verdade! Aquilo só podia ser um presente do deus da madrugada. O sono se dissipou, o cansaço virou ânimo, o calor ficou mais fresco que a brisa das ilhas gregas e ele, como bom amigo que era, não podia deixar de dividir com os colegas aquela graça, aquele show televisivo da janela da vizinha exibida acesa na madrugada.
            Saiu correndo, torcendo para que a bela da janela demorasse no seu ritual de cuidados e poses femininas na frente do espelho e da janela e foi bater à porta do apartamento ao lado, onde moravam os amigos do peito, que àquela hora sonhavam, mas com outros anjos menos sublimes que aquele da visão arrebatadora. Passados poucos segundos lá estava uma turma de mais de vinte olhos compridos; considerando-se que dentre os dez não havia nenhum caolho, a bisbilhotar a janela, a vida e a mulher alheias. Naquela noite inesquecível, ninguém mais dormiu e o show que, assim como por encanto começou também acabou, quando a estrela do filme da janela apagou a luz e foi dormir.
            O frenesi foi total e geral. Ninguém falava noutra coisa por dias, até que Pedro Olívio teve uma brilhante idéia: comprar um binóculo de alta potência, que pudesse aproximar o anjo para alguns metros de distância. Uma vaquinha foi convocada e até os centavos da coca, do cinema, do ônibus, da cerveja; de tudo, foram desvirtuados para a aquisição da ferramenta bisbilhoteira. Várias noites passaram em claro e o retângulo antes mágico, agora maldito, da janela iluminada não mais acendeu. Será o que estaria acontecendo? Teria a bela da janela desconfiado de alguma coisa, viajado ou se mudado para outra janela iluminada? Se esse infortúnio aconteceu, quem seriam os novos felizardos das janelas opostas? Pelo menos descobriram que a tal inveja, esse sentimento vil, pode existir até na imaginação e de alguém que nem mesmo se conhece.
            Não havia mais sossego e para certeza de que não perderiam nenhum fortuito lance, dali por diante, montaram uma vigília noturna cumprida à risca numa disciplina militar. Um rodízio foi montado composto por ciclos de tempo que incluíam madrugadas e horas; de maneira que todos se revezassem sem prejuízo para alguém. Até que um dia, lá estava a visão inebriante enrolada na toalha exibindo-se e insinuando-se. A correria foi tamanha que quase deixaram cair o binóculo. Mas felizmente foi só um susto e a imagem ficou tão nítida que seriam até capazes de conhecer a garota na rua, se a avistassem. Foi possível perceber que ela portava uma pinta negra e grande do lado esquerdo da boca e também tiveram a certeza de que a exibição era proposital. Impossível tamanho despropósito; claro que ela sabia que havia uma turma de rapazes sedentos do outro lado da rua a poucas dezenas de metros de distância e de altura a observá-la.
            O show continuava! Vez por outra a janela se acendia e lá estava ela, de toalha branca, vermelha, azul e, para alegria geral, quando o calor era demais, nem toalha. A notícia correu a rua, o bairro, a cidade, o mundo inteiro! A turma se esqueceu do velho e sábio ditado: “o segredo é a alma do negócio” e um belo dia, quando todos nem sonhavam com vulcões e tempestades, uma hecatombe aconteceu. O interfone tocou; era o porteiro convocando Zé Airton à recepção. Um senhor, que se identificou apenas como Marcão, gostaria de ter com ele um colóquio de super-homem para homem. Zé Airton, na sua habitual malemolência calorífica e inocência de quem nada deve, chegou à portaria e se deparou com o maior mamute que já havia encontrado em sua vida. O cara, sem tirar nem por, era o próprio King Kong. Dois metros de largura era pouco. De altura, nem se fala! Ao se deparar com tamanho gigante, nosso Zé Airton quis retroceder, mas era tarde. O bruta monte já o havia agarrado pelo pescoço e o acendido até a altura descomunal dos seus olhos. Assim, cara a cara, Marcão com seu vozeirão de trovão decretou: - Se eu souber que continuam olhando minha mulher pela janela ou em qualquer lugar, vou esmagar todo mundo! Sacudiu o pobre nas alturas descomunais do seu corpanzil e o soltou de encontro ao chão sem dó nem arrependimento.
            Zé Airton, branco que nem filhote de camundongo, cheio de vergonha e dores, subiu correndo, a fim de dar a notícia para o resto da turma, que logo quis partir para uma revanche. O cara era muito forte, mas a turma era grande! Em vão! Mais tarde, ficaram sabendo que Marcão, além de grande e forte, era campeão de Boxe da liga dos pesos pesados. Não havia chance e o jeito foi esquecer o anjo da janela acesa no calor da madrugada carioca.
______________________________________________________________________

Diante da estória acima cabe a pergunta:
Quem estava com a razão: Marcão, o King Kong ou a turma do Zé Airton e seu binóculo bisbilhoteiro?

            Enquanto a discussão se avoluma, usarei a mesma estória, a fim de construir um paralelo com a espionagem dos americanos sobre o nosso quintal. Todos estão cansados de saber que a gema das informações importantes são segredos estratégicos, dentre eles militares, comerciais, científicos e tecnológicos. Onde estavam os nossos Marcões e Zés Airtons governamentais, que de maneira leniente nunca pensaram que a chave do galinheiro não deve ficar sob a guarda da raposa? Agora, que a casa caiu, vão tomar providências cabíveis? O Brasil é assim, desde a nossa colonização sofremos essas ingerências e não aprendemos a nos posicionar fortemente.

            Enquanto isso não acontece e continuamos dormindo eternamente no berço esplêndido, envio meus parabéns para os americanos, que trabalham em defesa dos seus interesses e uma sonora vaia para os traidores que recebem nosso voto e gozam da nossa cara, enquanto apenas fingem que trabalham três dias por semana em interesses pessoais e deixam o Brasil enfraquecido e à deriva no oceano de incertezas futuras.

ANTÔNIO KLEBER DOS SANTOS CECÍLIO.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

A ROTINA DAS COBRAS COMUNISTAS

A ROTINA DAS COBRAS (título original)

por Olavo de Carvalho - Jornal do Comércio - 21/03/2012

Se há uma lição que a História ensina, documenta e prova acima de
qualquer dúvida razoável, é a seguinte: sempre que os comunistas acusam
alguém de alguma coisa, é porque fizeram, estão fazendo ou planejam fazer
logo em seguida algo de muito pior. Acobertar crimes sob afetações
histriônicas de amor à justiça é, há mais de um século, imutável
procedimento padrão do movimento mais assassino e mais mentiroso que já
existiu no mundo.

Só para dar um exemplo incruento: o Partido dos Trabalhadores ganhou
a confiança do eleitorado por sua luta feroz contra os políticos corruptos,
ao mesmo tempo que ia preparando, para colocá-lo em ação tão logo chegasse
ao poder, o maior esquema de corrupção de todos os tempos, perto do qual a
totalidade dos feitos de seus antecessores se reduz às proporções do roubo
de um cacho de bananas numa barraca de feira.

Mas nem todos os episódios desse tipo são comédias de Terceiro Mundo.
Nos anos 30 do século passado, o governo de Moscou promoveu por toda parte
uma vasta e emocionante campanha contra as ambições imperialistas de Adolf
Hitler, ao mesmo tempo que, por baixo do pano, as fomentava com dinheiro,
assistência técnica e ajuda militar, no intuito de usar as tropas alemãs
como ponta-de-lança para a ocupação soviética da Europa.

Os exemplos poderiam multiplicar-se ilimitadamente. Em todos os
casos, a regra é a máxima atribuída a Lênin: "Xingue-os do que você é,
acuse-os do que você faz. "Se o acusado realmente cometeu crimes, ótimo:
desviarão a atenção dos crimes maiores do acusador. Se é inocente, melhor
ainda.

Durante os célebres Processos de Moscou, onde o amor ao Partido levava os réus a confessar crimes que não haviam cometido, Bertolt Brecht, ídolo literário maior do movimento comunista, proclamou: "Se eram inocentes, tanto mais mereciam ser fuzilados." Não foi mera efusão de servilismo histriônico. A declaração obscena mostra a profunda compreensão que o dramaturgo tinha da premeditação maquiavélica por trás daquela obsurdidade judicial.

Como o bem e o mal, na perspectiva marxista, não existem objetivamente e se resumem à resistência ou apoio oferecidos às ordens do Partido, a inocência do réu é tão boa quanto a culpa, caso sirva à propaganda revolucionária – mas às vezes é muito mais rentável.

Condenar o culpado dá aos comunistas o ar de justiceiros, mas condenar o inocente é impor a vontade do Partido como um decreto divino, revogando a moral vigente e colocando o povo de joelhos ante uma nova autoridade, misteriosa e incompreensível. O efeito é devastador.

Isso não se aplica somente aos Processos de Moscou. Perseguir o
general Augusto Pinochet por delitos arqui-conhecidos dá algum prestígio
moral, mas condenar o coronel Luís Alfonso Plazas a trinta anos de prisão,
por um crime que todo mundo sabe jamais ter acontecido, é uma operação de
magia psicológica que destrói, junto com o inimigo, as bases culturais e
morais da sua existência. Na presente "Comissão da Verdade", os crimes do
acusado são reais, mas menores do que os do acusador.

A onda de terrorismo guerrilheiro na América Latina data do início
dos anos 60, e já tinha um belo currículo de realizações macabras quando,
em reação, os golpes militares começaram a espocar. Computado o total das
ações violentas que, partindo de Cuba, se alastraram não só por este
continente, mas pela África e pela Ásia, a resposta dos militares à
agressão cubana foi quase sempre tardia e moderada, sem contar o fato de
que, pelo menos no Brasil, veio desacompanhada de qualquer guerra
publicitária comparável à dos comunistas.

Sob esse aspecto, a vantagem ainda está do lado dos comunistas. Os
delitos dos militares chamam a atenção porque uma rede de ONGs bilionárias,
secundada pela militância esquerdista que domina as redações, não permite
que sejam esquecidos.

Nenhuma máquina de publicidade, no entanto, se ocupa de explorar em
proveito da "direita" as vítimas produzidas pela Conferência Tricontinental
de 1966, pela OLAS (Organização Latino-Americana de Solidariedade, 1967)
ou, hoje, pelo Foro de São Paulo.

Numa disputa travada com tão escandalosa desproporção de recursos, a
verdade não tem a menor chance.
Na tão propalada ânsia de restaurar os fatos históricos, ninguém se
lembra sequer de averiguar a participação de brasileiros nas ações
criminosas empreendidas pelo governo de Fidel Castro em três continentes.

Encobrindo esse detalhe, fugindo ao cotejo dos números, trocando os
efeitos pelas causas e partindo do pressuposto de que os crimes praticados
a serviço de Cuba estejam acima do julgamento humano a “Comissão da
Verdade” é, de alto a baixo, mais uma farsa publicitária montada segundo o
modelo comunista de sempre. Seu objetivo não é o mero “revanchismo”, como ingenuamente o pensam os militares: é habituar o povo a conformar-se com um novo padrão de justiça, no qual, a priori e sem possibilidade de discussão, um lado tem todos os direitos e o outro não tem nenhum. A única coisa estranha, nessa reencenação, é que suas vítimas ainda procedam como se esperassem, dos julgadores, alguma idoneidade e senso de equilíbrio, sentindo-se surpreendidas e chocadas quando a igualdade perante a lei lhes é negada – tanto quanto os cristãos se sentem repentinamente traídos quando o governo Dilma volta atrás no compromisso anti-abortista de campanha.

Não há nada de surpreendente em que as cobras venenosas piquem. Surpreendente é que alguém ainda se surpreenda com isso.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

CARTA ABERTA AO JOVENS ESTUDANTES E AOS VELHOS DE GUERRA



CARTA ABERTA AOS JOVENS ESTUDANTES E AOS VELHOS DE GUERRA

09 de julho de 2013.
           
            Na condição de cidadão consciente, extremamente preocupado com a situação do Brasil, me senti com a alma lavada e até com o orgulho cívico renovado, quando vi nossos bravos jovens estudantes nas ruas veementemente se manifestando contra a ciranda massacrante a que estamos submetidos pela força do mau caráter dos nossos governantes irresponsáveis, desonestos e descompromissados com o bem estar e o aprimoramento da sociedade.
            Penso que essa foi uma boa lição em todos os sentidos:
Primeiro, porque ficou provado que as ferramentas cibernéticas disponíveis hoje nos libertaram do controle político sobre a imprensa, que claramente anda dormindo no ponto, certamente imobilizada pelo medo da retaliação dos poderosos de plantão.
Segundo, porque foi uma injeção de ânimo na banda social desmotivada pelo desinteresse, descrença ou mesmo pela ignorância. Todos viram que, quando o povo fala grosso, os políticos enfiam o rabo no meio das pernas.
E terceiro, porque a máscara de ovelha inofensiva e maternal do PT caiu por terra. O velho partidão viu que o simples assistencialismo populista não é suficiente para resgatar a dignidade de alguém; que, se muito mais não for realizado a reeleição e o projeto de permanência perene na governança do Brasil pode se esvair como um castelo de cartas ao vento.
            Caros amigos, não me considero velho, mas tenho consciência de que na altura dos meus cinqüenta e oito anos posso até ser mais idoso que muitos dos vossos pais e até avós. Por isso, talvez corra o risco de ser encarado como um dinossauro carregado de conceitos ultrapassados, segundo vossa visão de vanguarda.  Entretanto, penso que na condição de mais vivido e testemunha ocular da história, tenho conhecimentos e experiências que se soubermos somar ao vosso ânimo de jovens sedentos por justiça e conscientes da querência de uma nação melhor, poderemos juntos alcançar muito bons resultados. 
            Digo isso, porque, apesar dos bons frutos colhidos na ultima campanha popular nas ruas, acredito que ainda falte longo caminho a percorrer; assim, se nos desmobilizarmos eles voltarão à costumeira zona de conforto e estará perdido todo o esforço inicial.
            Os petistas são miméticos, dissimulados e sabem muito bem manipular as emoções do povo. Veja essa saída da presidente para um plebiscito; uma clara manobra de desmobilização e resfriamento dos ânimos através da instalação de uma cortina de fumaça e do lançamento da sociedade num exercício longo e demorado de polêmica. Claro que o Brasil não pode prescindir de uma reforma política, mas essa não é a hora adequada e não é bem esse o foco central das reivindicações populares. Mas o PT é assim, sabe fingir de morto, a fim de ter tempo de reunir forças e eleger culpados, para depois renascer mais forte que nunca.
            Bom; feito esse intróito estou certo de que agora possa entrar diretamente no assunto, que me motivou a vos enviar essa missiva.
            Acredito que os senhores estejam a par do grande esforço dos atuais dirigentes da maioria dos países latinos americanos, dentre eles o Brasil, através do seu principal líder político, o Sr. ex-presidente Lula, para criarem um grande quintal comunista latino americano sem fronteiras, inspirado nos ideais da tresloucada e ultrapassada revolução Cubana. A série de reuniões entre Lula e Fidel Castro nesse sentido teve início ainda no início da década dos noventa; época que Lula nem sonhava que um dia o povo brasileiro lhe colocaria nas mãos seu nobre destino, inocentemente acreditando nas promessas de um futuro mais promissor, livre da ação dos quadrilheiros políticos, inspirado em princípios éticos e democráticos.
            Os dois líderes então criaram o “FORO DE SÃO PAULO” que já aconteceu em várias capitais latino-americanas e cuja décima nona versão deverá acontecer na capital paulista entre a última semana de julho e princípio de agosto. Apenas a título informativo a versão paulistana do FORO DE SÃO PAULO será uma das maiores dentre as já realizadas. Mais de quinhentos ilustres pensadores e filósofos de orientação comunista, dentre eles quase todos os presidentes latinos americanos estarão presentes. E o que é mais assustador: comporão a macabra platéia alguns guerrilheiros das FARC colombiana, donos de longas folhas corridas com registros de assassinatos e seqüestros a serviço do terrorismo urbano na Colômbia, inclusive com associação comprovada ao narcotráfico; cuja recepção já aconteceu no Brasil com honras de chefes de estado pelo governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro; inclusive com diárias pagas em hotéis de luxo através do empenho de recursos públicos.  Isso não é nenhuma novidade para os mais velhos como eu, pois há informes constantes, em noticiários especializados, da velha amizade, simpatia e comprometimento político do PT com tais bandidos; sempre embarcado na leviana desculpa de que esses elementos perniciosos e à margem da lei são defensores da democracia e sonhada libertação do povo Colombiano e da América Latina como um todo.
            Obviamente essas são veladas mentiras, uma vez que não seja segredo para alguém quais os métodos ditatoriais os comunistas implantam depois que persuadem a sociedade com suas bravatas, utopias e promessas fantasiosas de melhores dias. Não há um só exemplo na história contemporânea de países que gozaram desenvolvimento sustentável sob tal regime. A história do comunismo, pelo contrário, é carregada de sofreguidão, empobrecimento, atraso tecnológico e dores que deixam feridas profundas e difíceis de cicatrizar.
            Em vista do acima exposto, penso ser mais do que necessário posicionamento heróico e urgente diante da escassez de tempo, no sentido da criação de uma potente corrente informativa, capaz de levar ao conhecimento do povo – principalmente dos jovens – essas ações sub-reptícias, com potencial para escravizar o continente; o empurrando numa espiral de ditaduras sanguinárias, que podem durar décadas.
            Por isso vos exorto para que consigamos nova mobilização pacifica, diante dos holofotes da imprensa, a fim de que esses canalhas se assustem e abortem o FORO DE SÃO PAULO. Que fique definitivamente plantada nas cabeças das lideranças comunistas a certeza de que o Brasil e seu povo, liderado pelos jovens, não querem ditadura, nem de direita, nem de esquerda; nem qualquer modelo político incongruente com os parâmetros do Estado de Direito e da ordem democrática plena e encaixada no ordenamento Constitucional brasileiro.
            Os problemas do Brasil não são de fácil resolução, contudo está mais do que provado que a solução não passa pelo comunismo ditatorial. Pelo contrário, a sociedade brasileira esta sofrendo é pela incompetência e irresponsabilidade da classe política. O capitalismo, na sua versão cruel tem sua parcela de culpa, entretanto uma das funções do governo num estado democrático é estabelecer normas para mantê-lo enquadrado nos limites da ética e do respeito aos direitos básicos do ser humano; quais sejam: de se alimentar, de morar com dignidade, de se educar, se movimentar livremente para poder exercer sua cidadania em paz e com dignidade. Além do mais é oportuno não esquecermos que a trajetória de sucesso de países como o Japão, Koréia do Sul, Austrália e até mesmo a China, que há pouco tempo estavam mergulhados no caos e na obscuridade hoje gozam de respeitabilidade política e econômica graças ao capitalismo bem gerenciado, à educação de qualidade em massa, ao empreendedorismo e à democracia.

ANTONIO KLEBER DOS SANTOS CECÍLIO.

Vejam os links abaixo a relação íntima deles com os comunistas latinos americanos.










segunda-feira, 1 de julho de 2013

HOMENAGEM NO JUBILEU DE PRATA DO AMIGO PADRE JOSÉ ROBERTO



         No dia dezoito de junho próximo passado (2013), vários de nós estivemos em Prados para homenagear nosso amigo Pe. José Roberto. Exatamente nesse dia, há 25 anos passados, lá naquela mesma cidade ele se ordenava. Deixava de ser um simples pretendente ao sacerdócio, um presbítero, para se transformar num verdadeiro representante de Cristo, galgando o primeiro passo de uma longa caminhada.
            Homenagear esse homem não é uma missão fácil, porque as emoções são grandes. E agora, além da necessidade de vencer esse turbilhão de sentimentos, ainda tornou-se muito mais difícil depois das brilhantes palavras da professora Regina, nossa prefeita, que com maestria soube tirar da minha alma as exatas palavras na medida da verdade sobre o que significa um sacerdote e, principalmente, este que aqui esta.
            De modo que, assim, espremido no estreito corredor, entre tudo que já foi dito e a estatura sólida do pastor dedicado, apenas me restou abordar dois detalhes que certamente tenham passado despercebidos pela maioria dos que lá estavam.
           
            O primeiro foi quando Pe José Roberto, em seu discurso de agradecimento, declarou que gostava de ser padre e que seu maior orgulho era ter sido chamado pelo Espírito Santo para representar Cristo entre os homens.
            E o segundo foi quando o pároco daquela paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Prados discursando em sua homenagem declarou que estava presente no dia da ordenação do Pe José Roberto. Ele, hoje um jovem sacerdote, naquela data era uma criança, mas se lembra das emoções que permeavam seu espírito de menino toda vez que estava naquele templo sagrado. Segundo ele, sua família era responsável pela sua opção de seguir os mesmos passos do Pe. José Roberto, porque seus pais faziam questão de sempre levá-lo à igreja.
             
            É grande a importância dessas duas declarações.
            A primeira:
          Um homem de carne e osso, com todos os medos e anseios naturais a qualquer um, inserido num mundo extremamente materialista, onde o deus dinheiro, os teres, o poder, o sexo exploratório, o glamour e toda uma gama de tentações se colocam à disposição num simples apertar de botão; declarar-se, depois de longo período de 25 anos, um amante incondicional do sacerdócio é uma dádiva digna de júbilo. Hoje o demônio atua junto a humanidade como nunca e essa admirável perseverança é prova cabal da atuação da força divina no seu campo mental e emocional.
            
          Desde os tempos de infância frequentei ambientes dirigidos por padres. Recebi as primeiras lições escritas e matemáticas num Colégio Salesiano, convivi de perto com esses homens, com sua extrema solidão, com suas dores, com as ausências das suas famílias, com sua vida monástica, na maioria das vezes reduzida a um pequeno quarto, cama de solteiro, pequena mesa, janela sem atrativos e muitas vezes um tímido sapato furado. Matinadas às 6 hs da manhã, lanche às 6:30 hs, missa e oração às 7:00 hs. Aulas às 8 hs. Não há escolha de comidas especiais, bebidas ou guloseimas a não ser em dias também especiais. À noite alguns minutos de descanso, jantar, um tempinho de prosa no refeitório e novo recolhimento no pequeno cubículo mergulhado no silêncio aterrador dos solitários.
         
         Todos conhecemos muito bem a postura desse homem que aqui esta amante do sacerdócio que molda sua vida exatamente nesses conformes. Casa Igreja – Igreja Casa.
           
            Certa vez um velho padre num desabafo disse que ser sacerdote é estar sempre numa vitrine onde não há privacidade. Você é criticado se for nervoso, calmo, triste ou alegre. Se beber, se fumar, se dormir muito ou pouco. Se atrasar é irresponsável, se adiantar é exigente. Comer muito dá prejuízo à paróquia. Pouco, é porque é chato. Se tomar banho muito rápido não tem capricho, se demorar esta gastando muita energia. Se falar muito é tagarela, se pouco é esquisito. Se chamar atenção, não é tolerante. Se não, é relapso.
           É preciso que compreendamos nosso pastor e o ajudemos a cumprir sua difícil tarefa. Não podemos esperar dele a perfeição, pois ele é uno, não é Deus, nem infalível. Mas podemos oferecer a ele o nosso melhor. O melhor de muitos, será muito mais do que o melhor de um. Assim também estaremos dando uma mãozinha a Deus para que o tenhamos na perseverança por mais 25 anos, assim como ele é:  dedicado, confiável, humano com defeitos e qualidades.

         A segunda:
        
         Palavra do pároco de Prados: “Os pais são responsáveis maiores pelas escolhas dos seus filhos”.

       É impossível sonhar com o que nunca se viu, nem conheceu, porque sonhos são reflexos da realidade! Se ele é um sacerdote hoje é porque foi-lhe dada oportunidade de conhecer e daí poder sonhar. Por isso transforme seu filho num sonhador, leve-o à igreja, dê-lhe oportunidade de sentir o chamado que esses homens sentiram.
         Caso isso não aconteça, assim como não aconteceu comigo, nem com tantos que aqui estão, ele pelo menos estará preparado para ajudar mais e julgar menos; consolar e ser consolado; compreender e ser compreendido; amar e ser amado e assim o mundo será muito melhor.

         Desejo em nome da Paróquia de São Vicente Ferrer, em meu nome e em nome da Lúcia, minha esposa; muitas felicidades e saúde para o Pe José Roberto, na certeza de que o Espírito Santo continuará o iluminando no próximo quarto de século, ainda podendo contar conosco o ajudando a se aperfeiçoar cada vez mais. 

p/ANTONIO KLEBER DOS SANTOS CECILIO