A região sudeste e
algumas adjacências esta vivendo o mais longo período sem chuvas da história
climática do Brasil e pelo cúmulo do azar a região é responsável por grande
parte do potencial hidro-energítico do país; situação que se agrava ainda mais
na esteira do somatório de problemas causados pela falta d’água, associados a
um eminente colapso econômico-industrial de âmbito nacional e conseqüências
imprevisíveis.
Diante
da tamanha gravidade as populações de dezenas de cidades estão sendo forçadas
ao exercício da racionalização e da solidariedade, algo inédito numa sociedade desorganizada, discriminatória e divisionária;
secularmente acostumada a viver observando confortavelmente, do outro lado do
abismo social, pessoas agonizando com problemas estruturais há muito
solucionados em países civilizados.
Exemplo
latente é a situação do nordeste brasileiro, região que há mais de trezentos
anos tem a seca como protagonista principal das desventuras humanas que assola
aquele povo irmão, sem que ninguém jamais tome providência alguma. E pior,
gangues de nordestinos privilegiados, porque tiveram a ventura de nascer em
berço de ouro, fazem do sofrimento seu principal cabo eleitoral, numa tragédia
anunciada anual só comparável à fome de certos animais canibais que se servem
dos mais fracos para se locupletar de carne fresca.
Seca,
pobreza e ignorância; tripé maldito, que trás felicidade para uns e lágrimas
para outros tempera a salada de promessas vãs que iludem o povo mal informado e
o faz comer na mão como coelho amestrado, fiel e manso. A receita é tão eficiente que vimos nos
últimos debates dos nossos candidatos à presidência da república o assunto
entrar em pauta com o mesmo cinismo e demagogia dos velhos bravateiros nordestinos
na certeza de que a cachoeira de votos viria como chuva bendita na horta dos
novos coronéis do Brasil.
Ninguém
em sã consciência pode afirmar que o governo paulista não agiu de maneira
eficiente e rápida no sentido de amenizar as conseqüências de um fenômeno
jamais previsto por nenhum instituto de pesquisas espaciais ou qualquer outro especializado
em ciências meteorológicas. Problemas aconteceram, porém pontuais e ainda não
houve dia em que a grande metrópole parou colapsada pela falda do precioso
líquido. Confesso que nunca acreditei nas afirmativas daquele governo, que
sempre garantiu que o estoque do conjunto de represas daria para alcançar o
novo período de águas só previsível para outubro. Vendo que agora a previsão
quase impossível se realiza, seria louvável que todos reconhecessem a
competência com que foi atendida a grande demanda metropolitana. Quando, ao
contrário, o que se viu foi um discurso pobre e inócuo, carregado de polêmica,
mentiras e desrespeito, a fim de desmerecer o bom trabalho e confundir a
opinião pública em vésperas de eleição.
Assunto
de extrema gravidade, que se fosse num país sério, demandaria união,
planejamento, esforço concentrado de todos os partidos e seguimentos sociais,
uma vez que esta em jogo o futuro, a segurança energética, alimentar, política
e econômica da sociedade sendo tratado com escárnio e zombaria na certeza de
que a inocência do povo nordestino banha também a mentalidade do resto da nação
brasileira considerada culta e sintonizada com a modernidade.
Estamos
no décimo mês de seca; degrau em que grande número das mais importantes cidades
brasileiras, inclusive a maior delas motor do Brasil encontra-se na eminência
de um colapso sem precedentes na história da humanidade; e políticos
irresponsáveis brincam como se estivessem diante de um tabuleiro de marionetes.
Pior! Conseguem iludir os corações mais valentes que andam brigando por aí como
idiotas úteis em defesa de algo que mal conhecem apenas guiados pelos gritos de
guerra dos boiadeiros de gravata vermelha, sedentos para arrancar a pérola
democracia do pedestal e no seu lugar fixar a foice e o martelo, símbolo
intrépido das ditaduras mais duras que a história registrou.
Portanto,
queridos irmãos brasileiros, chamo vossa atenção para estarmos atentos, vacinados e unidos contra aventureiros, malabaristas
e mágicos encantadores, que nunca se cansam de tentar aplicar golpes coloridos
mesmo diante de uma bomba prestes a explodir, na esperança de se perpetuarem no
poder e realizar sem incômodos velhos sonhos de domínio à custa da distração e
da inocência populares.
ANTÔNIO KLEBER DOS SANTOS CECILIO