REAVALIANDO VELHOS
CONCEITOS
É natural, quando nos referimos
ao tempo meteorológico, o uso dos antônimos – bom e ruim – para avaliar um dia
de sol ou chuvoso. Injustamente nos acostumamos a classificar a chuva como algo
ruim que atravanca a mobilidade ao trabalho, ao lar, às férias, às folganças de
um esperado fim de semana ou ainda, quando a chuvarada se transforma numa
borrasca furiosa com potencial para destruir.
Céu azul, sol e brisa fresca?
Isso sim; é a personificação da bondade, da segurança, da paz, do sossego, do
bom papo com amigos, de noites marchetadas de estrelas e luar para dar o
indispensável toque romântico.
Certamente seja por isso que nós
brasileiros gozamos da fama de ser um povo alegre, feliz, descontraído,
musical; pela única certeza de que Deus seja um ilustre e bondoso conterrâneo.
Então, na criação do planeta foi severo com muitos povos, quando permitiu que conturbações
naturais fizessem tremer o chão, montanhas intransponíveis cuspissem fogo e
fumaça tóxica, tremores destruíssem casas e matassem em segundos, tsunamis
inundassem a terra, furacões transformassem a suave brisa em dragão que rodopia
a centenas de quilômetros por hora e nevascas enregelantes desolassem e
transformassem tudo em paisagem inerte, monocolor, improdutiva, inóspita;
apenas suportada pelos espécimes mais preparados e adaptados à fome ou à
hibernação.
Contudo algo esta acontecendo de
novo; um fenômeno extremo para mostrar aos brasileiros que o velho ruim, pode
ser o novo bom. Que, certamente, Deus não deva estar tão satisfeito com seu
pimpolho preferido, o Brasil brasileiro bolivariano comunista. Quem sabe pela
reprovação aos atos bestiais que ora emporcalham as páginas da nossa história,
pelo desrespeito institucionalizado à moral, pelo laicismo governamental insistente
e institucionalizado ou até mesmo pelo desprezo que grande parte da sociedade
brasileira vem demonstrando contra a moralidade e o respeito a ícones
religiosos milenarmente cultuados e respeitados?
Mamãe costumava dizer que – “entre
o céu e a terra há segredos que ninguém entende e pode explicar, portanto
cautela e caldo de galinha nunca fez mal a ninguém. Na incerteza; ajoelhe-se e implore a Deus, que Ele poderá
ouvi-lo, se mereceres”
Não estou aqui para discutir se
mamãe era visionária ou carola, no entanto, penso que é chegada a hora da
supressão das referências “bom e ruim” para referir-se a algo que esta aí para
baixar o topete dos homens e mulheres que pensam que tudo podem. A seca
imprevisível esta na medida certa para que a sociedade brasileira se lembre que
nossos irmãos nordestinos sofrem com o flagelo da seca há mais de três séculos,
um fenômeno perfeitamente contornável em nações sérias, mas que aqui na Pátria
de Deus a solução nunca aconteceu, porque nossos governantes são experientes no
uso da ignorância para abiscoitar o poder. Portanto tornou-se temerário rotular
com pejorativos desprezíveis e discriminatórios aqueles que migram para o sul
correndo da indústria da seca, da fome e da miséria.
É preciso estudar história e
aprender que o sofrimento é boa ferramenta para incitar a solidariedade humana
e que um pouco mais de respeito à moral e ao próximo seria bom caldo de
galinha; que vida boa não se faz só de sol, céu azul e ociosidade, mas também
da boa chuva que molha a terra fazendo germinar a vida, lembrando que Deus e a
natureza não podem ser tratados como
política, nem objeto, nem propriedade privada, nem cabo eleitoral, mas como algo
sagrado, que precisa ser preservado e respeitado.
ANTÔNIO
KLEBER DOS SANTOS CECÍLIO