APRESENTAÇÃO


O conjunto de trabalhos que o amigo leitor encontrará aqui foi produzido ao longo de alguns anos. Não posso aqui precisar quantos, talvez uns vinte. A grande maioria deles publicada no jornal A TRIBUNA SANJOANENSE de SÃO JOÃO DEL REI (minha terra nanal) e NOVA MIDIA de BARBACENA; ambas tradicionais cidades históricas mineiras muito politizadas.

Obviamente há uma cronologia de publicação associada aos acontecimentos que inspiraram as respectivas reflexões. Depois de muito pensar, se deveria mencionar datas, resolvi aboli-las, pois achei que correria o risco de tornar seu passeio um tanto dirigido e até cansativo. Posso imaginar alguém lendo algo retratando fato acontecido há anos! Talvez se sinta entediado. Então, no intuito de instigá-lo, apresento uma miscelânea de trabalhos recentes e antigos, a fim de lhe subtrair, de propósito, qualquer direcionamento e deixá-lo livre para pensar, buscando no tempo, por si, tal associação. Acredito ainda que dessa forma esteja incitando sua curiosidade à medida que avance passos adentro. Sua leitura poderá inclusive ter início pelo fim ou pelo meio, que não haverá prejuízo algum para a percepção de que as coisas no Brasil nunca mudam. Ficará fácil constatar que a vontade política é trabalhada para a perpetuação da incompetência administrativa, obviamente frutífera para algumas minorias.

Penso que, se me dispus a estas publicações, deva estar antes de tudo, suscetível a criticas e, portanto, nada melhor que deixá-lo, valendo-se unicamente das informações contidas no texto, localizar-se na história. Caso não lhe seja possível, temo que o trabalho perca qualidade perante seu julgamento pessoal. Por conseguinte, acredito que isso não acontecerá; a não ser que o leitor não tenha, em tempo, tomado conhecimento dos fatos aqui retratados. Procurei selecionar de tudo um pouco; certamente sempre críticas, porém algumas muito sérias carregadas de um claro amargor. Outras, mais suaves, pândegas e até envoltas num humor sarcástico. Noutras retrato problemas da minha São João del-Rei. Até cartas para congressistas em Brasília há. E em alguns pontos, para abusar da sua paciência, introduzi coisas muito particulares. Críticas à parte, nessas, apenas falo de mim, afinal, apesar de amigos, talvez nunca tenhamos trocado impressões sobre coisas tão pessoais. . .

Aqueles que me conhecem há tempos, sabem que sou um obstinado por política, apesar de jamais tê-la exercido diretamente. Motivos houve de sobra e numa oportunidade poderei explaná-los. Todavia, do fundo do coração, afirmo que tal paixão tem como motor um doloroso inconformismo por ver o Brasil tão esplêndido e tão vilipendiado; vítima inconteste dessa cultura avassaladora de demasiada tolerância à antiética e à imoralidade na administração pública. Comprovadamente este é o pior dos tsunames com potencial para ter retardado nosso progresso mais de três séculos e grande responsável pela perpetuação da pobreza de metade da nossa população, pelo analfabetismo total e funcional, pela violência social e pelo abismo intransponível que aliena gigantesco contingente, maior que um quinto da população do continente sul americano. Diante do inaceitável absurdo, impossível me conformar em silencio diante dos atos e fatos que vão vergonhosamente enxovalhando nossa história e nos deixando como um gigante deitado sobre o escravismo que a Lei Áurea não foi capaz de abolir.

O título? Esse, talvez, seja o mais difícil explicar. GRITOS SEM ECOS representa uma espécie de pedido de socorro do náufrago, que sabe que de nada adiantará espernear, pois não há interlocutores, não há socorro, não há saída, não há conscientização; mas, assim mesmo, grita.

Será um prazer receber sua visita e ler suas opiniões, elogios ou críticas.

Forte abraço!



domingo, 30 de novembro de 2014

DESABAFO DE MARCELO ODEBRECHT E RESPOSTA EM SEGUIDA

Minha tendência NATURALhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png perante assuntos que despertam polêmicas, como as reportagens e os artigos publicados nas últimas semanas sobre viagens do ex-presidente Lula, é esperar a poeira baixar.
Dessa vez, resolvi agir de modo diferente porque entendo que está em jogo o interesse do Brasil e o legado que queremos deixar para as futuras gerações.
As matérias, em sua maioria em tom de denúncia, procuraram associar as viagens a propósitos escusos de empresas brasileiras que as patrocinaram, dentre elas a Odebrecht.
A Odebrecht foi, sim, uma das patrocinadoras da ida do ex-presidente Lula a alguns dos países citados. E o fizemos de modo transparente, por interesse legítimo e por reconhecer nele uma liderança incontestável, capaz de influenciar a favor do Brasil e, consequentemente, das empresas brasileiras onde quer que estejam.
O ex-presidente Lula tem feito o que presidentes e ex-presidentes dos GRANDEShttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png países do hemisfério Norte fazem, com naturalidade, quando apoiam suas empresas nacionais na BUSCAhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png de maior participação no comércio internacional. Ou não seria papel de nossos governantes vender minérios, bens e serviços que gerem riquezas para o país?
Nos últimos meses, o Brasil recebeu visitas de reis, presidentes e ministros, e todos trouxeram em suas comitivas empresários aos quais deram apoio na busca de negócios.
Ocorre que lá fora essas ações são tidas como corretas e até necessárias. Trazem ganhos econômicos legítimos para as empresas e seus países de origem e servem para a implementação da geopolítica de governos que têm visão de futuro, como o da China, por exemplo, que através de suas empresas, procuram, cada vez mais, ocupar espaços estratégicos além fronteiras.
Infelizmente, aqui o questionamento existe, talvez por desinformação. Permitam-me citar alguns números. A receita da Odebrecht com exportação e operações em outros países, no ano de 2012, foi de US$ 9,5 bilhões e nossa carteira de contratos de engenharia e construção no exterior soma US$ 22 bilhões.
Para atender a esses compromissos, mobilizamos 2.891 empresas brasileiras fornecedoras de bens e serviços. No conjunto, elas exportaram CERCAhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png de 60 mil itens. Dessas, 1.955 são pequenas empresas e, no total, geraram 286 mil empregos em nosso país. É uma enorme cadeia de empresas e pessoas que se beneficia de nossa atuação em outros países e, obviamente, se beneficia também do apoio governamental a essa atuação. Esse apoio se dá, dentre outras formas, com os financiamentos do BNDES para exportação que, no caso da Odebrecht, é bom que se frise, representam 18% da receita fora do BRASILhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png.
Estamos em 22 países, na GRANDEhttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png maioria deles há MAIShttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png de 20 anos, e exportamos para outros 70. Como ex-presidente, Lula visitou sete, e esperamos que ele e outros governantes visitem muitos mais.
Esses números falam por si, mas decidi me manifestar também porque não quero que disso fiquem sentimentos de covardia ou culpa para as pessoas que trabalham em nossa organização.
Quero minhas filhas e os familiares de nossos integrantes de cabeça erguida, orgulhosos do que nós e outras empresas brasileiras temos feito mundo afora, construindo a Marca Brasil para além do samba e do futebol, ao mesmo tempo em que contribuímos para a prosperidade econômica e justiça social nos países e comunidades onde atuamos.
A inserção internacional nos tornou um país socialmente mais evoluído e comercialmente mais competitivo porque gerou divisas, criou empregos, permitiu trazer novas tecnologias e estimulou a inovação.
O tratamento que está sendo dado por muitos às viagens do ex-presidente Lula é míope e reforça entre nós uma cultura de desconfiança.
Caminhar na construção de uma sociedade de confiança, fundada no respeito entre empresas, entre estas e o poder público e entre o poder público e a sociedade será muito bom PARA TODOShttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png nós.

RESPOSTA:

O desabafo do Sr. Marcelo Odebrecht até que esta bem escrito. Pelo menos ele demonstra não ser apenas um engenheiro capitalista imperialista rico da elite branca, mas conhece um pouquinho da língua pátria. Talvez menos que política petista!

Sobre seu conteúdo, cola muito para a banda da sociedade, que ainda acredita no Lula por interesse ou por ignorância. Entretanto para aqueles, como eu, que lustraram bancos de escolas e tiveram o ingrato privilégio de conhecer os golpes dos ditadores comunistas ou de candidatos, como é o caso do seu garoto propaganda, não cola. Não cola, porque a história demonstra que a velha associação de ditadores com a elite poderosa sangue azul, não passa de uma maneira sutil para legitimar-se no poder diante dos olhos dos incautos, como também para funcionar como suporte de sustentação da roda do "toma lá da cá", que todos no Brasil conhecem muito bem.   

Portanto seria bom que nesse momento em que o Brasil se encontra em luto diante do show de bandalheiras acontecendo diante das nossas barbas e olhos estupefatos cansados da volúpia predatória protagonizada por agentes nomeados e mantidos no poder por esse governo há anos, que você se contivesse na sua ânsia de dar pitos, como se a sociedade, que mantém esse país com muito sacrifício pagando impostos com o suor do trabalho honesto os merecesse.

Sabemos muito bem qual a importância social de uma empresa do porte da sua, como também sabemos que o compartilhamento de riquezas com a sociedade não é um favor, mas uma obrigação de qualquer conglomerado que fatura bilhões como é o caso da sua holding.

Claro que uma figura da compleição do Lula faz a diferença no tocante ao lustro e à confiabilidade que a imagem de uma empresa como a sua precisa para conquistar novos horizontes no mundo dos negócios, no entanto comparar Lula, patrono maior do FORO DE SÃO PAULO e suspeito protagonista nas falcatruas que ora mancham a imagem do Brasil, a políticos de outras odes, como Bill Clinton, Jimmy Carter ou até mesmo Mr. Bush, o pai, é música para boi dormir.

Concordo e lhe dou parabéns, quando o senhor se dirige aos seus empregados e à sua família, mesmo porque eles não têm culpa de nada, mas que não se atreva mais a incluir a sociedade brasileira como coadjuvante das laranjas do seu quintal. Não se esqueça que sua autoridade termina do lado de dentro dos portões da sua empresa e da sua casa.
Aproveito ainda para lembrá-lo que candidatos a tiranetes, quando conseguem abiscoitar o poder, costumam eliminar tagarelas como eu e também amigos que sabem demais como o senhor. Veja a história.  



quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O PRESIDENTE É O GERENTE!

 O PRESIDENTE É O GERENTE!

                Passada a eleição, enfim sabemos quem será nosso novo presidente. Pesquisas de opinião, dúvidas, índices de preferência, telejornais, debates, repercussão, analises, indecisos, indiferentes, mal informados, conformados, inconformados, voto branco, voto nulo... Esse rio caudaloso de águas turvas convergiu para o dia mais importante da vida do eleitor. O dia em que a democracia parou a grande máquina Brasil, a fim de ouvir o som da voz do cidadão. Apenas um “sim” ou um “não” que repercutirá por quatro anos ou, quem sabe, para o resto da vida de cada um incluindo famílias, negócios, empregos, sonhos, planos para o futuro...
                Afinal, agora é hora de voltar à realidade; compromissos e responsabilidades esperam!
Políticos são todos iguais, sei que nada vai mudar! Cabe agora ao eleito a missão de cumprir promessas governando para o bem geral, com bastante honestidade e imaginação fértil, a fim de nos fazer felizes, erradicar a pobreza, que tanto incomoda e humilha, empacotar a violência e mandá-la para o inferno, reformar a infra-estrutura que não funciona, reduzir a maior carga tributária do mundo e investir em educação a fim de transformar o Brasil num país eficiente, justo, sem analfabetos, ignorantes, desempregados e pobres.
                Assim vem funcionando o pensamento da sociedade brasileira há décadas e o resultado é funesto. Os políticos não cumprem o que prometem, defendem interesses próprios e ninguém faz nada. “Por desaforo, na próxima eleição votarei em branco” ou, segundo outros: - “anularei meu voto.” Segundo pesquisa de afamado instituto, essa frase foi a mais pronunciada na última semana antes da eleição. Se cumprida a intenção, cada um julgue por si.
                Aqui nesse ponto, darei uma pausa na assertiva, para observar algo interessante: veja que a frase título: O GERENTE É O PRESIDENTE terá o mesmo sentido mesmo se mudarmos as personagens de lugar: O PRESIDENTE É O GERENTE. Agora, com o leitor já sintonizado, contarei uma história verídica que aconteceu com conhecido meu e que com certeza vem acontecendo há décadas na vida brasileira.
                José Baltazar, homem humilde e honestíssimo, criado em casa de chão com relho atrás da porta para coça de repreensão, foi acostumado desde cedo a trabalhar duro para ajudar na labuta diária. Seu pai botou banca no mercado há anos e com aquilo criou seus outros seis irmãos mais velhos. Ele, o caçula, agora pagava o pato da mocidade, porque estando há dez anos atrás do penúltimo e tendo todos os irmãos partido em busca de dias melhores, não havia outra alternativa senão ajudar os pais já velhos e desgastados. Da madrugada ao por do sol era uma luta só, anos a fio, que fez dele um rapagão forte, destemido para qualquer luta e com muita disposição. Aos vinte e seis anos, órfão de pai e mãe, firmou casamento com boa moça inteligente, esperta para negociar e agora em dupla iam os dois cedo para o mercado. Alberta voltava mais cedo para o almoço e as arrumações da casa. Ele ficava lá até tarde nos acertos bancários, recebimentos de mercadorias e limpeza.
                Alberta, não demorou muito pegou gravidez e o médico, depois de analisar um resultado de exame, naquela sua voz grossa, olhou para ela por baixo das lentes dos óculos fundo de garrafa e noticiou: - são gêmeos. Alegre e triste com a notícia que tinha duas conseqüências, porque sabia que a pior delas era que Baltazar breve não mais poderia contar com ela, que ficaria grande e pesada demais para encarar aquela trabalheira; o encolhe estica da banca, sem considerar que depois do parto duas crianças aprontariam dois trabalhos sem fim.
                O resto foi rezar e esperar o tempo passar, até que veio a ventania. Duas crianças espertas, com saúde como pediram a Deus, mas tudo aconteceu como previsto. Era dia e noite nos cuidados maternos e Baltazar sozinho no vai e vem diário. Agüentaram isso por cinco anos, até que um dia, quando Alberta não agüentava mais, matricularam os dois sirigaitas numa creche na parte da tarde, o que dava chance para um descanso e pequena ajuda nas idas aos pagamentos. Baltazar era um homem feliz. Família completa, os negócios indo bem, agora comprara banca maior que dava o mesmo trabalho e muito mais lucro. Ergueu casa boa para a família, adquiriu carro zero quilômetro e ultimamente até vinha podendo se dar ao luxo de férias na praia com família e amigos. O que lhe custava consciência pesada, pois o trabalho não o largava depois de tantos anos ajustado aos horários e às preocupações.
                Para encurtar a história, Zé Baltazar era invejado; o viam como rico e em comparação com aquele povo, que não saia do lugar, era mesmo. Pudera comprar dois caminhões. Primeiro um depois outro, assim que a idéia de transportar para terceiros foi bem, multiplicando algumas vezes o lucro. Dirigia um caminhão; para o segundo, contratou motorista e a banca passou a ficar sob os cuidados de Marieta, mocinha indicada por um amigo, que viera de cidade vizinha com diploma de administradora debaixo do braço.
                Com o tempo Marieta foi mostrando serviço, era pontual, dinâmica, agradava bem o povo e pouco tempo passou; talvez uns dois anos e já montava confiança para conhecer segredos do negócio, manhas dos fornecedores, capital de giro acumulado, faturamento mensal e até anual. Tornou-se o terceiro braço de Baltazar; mesmo porque agora a trabalheira era muita e sem ela dois braços era pouco.
                Baltazar, com a eficiência da secretária, agora era homem de assentar a cabeça para pensar em pulos maiores. Contraiu financiamento a juros módicos no BDMG; com o recurso comprou lote grande em bairro bom, construiu barracão com estacionamento na frente, área atrás para descarga e nada demorou até que a cidade inteira virou sua freguesa. Agora Marieta chefiava um escritório com mais de dez subordinados, a coisa ia de vento em popa e o negócio melhorou tanto que Baltazar ganhou respeito político e novas amizades importantes. A mulher não via aquilo com bons olhos, mas confiava no marido e pensava em falar, mas nunca falou. Ela agora não trabalhava mais; se dava ao luxo de cuidar da vida escolar dos dois rapazotes e, às tardes, enchia o tempo com aula de culinária, academia de ginástica e, quando dava na telha, ia até a igreja dar uma ajudinha nas arrumações santíssimas.
                Certa manhã o marido amanheceu com dor por todo o corpo e aquilo agravou pelo resto do dia e quando Zé Baltazar acordou estava no hospital internado. Médico nenhum entendia de que se tratava e como tratar até que o paciente foi transferido para BH com uma doença no esqueleto que demandava tratamento longo e repouso absoluto. Baltazar, que nunca parou na vida, ficou tranqüilo porque o negócio ia bem, podia pagar bom tratamento e hospital e sabia que Marieta estava lá firme não deixando a peteca cair. A esposa, que nem sabia mais mexer com a burocracia do dia a dia, nem pensou; apenas socorria o marido nas suas impaciências de paciente e o mais que ia era à frente do hospital dar uma conferida no movimento e libertar as vistas presas naquelas quatro paredes infinitas. Os filhos ficaram com uma tia solteirona e esperavam bem.
                As coisas foram assim nessa lenga lenga, até que depois de seis meses o diagnóstico deu negativo, as dores se foram e o casal voou feliz para a terra natal, para os negócios e para os filhos. Mas o maior susto estava por vir. Dois dias depois da festança de chegada, o hospital ligou que o cheque do pagamento final havia voltado e requeria depósito urgente. Baltazar envergonhado, mas confiante que apenas um erro acontecera, foi saber de Marieta e encontrou uma mulher diferente, nervosa, desatenciosa, cabeçuda, nariz em pé, olhos baixos... Não entendendo nada, atordoado e percebendo que o ovo atravessado da secretária não era atoa, quis saber das contas e descobriu que confiou demais em quem merecia, mas não merece mais. Havia rombo nas contas, tudo atrasado, fornecedores afastados, clientes perdidos e faturamento baixo. Gritou, esbravejou, chamou a polícia, fez boletim de ocorrência.     A polícia apertou Marieta que confessou algo terrível: arranjara namorado, um mexicano encantador, mas estelionatário profissional e internacional. O casal intencionava se casar e para a vida futura no México, que devia ser boa, dependia do dinheiro de Baltazar que estava longe e despreocupado. O tal malandro se evadiu pelo Paraguai e sumiu, mas antes havia depositado numa conta numerada alguns milhões do capital de giro da empresa chefiada pela namorada brasileira.
                O final da história meu caro leitor pode imaginar, uma vez que essas roubalheiras sempre terminam mais ou menos do mesmo jeito. Entretanto, o mais importante é que Zé Baltazar e Alberta aprenderam a lição: Pinto solto gavião esta de olho!
                Portanto, cabe agora ao leitor eleitor não dar uma de Berta e Baltazar e só voltar daqui a quatro anos para saber se o gerente presidente plantou mais ou menos felicidade. Se informar, fiscalizar, protestar e cobrar do administrador público eleito por você sempre deve fazer parte do exercício da cidadania consciente!


ANTÔNIO KLEBER DOS SANTOS CECÍLIO.
               
               




terça-feira, 11 de novembro de 2014

AOS QUE ACREDITAM OU NÃO EM DEUS

RESPOSTA A UM AMIGO DO FACEBOOK QUE CRITICOU UM BISPO CATÓLICO POR EXORTAR OS FIEIS A REZAR PARA CHOVER.

Uma vez vivendo num pais democrático supõe-se que as pessoas devam gozar de direitos tais como: ser negro, ser gay, ser deficiente físico, ser pobre mas respeitado pelo estado que recolhe altos impostos da sociedade, ser índio, ser estrangeiro vivendo na legalidade, ter ou não religião, acreditar ou não em Deus.
Numa democracia o ato de criticar é sempre bem vindo desde que com respeito e a fim de construir e aperfeiçoar; nunca destruir. É bom portanto, que aqueles que apreciem viver numa democracia e gostem de gozar da liberdade se lembrem que a liberdade dos outros começa onde termina a sua. Isso é norma de civilidade também.
Se as pessoas rezam para chover e nada mais fazem, reflita sobre sua conduta: você não reza, critica e também não faz nada. Por outro lado, se não reza, porque não acredita em Deus, mas não sabe nada sobre Ele, nunca o viu, não acredita no seu poder e na sua força deve pensar que poderá estar cometendo a mesma burrice do idiota que toma veneno, porque não acredita na sua letalidade. Se não acredita ótimo, mas não o experimente, pois esta correndo o risco de não ter tempo nem chance de acreditar.
Com o nome de Deus não se brinca! Se não tem nada para fazer, vá dormir, estudar, trabalhar ou simplesmente contemple a grande beleza universal da qual você talvez não mereça fazer parte e pense: será quem construiu isso tudo, pra que, por que? Se acreditar que foi uma bactéria que veio do espaço ou uma molécula que se transformou nisso tudo continue questionando: como, por que, pra que? Assim, certamente, terá mais e mais dúvidas.
Os grandes pensadores e sábios da humanidade, quanto mais sabem, descobrem que nada sabem. Isso foi reconhecido por um deles, um burro que atendia pelo nome de SÓCRATES. E você, grande sábio, tire nossa dúvida, que também era a de Sócrates.
Deus existe? Se não sabe, reze para que Ele faça chover.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

SECA DA BOA LIÇÃO

                 A região sudeste e algumas adjacências esta vivendo o mais longo período sem chuvas da história climática do Brasil e pelo cúmulo do azar a região é responsável por grande parte do potencial hidro-energítico do país; situação que se agrava ainda mais na esteira do somatório de problemas causados pela falta d’água, associados a um eminente colapso econômico-industrial de âmbito nacional e conseqüências imprevisíveis.
                Diante da tamanha gravidade as populações de dezenas de cidades estão sendo forçadas ao exercício da racionalização e da solidariedade, algo inédito numa sociedade  desorganizada, discriminatória e divisionária; secularmente acostumada a viver observando confortavelmente, do outro lado do abismo social, pessoas agonizando com problemas estruturais há muito solucionados em países  civilizados.
                Exemplo latente é a situação do nordeste brasileiro, região que há mais de trezentos anos tem a seca como protagonista principal das desventuras humanas que assola aquele povo irmão, sem que ninguém jamais tome providência alguma. E pior, gangues de nordestinos privilegiados, porque tiveram a ventura de nascer em berço de ouro, fazem do sofrimento seu principal cabo eleitoral, numa tragédia anunciada anual só comparável à fome de certos animais canibais que se servem dos mais fracos para se locupletar de carne fresca.
                Seca, pobreza e ignorância; tripé maldito, que trás felicidade para uns e lágrimas para outros tempera a salada de promessas vãs que iludem o povo mal informado e o faz comer na mão como coelho amestrado, fiel e manso.  A receita é tão eficiente que vimos nos últimos debates dos nossos candidatos à presidência da república o assunto entrar em pauta com o mesmo cinismo e demagogia dos velhos bravateiros nordestinos na certeza de que a cachoeira de votos viria como chuva bendita na horta dos novos coronéis do Brasil.
                Ninguém em sã consciência pode afirmar que o governo paulista não agiu de maneira eficiente e rápida no sentido de amenizar as conseqüências de um fenômeno jamais previsto por nenhum instituto de pesquisas espaciais ou qualquer outro especializado em ciências meteorológicas. Problemas aconteceram, porém pontuais e ainda não houve dia em que a grande metrópole parou colapsada pela falda do precioso líquido. Confesso que nunca acreditei nas afirmativas daquele governo, que sempre garantiu que o estoque do conjunto de represas daria para alcançar o novo período de águas só previsível para outubro. Vendo que agora a previsão quase impossível se realiza, seria louvável que todos reconhecessem a competência com que foi atendida a grande demanda metropolitana. Quando, ao contrário, o que se viu foi um discurso pobre e inócuo, carregado de polêmica, mentiras e desrespeito, a fim de desmerecer o bom trabalho e confundir a opinião pública em vésperas de eleição.
                Assunto de extrema gravidade, que se fosse num país sério, demandaria união, planejamento, esforço concentrado de todos os partidos e seguimentos sociais, uma vez que esta em jogo o futuro, a segurança energética, alimentar, política e econômica da sociedade sendo tratado com escárnio e zombaria na certeza de que a inocência do povo nordestino banha também a mentalidade do resto da nação brasileira considerada culta e sintonizada com a modernidade.
                Estamos no décimo mês de seca; degrau em que grande número das mais importantes cidades brasileiras, inclusive a maior delas motor do Brasil encontra-se na eminência de um colapso sem precedentes na história da humanidade; e políticos irresponsáveis brincam como se estivessem diante de um tabuleiro de marionetes. Pior! Conseguem iludir os corações mais valentes que andam brigando por aí como idiotas úteis em defesa de algo que mal conhecem apenas guiados pelos gritos de guerra dos boiadeiros de gravata vermelha, sedentos para arrancar a pérola democracia do pedestal e no seu lugar fixar a foice e o martelo, símbolo intrépido das ditaduras mais duras que a história registrou.
                Portanto, queridos irmãos brasileiros, chamo vossa atenção para estarmos atentos,  vacinados e unidos contra aventureiros, malabaristas e mágicos encantadores, que nunca se cansam de tentar aplicar golpes coloridos mesmo diante de uma bomba prestes a explodir, na esperança de se perpetuarem no poder e realizar sem incômodos velhos sonhos de domínio à custa da distração e da inocência populares.


ANTÔNIO KLEBER DOS SANTOS CECILIO