O princípio físico enuncia que dois sólidos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Aparentemente os gasosos se fundem, no entanto, nem neste caso há violação da lei física, pois ao microscópio as moléculas de ambos conservam-se integras e cada uma no seu lugar. Em assim sendo, toda vez que dois corpos se aproximam em velocidade se chocam e há deformação o que nada mais é que um afastamento de moléculas no ponto do choque, umas cedendo lugar a outras.
O homem soube muito bem, através dos tempos, se aproveitar desse princípio físico e servindo-se dele criou engenhos capazes de facilitar sua vida. A compressão, por exemplo, responsável pela grande arrancada tecnológica que deu movimento às locomotivas, aos automóveis e alçou guindastes é o resultado do aprisionamento de um corpo em estado gasoso ou líquido que empurrado em um invólucro hermético para um ponto único pode movimentar pistões, engrenagens e rodas. O movimento, neste caso, é o primeiro estágio antes da explosão. Caso não haja movimento e a compressão se torne insuportável, em determinado momento haverá explosão e seqüente deformação. Este é o princípio básico de funcionamento das bombas bélicas.
Assim também vem funcionando o processo de exaustão do nosso planeta por causa única de desrespeito àquele principio. Enquanto tem-se um espaço limitado e as previsões de desorganização natural iminente se anunciam calculam-se que daqui a três décadas a população mundial se aproxime dos dez bilhões de humanos. Prevendo-se que o maior percentual desse crescimento acontecerá nas regiões mais pobres, exatamente onde não se espera maiores providências preservacionistas e onde as populações tendem a viver cada vez mais do extrativismo natural; o bom senso diz que há necessidade premente da implantação de um eficiente controle do crescimento numérico da população humana no globo.
Obviamente o avanço sobre importantes reservas naturais será proporcional à expansão do volume humano e não há nenhuma racionalização, ainda que todos os governos do mundo se unissem nesse sentido, capaz de reverter o caminho do caos, se não houver freio no crescimento das populações humanas nas próximas décadas. Um país como o Brasil, por exemplo, apesar de vir demonstrando tendência de queda nos índices médios de natalidade, deverá abrigar uma população próxima a 250 milhões de habitantes nos próximos vinte anos. Certamente haverá migração maciça para a Amazônia, Região Centro Oeste e Região Nordeste, exatamente onde se localizam os biomas remanescentes altamente sensíveis como é o caso da floresta tropical, do pantanal e do cerrado.
O planeta somente suportará expansão populacional crescente, caso haja mudança profunda na função expropriatória a que o homem subordinou a natureza desde o início da era industrial. Isso, no entanto, não é tarefa fácil nem barata, pois demandará abnegação, tempo e caras pesquisas em novas tecnologias energéticas e de reaproveitamento de dejetos urbanos e industriais visando o equilíbrio auto-sustentável. As chaves que controlam a dinâmica natural, lentamente desenvolvidas desde os primórdios do planeta, já demonstram que sofreram alterações e que tais alterações trarão reflexos profundos, cuja intensidade o homem somente conhecerá com o passar do tempo. E à medida que conheça não estará preparado para enfrentá-los, uma vez que não pôde prevê-los, mesmo porque se caracterizam pela aleatoriedade de eventos e locais. Ou seja, são eminentes, e podem não acontecer aqui, mas acolá; ou mesmo não acontecer hoje ou amanhã, mas daqui a dez anos.
Enquanto, por um lado, o tempo urge e a destruição dos sistemas vitais do planeta se configura no horizonte, as autoridades calculam o tamanho da freada financeira que precisam dar e os meios de comunicação colocam em debate iniciativas e providências cabíveis, por outro a população cresce a cada minuto em ordem progressiva tanto pelos recém-nascidos quanto pelo aumento da longevidade. Quando é que deixarão a hipocrisia de lado e passarão a informar aos novos candidatos a papais e mamães que o espaço e os recursos do planeta são finitos e que a compressão coloca a vida, que tanto dizem prezar, em sério risco. Não só a vida humana, mas a vida total. O planeta, talvez, sem vida fique menos divino e interessante, todavia em paz por mais alguns bilhões de anos. Ele não precisa de nós.
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