A nação brasileira vive importante momento em que muito se discute sobre a utilização de células embrionárias para regeneração orgânica e recuperação motora. Há premente necessidade de se adaptar a lei aos novos costumes e hábitos da sociedade moderna, porque do contrário a importante ferramenta que deve existir para regular e facilitar a existência humana passa a funcionar como um empecilho gerador de graves conseqüências para a vida e para a ordem social.
O homem finalmente livrou-se das peias que o escravizaram por milênios e liberto do medo e da opressão deu asas aos demônios naturais do seu espírito transformando-se num transgressor contumaz das velhas e tradicionais moral e ética. Assim sempre funcionou a dinâmica da evolução humana. É através da desestabilização de normas e costumes aparentemente imutáveis e abrindo espaço para novos valores mais flexíveis que a humanidade partiu da idade da pedra rumo ao espaço cósmico. Obviamente a lei embasa-se em conceitos morais e éticos, entretanto ao modernizá-la, os legisladores não estarão acendendo um sinal verde para a promiscuidade moral e ética no sentido comportamental e científico, mas delineando uma gama de possibilidades desenvolvimentistas e, no caso do aborto in-vitro, em particular; vislumbrando possibilidades que podem melhorar a qualidade de vida daqueles que a perderam ou que nunca a tiveram.
Estreitar os caminhos do avanço científico é um erro fatal com precedência negativa na história do desenvolvimento humano e que apenas serviu para retardar a evolução progressista e macular a imagem da Igreja. O progresso é um invasor sutil, que lentamente avança para ocupar seu devido lugar queiramos ou não. Portanto é passada a hora de se evitar a polêmica e que logo racionalizem-se os princípios éticos para a delimitação do exato momento que a vida de quem ainda vai existir deve ser sacrificada pela de quem já existe e, somente assim, estaremos preservando a moral. Ou será possível a sociedade continuar dormitando na sua ilusão de ótica e virando as costas para as centenas de situações em que mulheres ainda jovens morrem vítimas de complicações de parto clandestino ou gastando milhões de reais na manutenção de doentes que poderiam estar produtivos, para preservar a vida de algumas células in-vitro apenas com base na justificativa de que potencialmente ali poderíamos ter um segundo Eistain? Essa premissa é tão verdadeira, quanto o risco de termos também um segundo Hitler.
As sociedades, desde a antiguidade, trafegam na contra mão da ética, quando enviam milhares de jovens para o sacrifício da vida em guerras sem propósito ou quando abandonam seus compatriotas - como é o caso do Brasil - à margem de direitos básicos que preservem e dignifiquem a vida daqueles que já existem out-vitro. Por outro lado temos ainda que agüentar algumas centenas de homens bem vivos, vivendo na abastança imoral desses parlamentos inoperantes e caros. Com certeza se tivessem tido imolada a vida in-vitro ou intra-ventre, em nome de alguma causa maior teriam tido mais utilidade do que têm no presente.
Quanto à Igreja, simplesmente está cumprindo a sua missão de divulgar os ensinamentos do Cristo portador da ressurreição ética e moral do homem, da suavidade, da paz, da temperança, da solidariedade, da abnegação, do compromisso com o bem estar do próximo; princípios esses que para os moldes de vida da sociedade moderna constituem-se numa muralha intransponível, uma vez que sua evolução tem tido caráter basicamente cientifico, tendo, por conseqüência, lançado o homem ao caos humanístico. Uma escravidão sutil, tanto ou mais severa que a de antanho. Hoje somos escravos de nós mesmos, da nossa destemperança, da nossa avareza, da nossa falta de ética, do nosso inescrúpulo para valorizar mais o ter do que o ser. E pior; este é o legado que estamos oferecendo à posteridade, uma bomba relógio que levará a humanidade ao caos de si mesma.
Acho uma bobagem se preocupar com a Igreja. Ela já não tem mais o poder censor e punitivo da idade média. Aliás, agora está verdadeiramente em sintonia com Deus, que não obriga ninguém a segui-Lo, apenas promete que um dia os bons serão premiados. Não é também ético nem democrático querer que ela pregue o que queremos ouvir, dentro das nossas conveniências. Homens verdadeiramente civilizados e livres, religiosos ou não, devem ter liberdade não só para optar pelos seus caminhos, como também para respeitar opiniões alheias e assumir suas responsabilidades terrenas e para com Deus.
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