“Dentro em breve, a se confirmarem as perspectivas, seremos um dos maiores produtores de petróleo do planeta e os problemas sociais no Brasil estarão com seus dias contados”.
Nesse tom de festim nossos governantes sempre trataram coisas tão sérias. Há anos foi assim com a rodovia Transamazônica, mais tarde com o ouro de Serra Pelada e com as reservas minerais de Carajás. Depois foi a vez da Ferrovia do Aço e do projeto SIVAM – aquele sistema de vigilância da Amazônia, o qual nunca vigiou nada – e mais recentemente com a façanha banal, inócua e cara do astronauta brasileiro. Chegaram até a compará-lo ao incomparável Santos Dumont. Em sua época esses fatos históricos foram, como agora, dourados com muita fanfarronice, demandaram muitos gastos desordenados, renderam milhares de votos e hoje o que se vê é apenas frustração. Obviamente me refiro à ótica da melhoria da qualidade de vida do povo, que sempre paga e nunca leva. A Transamazônica, um projeto que serviria como linha de integração nacional pela fixação de populações as suas margens e ainda, importante escoadouro de riquezas para os países andinos, custou bilhões de dólares para ser engolida pelo mato e hoje, o que resta são trechos praticamente intransitáveis e populações miseráveis abandonadas à própria sorte. Serra Pelada tinha pepitas que demandavam caminhões para transportá-las de tão imensas, parou no tempo e reduziu-se a um buraco cheio d’água e a uma cidade povoada de sonhadores, conhecida como Curionópolis. Carajás, segundo propagandistas do governo, teria minério de ferro para abastecer o mundo, sozinha, por dois séculos e um projeto que incluía a construção de importantes ramais ferroviários ligando o norte ao sul e ainda a construção de grandes portos nas regiões norte e nordeste, tudo como logística para o escoamento da gigantesca produção. Hoje a realidade está muito aquém do inicialmente propagado. A Ferrovia do Aço, que açambarcou dos cofres públicos dez bilhões de dólares para a construção de dois ramais ferroviários, um de carga e outro para passageiros, os quais deveriam interligar Belo Horizonte e seu quadrilátero ferrífero a São Paulo e à Cia Siderúrgica Nacional no Estado do Rio de Janeiro, está reduzida a menos da metade do projeto original, pois foi toda construída para ramais paralelos, contudo só funciona um e pela metade. Importante salientar que o projeto previa trens elétricos os quais cederam lugar aos movidos a diesel, mais lentos, poluidores e obsoletos. O Projeto Sivam ficou caracterizado como outro grande fiasco que custou ao povo a bagatela de dois bilhões de dólares, a fim de erradicar a destruição do nosso patrimônio natural, fiscalizar as fronteiras, até então desguarnecidas, e, de quebra, botar um freio no trânsito de aviões suspeitos. Este também está envolvido num mar de silêncio que quem viu tem a impressão de ter sonhado. E mais recentemente nosso projeto espacial que abriria fronteiras inimagináveis para a ciência nacional custou aos cofres públicos dez milhões e dólares para nada, pois as experiências do nosso astronauta não tiveram a consistência divulgada e esperada.
Infelizmente aqui na pátria de Deus tudo no final termina em eleição, carnaval e futebol. Ao longo de mais ou menos trinta anos os governantes brasileiros se locupletaram da boa fé do povão com essas histórias megalomaníacas e fantasiosas. Será que dessa vez a coisa vai funcionar ou estão nos aplicando mais um golpe de marketing político? Pode ser que não, pois há muita gente estrangeira envolvida. Contudo, quem conhece aquele velho ditado popular: “gato escaldado em água quente tem medo da fria” deve estar cético. Afinal não é difícil perceber que estão manipulando emoções de maneira a manter o rol de esperanças sempre atualizado, porque sabem muito bem que a esperança é uma forma de felicidade.
O presidente Lula, quando no congresso, proferiu a sua mais célebre frase, que quase lhe custou a cassação, por falta de decoro parlamentar. “Aqui no congresso tem mais de trezentos picaretas”. A verdade doeu como um tapa na cara dos picaretas de plantão. E hoje, será que ele já parou para calcular quantos picaretas tem no seu governo? Contando com ele, é claro. Certamente eles saberão explicar o “por-quê” do continuísmo da política suja e irresponsável que prefeitos continuam praticando naqueles municípios há muito regados com a dinheirama dos royalties do petróleo. Inacreditável, mas ainda abrigam ruas sem pavimentação, lixo descartado pelos arrabaldes, mato pelas ruas, efluentes poluídos pelo esgoto doméstico e industrial e até favelas apreciam-se na paisagem daquelas cidades. - Quem duvida que assista reportagem exibida pelo canal Globo News de dois de setembro-2008, jornal da dez. -
Ora! Dirão os picaretas. “Não temos nada com isso. Perguntem aos prefeitos”.
Claro que não têm. O que sugerimos é que simplesmente não repassem mentiras. Que parem de nos ver como idiotas, pois já vimos esse filme e sabemos que, se, daqui a cinco anos, todo o otimismo se transformar em bilhões de reais, nós, o povo, seremos os últimos a usufruir de benefícios. Continuaremos a pagar um dos preços mais caros do mundo por combustível de baixa qualidade misturado com água. Continuaremos a ver nossos jovens em escolas de péssima qualidade e desempregados, idosos morrendo nas filas dos hospitais, estradas intransitáveis, professores ganhando salários aviltantes e nossos atletas regressando das competições internacionais cabisbaixos pelo abandono consciente e proposital do governo rico.
/././././././././
Nenhum comentário:
Postar um comentário