O mundo é assim mesmo. Vivemos num ciclo infindável de insanidade e sofrimento. Depois da comunização da Rússia e da China e do alastramento dos movimentos proletários inspirados pelos ideais marxista-leninistas de igualitarismo social, cujos ventos semearam o domínio soviético por dezenas de países, as forças políticas mundiais se polarizaram no tripé: comunismo sino-soviético, fascismo ítalo-germânico e o capitalismo anglo-americano. As tensões oriundas dessa tri-polarização levariam o mundo a duas guerras mundiais, no curto período de pouco mais de trinta anos e culminariam com o holocausto dos judeus e o bombardeamento nuclear do Japão.
Além do saldo de milhões de mortos, do esfacelamento das forças do eixo e do fechamento da China Maoísta, o mundo ocidental capitalista passaria por uma onda de progresso econômico e tecnológico, sempre aterrorizado pelos ventos da guerra fria bi- polarizada entre Estados Unidos e União Soviética, respaldada por milhares de ogivas nucleares e pelos Tratado do Atlântico Norte e Pacto de Varsóvia.
Após setenta anos de barbarismo e sofrimento essa onda de insanidades somente teria fim com o surgimento de um idealista “mens sana” dentre os debilóides do Kremlin. O grande líder russo Michail Korbachov, ao assumir o poder, chutou as pedras do tabuleiro soviético e deu início à derrocada daquele império com a derrubada do lendário muro de Berlim, símbolo emblemático da animalidade humana.
Toda essa obscuridade aconteceu porque meia dúzia de loucos equipados com algumas frases de ordem, bons socos no ar e ideais mirabolantes e utópicos na cabeça; conseguiram enganar milhões de pessoas, a maioria delas miseráveis e ignorantes, sem eira nem beira, oriundas de camadas pobres e espoliadas há séculos. Dessa maneira ascenderam a esperança há muito perdida e semearam o ódio como combustível de guerra e de dominação. Assim aconteceu na Rússia, na China, no Japão, na Itália, na Alemanha e, porque não dizer, em Cuba, dedo mínimo do leninismo; todos protagonistas do barbarismo a que a história lamentavelmente registrou.
Mas, infelizmente, história é uma ciência social sem maior importância para a humanidade, que não costuma usá-la como fonte de aprendizagem e aperfeiçoamento. Caso o fizesse os ciclos de insanidade e sofrimento não se repetiriam com tanta freqüência. Para respaldar a afirmação estamos vendo nações do mundo inteiro dando asas ao Dragão Chinês, simplesmente esquecido da sua história pregressa de truculência e abusos de toda ordem contra direitos básicos já conquistados há muito no mundo civilizado. Há poucos anos, a paz na terra, foi ameaçada na Praça da Paz Celestial, pelos tanques do exército chinês, quando marcharam para cima de um bravo jovem, o qual indefeso conclamava o governo ao bom senso e à negociação civilizada. Não adiantou muito e mesmo diante da reprovação internacional aquele governo não se preocupou em atenuar a agressividade das imagens com qualquer desculpa. Aliás, a desculpa é sempre a mesma: “O partido comunista é absoluto e não admite contestações”.
Mais recentemente, estamos assistindo ao Tibet, pais de tradições filosóficas e de paz, apelar aos ouvidos internacionais para que o Dragão afrouxe o laço dos seus pés e na esteira dos preparativos para as olimpíadas imaginou que a repercussão tivesse influência nas duras decisões da política chinesa de dominação, como também sensibilizasse outros governos, que, teoricamente, se quisessem, teriam poder de pressionamento. Mas o que se viu foi exatamente o contrário. Um mundo leniente, se fingindo de surdo e mudo, diante da injustiça e do massacre contra um povo indefeso. Nem os americanos com seus músculos e sua tradição de ingerência na vida alheia se pronunciaram. Será por quê?
Porque os interesses econômicos, como sempre, pesam mais que quaisquer outros. O mundo esta de olho nas potencialidades daquele mercado emergente de 1,5 bilhão de pessoas e tem hoje, lá plantados, alguns trilhões de dólares. Portanto não é nada conveniente abrir o bico e cair na antipatia do Dragão. Por outro lado, há os que neguem, mas temem-se suas enormes potencialidades militares e sua tradicional indisposição para o entendimento. Portanto os massacrados que se danem.
Entretanto, o mundo esta se esquecendo da velha verdade: o rato que dorme com o gato, mais cedo ou mais tarde, amanhece comido. Nota-se excessiva tolerância com a China em todos os aspectos. De olho nas suas potencialidades o mercado mundial se escancarou sem limites para a invasão de produtos baratos e de má qualidade “made in China”. Nos quatro quadrantes do planeta milhões de empregos são suprimidos porque as empresas fecham filiais em seus países para reabri-las em território chinês e assim usufruírem dos baixos custos proporcionados por seu sistema trabalhista impositor e feudal.
Por outro lado essas mesmas manufaturas invadem outros mercados de forma impiedosa e avassaladora com a anuência de governos burros como o brasileiro que expõem suas empresas à concorrência desleal e predatória ao não lhes compensar com um sistema tributário menos estrangulador.
Como se tudo isso não bastasse ainda se faz vista grossa para suas gigantescas emissões de gases carbônicos na atmosfera, multiplicando as possibilidades de inviabilização da vida no planeta por muitas vezes. Em outras condições, seria inadmissível um pais que se moderniza para o futuro, com a ajuda e a anuência do mundo, se valer do carvão, um combustível fóssil largamente utilizado pelas superadas tecnologias do século XIX em detrimento de outras matrizes energéticas modernas, mais potentes e limpas.
Mas não há problema. A China é a China. Ultrapassará os Estados Unidos em trinta anos ou menos. “Estamos na torcida para que isso aconteça mesmo, pois não agüentamos mais o imperialismo americano!”. Como se os chineses não tivessem a mesma vocação. O mundo que se prepare, pois o dia que isso acontecer o Dragão mostrará a que veio. Desta feita, muito mais forte e alimentado pelo mundo. Conhecedor das virtudes do capitalismo e das vicissitudes do comunismo e some-se a isso, dono de um povo que não tem costume, nem está autorizado a contestar. Depois é só imaginar o dia que eles resolverem nacionalizar tudo que para lá emigrou de mão beijada. Qual será a reação do mundo? Um embargo internacional? Uma invasão? Aí o ciclo da insanidade se completará com outro período de muito sofrimento para a humanidade. Talvez um dia o mundo acorde, se não for tarde demais!...Por enquanto, que reine a santa paz.
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