Nem tanto por mera coincidência a América Latina faz parte do quintal do mundo e pelo jeito continuará ainda por muito tempo seu percurso rumo ao limbo do atraso tecnológico e social. Curiosamente os índices negativos vêm sendo, através dos séculos, diretamente proporcionais ao seu número de falastrões, ou seja: fala-se muito, joga-se muita conversa fora e trabalha-se pouco. Mazela herdada dos tempos da colonização é a justificativa corrente, mas a verdade é que quase dois séculos de independência, apesar de não ser tanto tempo, já seria suficiente para que alguma coisa estivesse nos eixos, se os governantes fossem mais honestos e menos burros.
Finda a guerra fria, tenebrosos tempos de perseguições, sumiços e execuções; quando todos os países seguiram a cartilha norte americana de combate às intentonas comunistas pela força bruta do pau furado e os americanos circulavam por onde quisessem sem ser incomodados, pois eram “good friends”; ninguém saiu ganhando nada a não ser pelo banimento dos idiotas comunistas. Mas qual semente germinou no campo educacional e tecnológico, por exemplo? O Brasil com seu gigantismo continental e suas potencialidades estratégicas poderia hoje, muito bem, ser uma potência nuclear, se os generais fossem tão inteligentes quanto nacionalistas e tivessem usado suas influências políticas como moeda de troca pelo apoio estratégico aos americanos. – Getúlio Vargas, a seu tempo, por ter retirado apoio aos nazistas ganhou uma siderúrgica novinha em folha, a CSN – Por falta de visão e jogo de cintura perderam a grande oportunidade e mais tarde, quando foram substituídos pelos festivos neoliberais, alguns yuppies moderninhos chegaram até a dizer que o Brasil não precisa de forças armadas: - “forças armadas prá quê, se não temos inimigos, estamos numa região pacífica e os americanos são nossos amigos?” Havia outras prioridades para investimentos e seria um absurdo gastar dinheiro com coisas secundárias. Durante os oitos anos do governo FHC, como nos sete do presidente atual as forças armadas brasileiras estão sobrevivendo com contingente e investimentos reduzidos. O resto da América Latina entrou pelo mesmo cano graças à década perdida compreendida nos anos noventa, quando toda a região apresentou índice negativo de crescimento contrabalanceado por desemprego, aumento da violência social, do contrabando e do tráfico de drogas com influências avassaladoras na sociedade brasileira e ainda assim ninguém defendeu prevalência em segurança nacional. A tal “segurança nacional” passou a ser um tema ultrapassado relacionado aos gorilas visionários da revolução de sessenta e quatro. Talvez seja porque julguem que hoje estejamos em total segurança.
Agora, quando a Colômbia, um dos nossos principais vizinhos do norte, que há décadas vem lutando contra a ação e o crescimento do narcotráfico e do terrorismo; resolve inteligentemente dar um basta na ocupação ilegal do seu território, na ingerência interna de grupos paramilitares desordeiros e na insegurança nacional, pede ajuda a Tio San, colocam as barbas de molho com medo de que nos tornemos alvo do seu caráter expansionista. Ora, devíamos ver que isto é mais uma das chanchadas dos novos comunistas que ultimamente estão tentando fundar outras Cubas na América Latina. Isto sim seria um real perigo, porque, com o apoio deles, poderão se sentir atraídos pelas potencialidades amazônicas outras potências com histórico menos amistoso que o americano, tais como Rússia ou China com suas foices e martelos.
Certa vez conversando com um amigo estudioso de política internacional e estratégias de guerra, tive o desprazer de ouvir que, se um dia qualquer potência resolver desembarcar e tomar posse de qualquer parte da região amazônica ninguém nunca mais a expulsa de lá. Certamente não por falta de vontade, mas simplesmente por falta de recursos bélicos, logísticos e tecnológicos. Em vista disso o que nossos governantes fanfarroneiros deveriam fazer é aprender que com conversa fiada nada se resolve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário