Interessante a memória humana! Ao longo da vida vivenciamos centenas de situações logo esquecidas, entretanto curiosamente algumas, talvez por envolverem pessoas queridas, passam a compor nosso repertório de lembranças especiais. Certa vez um colega de escola foi surpreendido com pequeno lembrete durante a prova de ciências naturais e não havendo lugar para descartá-lo imediatamente alojou-o na boca bem abaixo da língua. Diante da pressão do professor e da pergunta inquisitiva:
- Onde esta a cola? Entregue que eu vi!
Não houve outra saída senão engolir o bólido fervente bem diante dos olhares de todos. Furioso o professor decretou “zero” pela gravidade da falta e ainda ilustrou a situação com outra estória tão pândega quanto a que tinha acabado de acontecer. “Olha; você está parecendo aquela criancinha de cinco anos que lambuzada de doce se justifica para a mamãe não saber da existência da iguaria no armário”.
Passagens alvissareiras carregadas de tanta graça e inocência vêm intrigantemente sendo repetidas nos mais altos escalões da vida pública brasileira, desta feita não por criancinhas e adolescentes, mas pelos mais velhos velhacos; alguns octogenários que enlameados até o pescoço ainda se atrevem a esbravejar diante dos olhos do povo, este mesmo condenado a pagar os mais altos impostos da história da humanidade por pífios serviços públicos, exatamente por estarem sob o comando deles mesmos; políticos traidores ladravazes que nunca sabem de nada, nem são capazes de enxergar o próprio rabo.
Portanto senhores ladrões de colarinho não tão branco, do alto dessas letras tomo a iniciativa de declarar em nome do meu povo: - estamos enojados de vossas excelências, das vossas bravatas, das mentiras escabrosas, da vossa falta de vergonha, da vossa insuportável incapacidade de ser honesto, de assistir nossos idosos ganhando salários miseráveis e nossos jovens sendo educados num ambiente mafioso repleto de maus exemplos. Estamos cansados de pagar mais caro pelos transportados em rodovias da morte, de pagar por aposentadorias cada vez mais inalcançáveis, de ver escolas e professores incapazes de formar o cabedal humano necessário à crescente competição mundial.
Por favor, se não houver outra maneira de viver sem predar as carniças dessa sociedade sofrida, explorada há séculos, cansada das vossas figuras impolutas e sanguinárias; não por vontade divina, mas pela fome canina que assola vossos estômagos; que, pelo menos das próximas vezes, procurem inventar desculpas menos esfarrapadas deixando o banal “eu não sabia” apenas reinante na égide inocente das crianças ainda não corroídas pelas ferrugens maliciosas do vosso mundo político, escatológico e nojento. Assim não estarão subestimando inteligências e paciências. Ah, quando colocarem dedos sujos em riste os coloquem nas caras dos vossos iguais ou os introduzam naquele outro lugar, pois é do nosso bolso que pagam vossa abastança e todos aqui embaixo também têm famílias bem constituídas, ganham o pão na honestidade do sol a sol e nada devem à vossa máfia!
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