Portugal e Espanha, apesar da proximidade territorial e cultural, plantaram o ódio avarento entre os colonos enviados à América e o resultado se reflete até hoje. A acirrada competição da era colonial proveniente das grandes conquistas e da crescente perspectiva de expansão territorial no novo mundo teria levado os dois reinos à guerra e à autodestruição, se, por intermediação do Vaticano, não se celebrassem vários tratados; dentre eles o mais importante: “Tratado de Tordesilhas” e mais tarde o “Tratado de Madri”. Os velhos tratados, por incrível que pareça, foram respeitados, mas até hoje a influência rançosa da competição político-exploratória claramente não deixou de existir e vem funcionando como maldita herança. Apesar do discurso contrário, que inúmeras vezes enaltece a velha amizade de povos irmãos e do pacifismo reinantes na região, a verdade é que o convívio das nações latino-americanas nem sempre é tão amistoso e registra históricas desavenças políticas e até guerras por disputas territoriais e jurisdicionais.
Nesse contexto o Brasil sempre ocupou sua posição de maior e mais rica nação do continente de maneira bastante desconfortável. Primeiro pelas diferenças culturais o fazendo diverso entre os iguais, segundo pela vulnerabilidade da fronteira multinacional, terceiro, porque o fato de ser o menos pobre dentre uma horda de miseráveis gera muita desconfiança além da responsabilidade direta e indireta pela incompetência, pelo sofrimento e pelos azares dos demais. A diplomacia brasileira no intuito de atenuar essas tensões sempre procurou despersuadir a realidade com muita perícia, a fim de não ferir qualquer susceptibilidade e o Brasil tomou fama de mediador e pêndulo de um frágil equilíbrio num palco onde se deve falar pouco, observar muito e, de preferência, discordar o menos possível.
Numa eterna maré de altas e baixas aonde o humor dos “hermanitos” esta sempre à flor da pele, vem navegando o Mercosul, o bloco comercial encabeçado pelo Brasil e nascido na onda dos ventos da globalização, importante ferramenta capaz de fortificar seus membros diante do intempestivo mercado internacional; mas ao que parece o maior interessado sempre foi o Brasil, cuja diplomacia se esforça diuturnamente diante do desdém e da sempre viva onda de retaliações internas provenientes dos melindres, preciosismos e desconfianças de países membros cujo produto interno bruto, na maioria das vezes, é inferior ao de muitos estados brasileiros.
Mais recentemente o cacique Hobin Hood Morales levou quase de presente um complexo petrolífero pela metade do preço de custo e de quebra ameaçou deixar o consumidor brasileiro sem gás, caso não fosse atendido. O Paraguai, liderado pelo velho bispo Dom Lugo, novo presidente da república, conseguiu flexionar artigos contratuais pétreos relativos ao fornecimento de energia produzida pela usina binacional Itaipu, injetando na economia de seu país alguns milhões de dólares graciosamente. E qual terá sido o resultado final das ameaças do Equador de fintar o BNDES do Brasil; órgão financiador da construção de uma hidrelétrica executada por construtora brasileira, cujas regras contratuais acordadas não teriam sido cumpridas? Segundo a diplomacia brasileira tudo se resolveu a contento, mas, que me lembre, não foram dadas satisfações aos ricos contribuintes brasileiros.
Coincidentemente, três dos três heróis acima citados fazem parte do grupo dos novos cubanos da América Latina; os quais querem implantar a todo custo aqueles ideais comunistas mambembes, que não deram certo em lugar nenhum; e tudo sob o silêncio e assistência lenientes do governo brasileiro, cuja liderança se vangloria de pilotar a segunda maior democracia do mundo.
Agora os hermanos deram partida à corrida armamentista liderada pelo maior Fidel Castro da América do Sul, o presidente Chaves. Ele, que sonha com uma guerrinha, a fim de testar seu armamento novinho em folha adquirido da Rússia; pelo visto anda metendo medo nos idiotas, que certa vez queriam acabar com as forças armadas brasileiras, baseados na justificativa irresponsável de que o Brasil localiza-se entre “hermanos mui amigos” e esta “deitado eternamente em berço esplêndido” onde até Deus escolheu para nascer. Afinal de contas Deus é ou não brasileiro? Bom, a nacionalidade de Deus é assunto de somenos importância, mas uma coisa é certa: o deus do futebol é brasileiro. E até nisso temos rixas severas: eles com seus Maradonas e nós com nossos Pelés. Eles trinta vezes campeões da Libertadores e eternos desafiantes dos pentacampeões do mundo. Quem é o melhor? Tudo depende do ponto de vista de quem responde!...
Agora deixando esse papo de futebol de lado, o que será de nós contribuintes na era da corrida armamentista que se inicia na América Latina? Bem, o que nos resta a fazer é apenas torcer para que o dinheirão aplicado na compra de novos equipamentos bélicos não caia na mesma vala por onde desapareceram os equipamentos do Projeto Sivam, propagado a sua época como “Salvador da Amazônia”. Mais tarde vimos que não passava de mais um projeto eleitoreiro para fazer bobo dormir e reeleger FHC.
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