O Brasil esta enlutado pela morte de tantos
jovens presos e intoxicados num labirinto sem saída. Todos se perguntam
inconformados de quem é a culpa. Dos jovens que só pesam em se divertir?
Dos donos que só pensam em lucro? Da fiscalização, que não cumpre sua
obrigação? Da banda que usou artefatos pirotécnicos proibidos? Do
prefeito, do governador, da presidente? De Deus que não vela pelas suas criaturas?
Claro que acidentes acontecem, entretanto é preciso alguma reflexão
mais profunda antes de procurarem culpados depois que a casa já caiu.
Nossa memória é fraca e rapidamente esquecemos que esses acidentes são
muito mais freqüentes do que deveriam ser e que as potencialidades que
podem causá-los continuam aí à frente dos nossos olhos e não vemos,
porque não queremos, porque não temos consciência ou mesmo porque não
interessa financeiramente.
Há menos de um ano uma explosão causada
por vazamento de gás destruiu um restaurante no Rio de Janeiro,
localizado debaixo de um prédio residencial, numa região movimentada,
aonde morreram várias pessoas. Na época a imprensa procedeu da mesma
forma, os técnicos deram suas opiniões, os governantes se pronunciaram e
hoje todos já se esqueceram. As perguntas que calam são: o episódio
serviu para algum aprendizado? Foram tomadas providências em âmbito
nacional para que mortes por esse tipo de incidente não voltem a
acontecer?
Na mesma cidade do Rio de Janeiro, há pouco tempo, três
edifícios vieram abaixo por imprudência, imperícia e falta de
fiscalização. Varias pessoas perderam a vida de forma trágica. Foram
tomadas providências preventivas para que novas mortes e prejuízos
futuros novamente não aconteçam?
Existem milhares de restaurantes,
padarias e congêneres dentro de galerias, shopping’s, hotéis; todos
trabalhando com fogo e inflamáveis. Existem milhares de postos de
gasolina manuseando milhões de litros de combustível nas esquinas mais
movimentadas do Brasil, próximos a condomínios onde moram e transitam
multidões por dia. Será que as leis estão sendo observadas pelos
proprietários e cobradas pelos órgãos competentes? Não acredito.
Há
alguns anos um Boeing derrapou num aeroporto de São Paulo e algumas
centenas morreram carbonizadas. Estudos comprovaram que houve imperícia,
negligência, desídia, falhas técnicas de toda ordem. Entretanto o tempo
novamente calou as autoridades e a imprensa. Será quais providências
foram tomadas para subtrair as potencialidades desses sinistros aéreos,
nesse país que até hoje não conseguiu fazer nada para equilibrar demanda
e oferta no setor com espaços cada vez mais exíguos e pressão de fluxo
cada vez maior?
Milhares morrem a cada ano nas estradas mal
conservadas, mal sinalizadas, debaixo de caminhões gigantes guiados por
motoristas sonolentos ou em ônibus piratas, transportando pessoas
inconseqüentes incapazes de avaliar o perigo que correm. Outros milhares
morrem pelo alcoolismo ao volante e o que foi feito para proibir o
comércio de bebidas alcoólicas às beiras de rodovias e avenidas
movimentadas? Nada porque no Brasil a polêmica é a arma dos fora da lei.
O interesse econômico dos bares sobrepujou a preocupação com a vida de
inocentes.
Infelizmente temos a fama de ser um povo criativo e bom
no jeitinho. Enquanto continuarmos nessa, não adiantará chorar depois
que a casa vier ao chão. Criatividade é um dom que funciona bem em prol
do bem. Para o mal, basta fechar os olhos e depois chorar.
APRESENTAÇÃO
O conjunto de trabalhos que o amigo leitor encontrará aqui foi produzido ao longo de alguns anos. Não posso aqui precisar quantos, talvez uns vinte. A grande maioria deles publicada no jornal A TRIBUNA SANJOANENSE de SÃO JOÃO DEL REI (minha terra nanal) e NOVA MIDIA de BARBACENA; ambas tradicionais cidades históricas mineiras muito politizadas.
Obviamente há uma cronologia de publicação associada aos acontecimentos que inspiraram as respectivas reflexões. Depois de muito pensar, se deveria mencionar datas, resolvi aboli-las, pois achei que correria o risco de tornar seu passeio um tanto dirigido e até cansativo. Posso imaginar alguém lendo algo retratando fato acontecido há anos! Talvez se sinta entediado. Então, no intuito de instigá-lo, apresento uma miscelânea de trabalhos recentes e antigos, a fim de lhe subtrair, de propósito, qualquer direcionamento e deixá-lo livre para pensar, buscando no tempo, por si, tal associação. Acredito ainda que dessa forma esteja incitando sua curiosidade à medida que avance passos adentro. Sua leitura poderá inclusive ter início pelo fim ou pelo meio, que não haverá prejuízo algum para a percepção de que as coisas no Brasil nunca mudam. Ficará fácil constatar que a vontade política é trabalhada para a perpetuação da incompetência administrativa, obviamente frutífera para algumas minorias.
Penso que, se me dispus a estas publicações, deva estar antes de tudo, suscetível a criticas e, portanto, nada melhor que deixá-lo, valendo-se unicamente das informações contidas no texto, localizar-se na história. Caso não lhe seja possível, temo que o trabalho perca qualidade perante seu julgamento pessoal. Por conseguinte, acredito que isso não acontecerá; a não ser que o leitor não tenha, em tempo, tomado conhecimento dos fatos aqui retratados. Procurei selecionar de tudo um pouco; certamente sempre críticas, porém algumas muito sérias carregadas de um claro amargor. Outras, mais suaves, pândegas e até envoltas num humor sarcástico. Noutras retrato problemas da minha São João del-Rei. Até cartas para congressistas em Brasília há. E em alguns pontos, para abusar da sua paciência, introduzi coisas muito particulares. Críticas à parte, nessas, apenas falo de mim, afinal, apesar de amigos, talvez nunca tenhamos trocado impressões sobre coisas tão pessoais. . .
Aqueles que me conhecem há tempos, sabem que sou um obstinado por política, apesar de jamais tê-la exercido diretamente. Motivos houve de sobra e numa oportunidade poderei explaná-los. Todavia, do fundo do coração, afirmo que tal paixão tem como motor um doloroso inconformismo por ver o Brasil tão esplêndido e tão vilipendiado; vítima inconteste dessa cultura avassaladora de demasiada tolerância à antiética e à imoralidade na administração pública. Comprovadamente este é o pior dos tsunames com potencial para ter retardado nosso progresso mais de três séculos e grande responsável pela perpetuação da pobreza de metade da nossa população, pelo analfabetismo total e funcional, pela violência social e pelo abismo intransponível que aliena gigantesco contingente, maior que um quinto da população do continente sul americano. Diante do inaceitável absurdo, impossível me conformar em silencio diante dos atos e fatos que vão vergonhosamente enxovalhando nossa história e nos deixando como um gigante deitado sobre o escravismo que a Lei Áurea não foi capaz de abolir.
O título? Esse, talvez, seja o mais difícil explicar. GRITOS SEM ECOS representa uma espécie de pedido de socorro do náufrago, que sabe que de nada adiantará espernear, pois não há interlocutores, não há socorro, não há saída, não há conscientização; mas, assim mesmo, grita.
Será um prazer receber sua visita e ler suas opiniões, elogios ou críticas.
Forte abraço!
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
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