O Brasil é a segunda maior democracia do mundo, não pela qualidade, mas pelo tamanho gigantesco da sua população. Quando a sociedade brasileira conseguir reduzir o abismo que separa ricos e pobres, não só no campo econômico, mas também no social e educacional, aí sim, seremos grande democracia em tamanho e qualidade.
A receita para esse intento, no entanto, não se encontra nos manuais marxistas e muito menos na conduta político-administrativa ditatorial dos países comunistas. Pelo contrário; todas as sociedades que foram ou ainda estão submetidas a regimes ditatoriais, de qualquer orientação, sofreram ou estão sofrendo pelo atraso tecnológico, social, político e democrático.
Os líderes que se encontram hoje no comando das nações pobres ou consideradas emergentes sabem disso tanto quanto também conhecem a receita usada pelos países ricos e democráticos; os mesmos que conseguiram reduzir a pobreza com sustentabilidade, ou seja, sem implantar na mentalidade popular a ilusão de que o Estado pode e deve funcionar como pai e mãe de todos os desvalidos. A essa política chamamos “assistencialismo populista”, cuja utilidade é criar uma massa de manobra incapaz de pensar, julgar e escolher seu próprio destino; abrindo espaço para que governantes se transformem em donos absolutos da nacionalidade, podendo dispor das riquezas culturais e materiais segundo interesses pessoais e aos da elite que os apóia.
A democracia plena e igualitária é fruto do trabalho de líderes verdadeiramente comprometidos com as liberdades humanas em sua plenitude, entendendo-se que a maior delas é a capacidade do universo de indivíduos competir de igual para igual, porque todos tiveram as mesmas oportunidades educacionais; entendendo-se isso como direito à educação de alta qualidade desde o período pré-escolar até os últimos anos universitários.
A máxima que no presente orienta o pensamento político brasileiro: “País rico é país sem pobreza” não passa de uma alegoria lingüística, uma espécie de silogismo barato de cunho populista; nada mais que um jogo de palavras para impressionar cidadãos mal informados. Eu digo que país rico é aquele que não fabrica dependentes e ignorantes úteis, nem admite comércio de votos de cabresto.
Independentemente da orientação política: capitalismo ou comunismo; não importa; se não houver comprometimento com a verdade e com o abraço fraternal entre eu, você e nós, nada funcionará bem. As injustiças atribuídas ao sistema capitalista brotam no âmbito da falta de solidariedade, na incapacidade de respeitar direitos constitucionais que impõem igualdade entre os indivíduos e na leniência dos governantes que não submetem o Estado a sua utilidade precípua que é a de proteger o cidadão indefeso garantindo justiça social prevista em lei constitucional.
De outra forma os timoneiros comunistas, que historicamente precisam usar da força ditatorial, para se impor sobre a natureza livre do ser humano não conseguem livrar-se da ambição absolutista e montados no Estado o transformam em carrasco impiedoso capaz de exterminar, unicamente baseados em condenações sumárias, na maioria das vezes pelo crime banal de discordar das políticas estatais impostas sem consulta popular.
Diante de sérios defeitos estruturais dos dois regimes, não é difícil concluir, portanto, que o melhor sistema é aquele que mais respeita as liberdades individuais e os direitos básicos do ser humano de se educar, se informar, se movimentar livremente, se manifestar, se defender, se alimentar, investir, procriar e ser protegido pelo Estado. A isso chamamos "Estado de Direito" e é com esse que devemos caminhar rumo ao futuro, se é que assim desejamos.
Portanto, as nações que almejem construir uma sociedade menos injusta devem substituir políticas demagógicas de extremistas paranóicos de direita ou de esquerda, como também foices e martelos obsoletos comunistas pelo conjunto: honestidade, cumprimento dos direitos básicos previsto na Constituição Federal, escola de alta qualidade para ricos e pobres, democracia, empreendedorismo, administração eficiente dos bens públicos, combate severo à corrupção, racionalização dos gastos do Estado e computador integrado à rede mundial acessível a cem por cento da população.
Segundo Alvin Toffler, importante pensador norte americano: “Os analfabetos no futuro não serão aqueles que não sabem ler ou escrever, mas aqueles que não tiverem oportunidade de aprender, reaprender e voltar a aprender.” Impossível tratar desse tema sem mencionar o consagrado escritor futurista, que a esquerda considera um visionário louco, autor de uma das mais polêmicas obras do século XX: “A Terceira Onda.”
Ele dividiu o tempo e o espaço desenvolvimentista da humanidade em três partes as quais classificou como ondas. A primeira onda considerou a época da agropecuária básica, quando novas gerações exploravam a terra como seus ancestrais faziam há milhares de anos; num padrão básico de produção para subsistência pessoal e familiar. A segunda ressalta a fase da industrialização maciça, uso intensivo do automóvel, do transporte de massas, inchaço das grandes cidades, poluição, falta de planejamento no campo da sustentabilidade. A terceira trata do fenômeno internet, introdução do computador nos lares, no trabalho e nas empresas como eletrodoméstico comum e de uso diário; tendo como pivô central a proliferação de funções e profissões que exigiriam cada vez mais conhecimento de alta sofisticação tecnológica.
Lembro que suas previsões futurísticas preconizadas na obra “Terceira Onda” foram publicadas ainda na década dos oitenta, quando a internet e as novas tecnologias ainda causavam espanto e incredulidade até nos cidadãos das nações desenvolvidas. Mas a pérola máxima das suas previsões viria, quando enxergou que a popularização das altas tecnológicas produziria maior eficiência e produtividade, mas em contrapartida exigiria grandes investimentos em educação e que este seria o caminho mais curto e barato para a extinção da pobreza na sua condição de subproduto da ignorância. Exemplos de nações que seguiram sua cartilha e tiveram sucesso inimaginável: Japão, Korea do Sul, Austrália, Nova Zelândia.
Diante dessa magnífica futurologia, que a cada momento mais se concretiza e toma ares de indiscutível realidade, cabe a inevitável pergunta: Qual será o futuro do Brasil e demais nações, que, por ventura ainda continuem navegando na contra mão da Terceira Onda, por simples radicalismo ideológico ou mesmo porque ainda enxergam no uso da ignorância um bom passaporte para a permanência no poder?
ANTÔNIO KLEBER DOS SANTOS CECILIO.
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