Cristo, nas suas célebres palavras: “Pedro, tu és pedra e sobre essa pedra edificarei minha Igreja” lançou o alicerce fundamental dessa, que, ao longo dos séculos, passaria a ser considerada a “Igreja Católica”. O termo católico é oriundo da palavra grega “Katholicos” que tem como significado: “total ou geral”. A Igreja de Cristo, mais tarde se constituiria em duas vertentes: A física; representada pela hierarquia, cuja cabeça é o papa sucessor do apóstolo Pedro, como também os monumentos edificados e utilizados a fim de abrigar encontros e comemorações dos cristãos católicos. A outra vertente, cujo objetivo primordial é a conversão ao ensinamento e à pessoa de Jesus Cristo, em vista do alcance do Reino de Deus, é a fundamental e a mais importante e, por isso mesmo, aquela que vamos retratar nesta reflexão.
Naturalmente nos acostumamos a rotulá-la sob a ótica material necessária e muito importante, pois coexiste na materialidade e esta composta por homens tão fracos e falhos como outros quaisquer. Portanto, ofuscados nas brumas do enfoque crítico puramente mundano, tendemos a nos esquecer exatamente da questão principal, aquela que veio nortear a sua criação: a “FRATERNIDADE ENTRE OS HOMENS”; sua messe básica e único caminho para estar em consonância com a missão redentora de Cristo.
Diante dessa afirmação a responsabilidade do cristão católico aumenta grandemente, pois a missão evangelizadora da sua igreja não deve e não pode estar unicamente depositada nas mãos da hierarquia que a compõe e representa, mas nos ombros de todos. Por isso mesmo a 5ª CONFERÊNCIA DE APARECIDA acentua a figura do leigo como verdadeiro discípulo de Cristo devido ao sacramento do Batismo. Se Cristo foi o grande missionário da mensagem de salvação, a igreja assumiu papel coadjuvante de natureza missionária e por isso todos devem incorporar sua personalidade missionária, não a atribuindo tão somente aos padres, aos bispos ou, até mesmo, ao Papa.
No início a igreja compunha-se apenas de discípulos que viajavam com Cristo, amando-o, se aperfeiçoando e aprendendo na convivência diária, nas conversas com perguntas e respostas recheadas de explicações inteligentes sacadas da prática da vida e das escrituras. Hoje essa premissa é incitada a estar mais viva que nunca. A única e boa diferença é que a Igreja transformou-se numa legião de mais de um bilhão de católicos por todo o mundo.
Na contrapartida da grande complexidade que caracteriza o mundo moderno, conturbado pelas controvérsias políticas visando tão somente poder e dominação e pelo grande número de homens que ainda sofre vitimado pela desigualdade ou por ditaduras sanguinárias, há, na conscientização humana e, portanto, nos horizontes futuros da humanidade, uma refrescante noção democrática que visa assegurar ao homem seu direito nato à liberdade em todos os aspectos, obviamente salvaguardando-se a ética. Segundo minha modesta opinião, a Igreja Católica, na esteira da sua missão evangelizadora de igualdade e fraternidade, está em perfeita sintonia no combate a esses problemas que fustigam o mundo moderno, com a filosofia democrática e com a dinâmica globalizante. Dentro dessa ótica ainda chamo atenção para um intrigante fenômeno atribuído mesmo ao poder máximo de Deus. A Igreja de Cristo é a instituição mais antiga na história da humanidade e por isso mesmo o mais emblemático exemplo de superação que se conhece. Da insignificância do seu nascimento, quando os primeiros cristãos eram jogados às feras e seu mentor supremo foi condenado à crucificação, chegou ao apogeu apoiada pelo imperador Constantino, que a promoveu como igreja oficial do Império Romano, para se impor sobre a mesma Roma que a execrara. Mais tarde, ao longo de séculos, denodou-se em disputas políticas, perseguições, condenações sumárias e guerras injustas promovidas por dirigentes inescrupulosos, mas finalmente reencontrou-se pelo restabelecimento da prática evangelizadora em nome de Cristo, como seu objetivo principal.
Segundo o documento de Aparecida “A Igreja é chamada a repensar profundamente e a relançar com audácia sua missão confirmando, renovando e revitalizando a novidade do evangelho no presente e para a história. Entretanto isso não depende tanto de grandes programas e estruturas materiais, mas de homens e mulheres que abracem a missão de serem discípulos e missionários em diálogo ininterrupto, a fim de servirem-se mutuamente. Assim a Igreja católica e os cristãos são conclamados a assumir o papel de portadores da boa nova de Jesus, de preferência sem estrelatos, seguindo Suas atitudes, se lembrando de que Ele se fez servidor e obediente até a Morte de Cruz”.
Jesus morreu na cruz para salvar a humanidade da subversão à justiça. Seu crime foi subverter a cultura da espoliação dos mais fracos pelos mais fortes. No entanto, hoje a injustiça social continua tão profunda quanto antes e a espoliação corporificada em fome, miséria, violência, corrupção, falta de oportunidades e outras desigualdades inadmissíveis numa era considerada como civilizada. Todos os católicos, portanto são convidados a trabalhar nessa missão evangelizadora moderna na sua roupagem, mas tão antiga quanto os pregos que prenderam braços e pernas de Cristo à Cruz, e abraçar com um amor incondicional, semelhante ao de Deus a todos, especialmente aos pobres e aos que sofrem toda ordem de injustiças. Mãos à obra é a nova ordem e deve estar acima de qualquer ação ou palavra crítica, pois os críticos são os que menos trabalham e assim não merecerão a complacência, o perdão, nem o Reino de Deus.
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