O ESTADO CRIMINAL E O SINDICATO DE LADRÕES
Em 15 de novembro de 1889 o Brasil foi transformado numa república para que se cumprisse o velho sonho de tantos jovens sonhadores e intelectuais idealistas. Uns dizem que a única justificativa foi a simples influência vinda da América do Norte, numa imitação da opção dos Estados Unidos pelo presidencialismo. Outros que o Imperialismo era um sistema político caro, baseado em privilégios, de pouca flexibilidade, nenhuma alternância de poder e que a história do Império do Brasil estava calcada em desvios comportamentais, escândalos sexuais, traições e um velho ranço escravagista.
Mudar era necessário e foi o que aconteceu. Passou-se ao presidencialismo, mas o clientelismo e a macabra mancha negra do escravagismo jamais tiveram fim. A íntima relação entre políticos e os oligarcas das elites dominantes sempre transitou livre pelos salões dos palácios governamentais e nunca deixou de ser a chave capaz de abrir portas inimagináveis para um humano qualquer. Favores comprados a peso de ouro e cargos conquistados à surdina nas negociações espúrias e noturnas, enquanto a plebe pagante de impostos dormia o sono dos inocentes, jamais deixaram de ser o manual dos bandidos de gravata e cartola.
A escravidão sobreviveu agora não mais tão negra, mas miscigenada. Olhos azuis ou puxados, desde que não fossem ligados aos esquemas de poder também passaram a habitar a nova concepção de senzala. A sujeira corporal e o odor de suor e urina transferiram-se para bairros miseráveis das periferias, plantações de café, fábricas e suas cargas horárias de doze horas diárias, cuja exploração física substituiu a chibata, mas não deixou de doer tanto quanto suas investidas.
Essa situação jamais deixou de ser o estopim das permanentes conturbações sociais que povoam as paginas da História do Brasil, um país que em pouco mais de um século já teve mais de trinta presidentes, nem todos eleitos por eleições diretas e democráticas, sem contar vários mandatos interrompidos e revoluções com centenas de mortos e desaparecidos.
O resultado funesto da constante instabilidade é que nunca sobrou tempo para que os governantes governassem, pois todo o tempo que lhes restava era para governarem o desgoverno e seus interesses próprios. Enquanto isso o ato de defender os interesses do povo ficou esquecido em patamares inferiores na importância das prioridades do Estado. A bem da verdade a ordem política brasileira chegou a um caos tão profundo que o povo é que passou a ser ferramenta de defesa dos interesses do Estado, fato que transformou o Brasil num país atrasado, endividado, fora do compasso da dinâmica do mundo desenvolvido, povoado por uma horda de ignorantes, analfabetos e conformados. Se considerarmos que a profunda ignorância gera pobreza e que a conformação leva ao comodismo, a sociedade brasileira se transformou no melhor dos mundos para os picaretas e espertalhões. Um lugar onde se pode cometer o mais bárbaro dos crimes contra os interesses do povo que tudo estará perdoado e esquecido; cuide-se quem reclamar.
Então Deus ajudou e nos deu o Partido dos Trabalhadores (PT) e suas propostas de justiça social, tão fortemente defendidas pelo seu comandante máximo. Ninguém teve dúvida de que o condutor divinamente inspirado era Luiz Inácio Lula da Silva, o nordestino de origem humilde, sindicalista empedernido, com história e coragem de sobra para governar o desgoverno nacional e colocar o Brasil no rumo da ordem e progresso com merecida democracia.
Ele então não demorou a mostrar a que veio. Tomou posse com pompa e circunstância, discursou aqui e ali, na ONU, na OEA, no FMI, no Banco Mundial, em dezenas de palanques e universidades, ganhou importantes títulos e honrarias, elegeu uma sucessora e virou “O CARA”; porque sabia como ninguém convencer a todos que conhecia a mágica que levaria o Brasil a se transformar em modelo de desenvolvimento, assim como em exemplo de como se deve e se pode exterminar a pobreza em todo o mundo.
O mundo acreditou nele como a maioria de nós brasileiros. Entretanto, o povo brasileiro não sabia o que o mundo já tinha conhecimento. Doze anos antes de tomar posse como presidente salvador da Pátria, Lula já estava de conchavo com o grande ditador Fidel Castro, quando fundaram o "Foro de São Paulo". Um órgão de magnitude continental, com o intuito de transformar o Brasil e a America Latina em redutos marxistas, onde tradicionalmente a ordem democrática só existe no papel. O Mundo fechou os olhos, porque Lula sempre fez questão de mencionar a palavra “democracia” em todos os seus pronunciamentos e, a fim de conquistar a confiança do povo, lançou mão do mais profundo populismo da historia do Brasil. Baseou o crescimento na distribuição de dinheiro fácil, no consumismo irresponsável, fez olhos e ouvidos de mercador para o desgoverno a sua volta e para a crise mundial que se prenunciava. Transformou-se no maior fenômeno de popularidade jamais visto no Brasil e sem ninguém perceber dirigiu o país rumo ao desastre passando a gastar sistematicamente mais do que a máquina produtiva comportava. Para manter tudo isso, construiu sua ilha da fantasia cercada pelo sistema tributário mais faminto do mundo.
Então passamos a viver a tragédia anunciada, uma vez que o populismo é um sistema perverso de duas mãos. Uma dá aos pobres sem prepará-los para viver por conta própria e a outra toma, através da alta carga tributária. Enquanto isso as duas posicionam elementos de confiança em cargos chaves, para acobertar falcatruas e limitar o alcance da lei ao que chamamos de “Aparelhamento do Estado”. No entanto o populismo ainda tem outra face oculta e perigosa, uma vez que promove fantasioso estado de felicidade baseado numa especie de cortina de fumaça para distrair o povo, enquanto a estrutura governamental se prepara para destruir a democracia e eleger um querido ditador comunista.
Isso não podia resultar em outra coisa. O ambiente de êxtase passageiro anestesiou a consciência popular e transformou o Brasil numa espécie de "Sindicato de Ladrões" com direito a se apropriar da coisa pública a hora e da maneira que bem entender sedento para dividir gordos lucros, desde que os prejuízos sejam pagos pelo povo.
Essa é a triste história de uma nação que há mais de cinco séculos teve seu destino selado pelo banditismo extrativista, transportado até aqui nos porões das caravelas portuguesas e até hoje conservado com especial carinho na geladeira das consciências mortas.
Enfim, parece que as tais consciências começam a ressuscitar e um sopro de vida nasceu lá pelas bandas do Estado do Paraná. Um tal general Sérgio Moro e seu exército de jovens guerreiros resolveram estancar o esgoto que há cinco séculos vem envenenando o organismo nacional e assassinando a Ordem e o Progresso. Que os anjos do bem digam amém, porque os do mal são quase indestrutíveis.
Deus salve o Brasil e seu pobre povo heróico e cansado!
ANTÔNIO KLEBER DOS SANTOS CECÍLIO