TRÊS BRASIS E UM ABISMO
Nos seus quinhentos e quatorze anos
de história acredito que os brasileiros jamais tenham experimentado tamanha
ebulição social como a destes últimos anos, meses e dias. Fortes emoções nos
envolvem a todo instante e nem é preciso estar à frente da televisão ou de um
jornal virtual para que a indignação bombardeie a consciência e faça ferver o
sangue. A avalanche de informações
negativas invade, sem pedir licença, células profundas da sociedade, desestabiliza
o equilíbrio emocional, contamina valores éticos e estremece relações antes
estáveis de maneira tão violenta que a impressão primeira é a de que não mais
há limite entre certo e errado, entre bem e mal. Pequenas cidades, seculares
ambientes de sossego, lentamente vêem seus índices de criminalidade crescer,
vicejando no adubo da petulância de jovens e adultos amparados por legislações
dúbias e tolerantes, mal formados na torrente de exemplos negativos que a toda hora inundam o
ambiente formal e legal necessário em qualquer meio comunitário.
Natural ouvirmos alguém dizer que o
mundo esta de cabeça para baixo; numa clara tentativa de justificar como
naturais os transtornos comportamentais vividos pela sociedade brasileira. O
mundo nunca foi virtuoso em paz e bons exemplos o que demonstra que a
convivência humana é difícil e tempestuosa, uma vez que interesses terceiros de
menor importância sempre suplantam o respeito e as normas da boa convivência
entre diferentes culturas. Entretanto no Brasil algo mais vem acontecendo que a
maioria das gentes ainda não se apercebeu: estamos passando por uma revolução cultural
de origem marxista, inspirada nas Revoluções Cubana e Venezuela; o que
significa afirmar que o comunismo esta batendo às nossas portas.
A palavra revolução por uma questão histórico-cultural
nos remete à lembrança de levante armado; o que aconteceu amplamente no
passado, mas que agora mudaram-se as táticas. Armas, tiros e assaltos foram substituídos
por doutrinas ideológicas e lavagens cerebrais. Algo que funciona como a
inocência de um alçapão colocado no galho da árvore frondosa. As aves
descuidadas e famintas deixam de usar seus instintos naturais de caça e, diante
do alimento fácil, caem na armadilha perdendo a preciosa liberdade. Também a
sociedade brasileira esta caindo no alçapão das promessas fáceis; se esquecendo
que na vida tudo tem um preço e que nem sempre a moeda de troca é dinheiro;
também pode ser a liberdade.
Em outras palavras, o brasileiro
sofredor diante de tantos problemas estruturais que o escravizam há séculos
esta diante de um belo alçapão dourado contendo ilusórias liberdades oferecidas
de mão beijada por governantes que não cumprem preceitos constitucionais, os
quais obrigam o Estado a oferecer
igualdade de condições para todos os cidadãos. Em compensação, transformaram o
Brasil no paraíso das bolsas e dos direitos! No entanto, ninguém se lembra dos
deveres do cidadão, nem da exploração tributária contra os mesmos pobres que
recebem ajuda.
Subsídios em todos os níveis de
governo são distribuídos com o intuito de facilitar a vida do pobre, enquanto
não se investe em ensino básico de boa qualidade para o jovem pobre, não se
valorizam professores, não se investem em um sistema de saúde popular avançado,
financiam-se casas pequenas de baixa qualidade, oferecem-se transportes públicos
ineficientes e caros, cobram-se tributos altíssimos, fazem-se vista grossa com
os ladrões dos cofres públicos e os pobres continuam confinados em favelas e
guetos nas grandes cidades. Vê-se claramente que não há objetivo claro de
resolver o problema, mas apenas amenizá-lo com iniciativas sensacionalistas que
causem impacto psicológico nacional e internacional e a falsa sensação de estar
sendo lembrado e assistido. Estamos diante da próspera e falsa indústria do
voto de cabresto!
Mas a revolução doutrinária não para
por aí e vai ainda mais longe quando desvaloriza, ridiculariza e desautoriza
autoridades constituídas democraticamente dentre elas a polícia, os tribunais,
o ministério público, alguns parlamentares sérios e honestos, as forças
armadas, a igreja, a imprensa, a escola, o professor, os médicos e desmerece
personalidades históricas e seus feitos importantes, muitas vezes baseada na
justificativa chula de que sempre estiveram a serviço do imperialismo e contra
os pobres. Reescrevem a história segundo seus interesses político-doutrinários!...
Na verdade os poderosos sempre
estiveram de costas para os pobres, assim como o Estado com todo o seu poder
legal constituído, em vez de fazer valer a lei em favor dos menos aquinhoados, sempre se transforma no maioral dos imperialistas,
virado também de costas para os pobres; de modo que a pobreza sempre funcione
como bom e eficiente cabo eleitoral alimentado com esmolas baratas. Um sistema
sórdido, caro e improdutivo em que o pobre sempre será dependente e nunca
deixará de ser pobre, a classe média ficará pobre, o rico perderá grande parte
das suas posses, e o Estado Marxista continuará apadrinhando seus aliados com
altas vantagens, salários e direitos exclusivos em troca de apoio e poder
eterno. Abrão Lincoln, grande pensador e ex-presidente americano, referiu-se a
essa distorção política com a seguinte reflexão: “Não fortalecerás os fracos
por enfraqueceres os fortes.”
Por isso a todo instante assistimos
a invasões de propriedades rurais e nas cidades a uma horda de bandidos
raivosos destruindo tudo que encontra pela frente, senhores de si, claramente
despreocupados com punições, diante de policiais assustados, impotentes e na
defensiva à frente de uma sociedade estupefata e amedrontada; enquanto o
governo faz olhos de mercador e se contorce em explicações superficiais, dentre
as quais a de que a polícia sempre foi autoritária, precisa mais treinamento e
que os prejuízos e mortes são justos para os imperialistas que só sabem
explorar os pobres. Melhor julgador será você, se algum dia uma malta de
vagabundos invadir, quebrar e incendiar sua casa e matar sua família...
Todavia, tudo que estamos vendo trata-se
ainda do resumo do filme, porque a história demonstra que, quando o tempo de transição
passa e os candidatos comunistas sobem ao poder sua primeira providência é
cassar a democracia e a todos que em seu nome agiram, inclusive os baderneiros,
bolsistas e incendiários que um dia pensaram que poderiam tudo, protegidos por
um falso governo democrático. Infelizmente
foram usados como ferramentas de desestabilização social e agora precisam ser
eliminados, pois governos comunistas não toleram manifestações, nem vagabundos
violentos, nem escritores como este que ora lês, porque laranjas podres no
mesmo saco podem contaminar outras.
Nesse compasso o Brasil fervente
esta aspergindo vapor de desorganização, incompetência e grave tendência a um
estado policial comunista para os quatro cantos do mundo. Lentamente a imagem
do país vai perdendo brilho e ganhando fuligem como país conturbado, que não
oferece segurança e garantias democráticas nem mercadológicas aos investidores
nacionais e internacionais. Assim o sonhado Brasil produtivo e dinâmico, que precisa
acompanhar a evolução tecnológica desenvolvimentista preparando seu capital
humano de maneira eficiente, a fim de gerar milhões de empregos, para acabar
com a pobreza de maneira sustentável, produzir milhares de toneladas de grãos e
ostentar grande esperança, não só como potência agro-industrial, mas também
como potência industrial-democrática moderna, sensível às demandas sociais vai derretendo,
perdendo potencial e se transformando num sonho para confirmar o título de
“Brasil, país do futuro”, que nunca chega.
Lembro que esse é o motivo básico da
volta da inflação que coroe salários e capitais. À medida que caírem os
investimentos, cairá também a produção. Baixa produção não sustentará o mercado
gerador de impostos. Com baixa arrecadação de onde o governo sacará recursos
para pagamento de bolsas e demais despesas de custeio e investimentos? A
continuar crescente a atual política de auxilio aos pobres e massacre de quem investe
e produz, entraremos num círculo vicioso insustentável. Por isso a matemática e
a história ensinam que Estados Comunistas são ineficientes. Não adianta
tentarem reinventar a roda diferente do que ela já é, assim como não adianta
tentar inventar outro sistema diferente dos padrões capitalistas. Urge que se reinvente os governantes e
coloque em suas cabeças duras que a probidade, o Estado Liberal Democrático
Forte e a Educação de Massa de Alta Qualidade são os únicos caminhos para se
acabar com a pobreza de maneira sustentável.
Já escrevi aqui nessa tribuna e
volto a repetir: - Marx era um aventureiro, que nunca produziu nada de útil. Sonhou
acordado com um Estado Igualitário, mas se esqueceu da estupidez humana. Teria
sido melhor que fosse para um mosteiro estudar São Tomaz de Aquino ou as Cartas
de São Paulo. Assim teria salvado sua alma, poupado a humanidade de tanta conturbação
e assassínios, como também da pobreza material e espiritual.
Para finalizar e liberar o prezado
leitor que já deve estar cansado deste blá blá blá, temos ainda a considerar,
além do Brasil Marxista e do Brasil Produtor, o Brasil Farrista. Esse, sim é
sensacional e nem o melhor dos circos seria capaz de suplantá-lo em tamanhas palhaçadas
e acintes com o eleitor e espectador. Sua
única e lamentável utilidade é balançar a cabeça concordando com tudo ou
discordando de tudo, desde que paguem bem.
Veja o prezado leitor a
incongruência desses três Brasis; um tripé, cuja sustentação tem sido suportada
por um só lado. Uma família onde um trabalha e dois gastam desordenadamente não
poderá ir longe! Isso não é vã filosofia, nem sonambulismo utópico marxista,
nem muito menos intriga da direita imperialista; é pura matemática. Quanto ao
abismo, terá que ser tão grande quanto a burrice de quem acredita em mágicas e
discursos marxistas para boi dormir; porém não se iludam, porque ele existe e a
continuarmos na toada atual, vai nos tragar, assim como tragou sociedades
maiores e mais amadurecidas que a Brasileira.
ANTÔNIO
KLEBER DOS SANTOS CECÍLIO.