Na
edição passada, refletimos sobre a importância do saber. Hoje vamos um pouco
mais adiante e veremos qual o papel do ser humano bem informado e culto no
contexto do processo de desenvolvimento.
A
capacidade de pensar transformou o animal homem/mulher num ser analítico e
nessa condição, eternamente insatisfeito. A causa da nata insatisfação humana
sempre foi o desafio de sobreviver num meio hostil caracterizado por
intempéries, predadores, distâncias, demais obstáculos tais como necessidade de
comunicação, escuridão, remoção de peso, doenças, conquista de espaço físico
para extração de materiais necessários à construção de abrigos e estradas e do
domínio de fontes de água.
Para a espécie humana a grande contradição da aventura de se manter vivo
no laboratório da vida sempre foi lutar contra a própria natureza. Por isso
todos os modelos de desenvolvimento humano estão baseados no ato de explorar destruindo
para construir viabilizando engenhos artificiais capazes de proporcionar bem
estar e segurança.
Entretanto
o fato de estar seguro não se resume exclusivamente à posse de armas de defesa.
A necessidade de produção e provisão farta de alimentos, o acesso possível e
fácil a recursos naturais e o domínio de técnicas para explorá-los e
transformá-los, também é uma forma de segurança e à medida que se aprimoravam
os processos o homem descobriu que uma maneira bastante eficiente de assegurar
tranqüilidade é através da acumulação de riquezas o que, na forma de alimentos,
significa armazenamento. Todavia, ao passo que alguns grupos sociais foram se
desenvolvendo chamaram atenção da concorrência, ou seja: outros grupos ao
tomarem conhecimento de tantas novidades e comodidades também passaram a almejá-las
e esse fato gerou disputas, competição, insegurança, dominação, escravidão e
morte.
Apesar
disso a espécie humana é a mais bem sucedida no teatro da vida; e sucesso aqui se
traduz em quantidade. À medida que os humanos dominavam a natureza e aumentavam
as possibilidades de sobrevivência, vários grupos sociais gradativamente se
espalharam por todos os quadrantes do planeta demandando cada vez mais espaço e
destruindo mais ecossistemas formados há milhões de anos assim dando início ao
processo de degradação ambiental.
O
espaço físico disponível no planeta é pouco para atender à demanda de uma
população que nunca parou de crescer; juntamente com ela aumentando também as
necessidades, cuja satisfação exigia mais e mais esforço exploratório, cada vez
mais e mais espaço e mais avanço sobre os ecossistemas virgens.
Essa
combinação de aumento paulatino das distâncias, das populações, das demandas
por mais espaço criou cada vez mais necessidades, resultando na pressão pelo
alcance de mais eficiência nos processos de exploração. Os consumidores e
produtores agora estavam muito distantes e era necessária criação de centros de
convergência aonde as tribos se dirigissem, a fim de negociar para se abastecer.
Estes locais de encontro para a realização de negócios foram os primeiros
protótipos dos centros comerciais modernos.
Contudo
as dificuldades ainda se configuravam muitas e, dentre elas, a mais importante
era que nem todos tinham condições de produzir, pois o espaço físico já se
encontrava ocupado pelos pioneiros que chegaram primeiro. Quem não tinha
espaço, não podia produzir alimentos e consequentemente nada a oferecer em
troca. Daí sobreveio a brilhante idéia de se criar a moeda. Um meio circulante
que podia converter-se em valor semelhante a determinada quantidade de bens. Estava
criado o mercado na sua condição mais elementar contendo centros de comércio
com produtores reunidos oferecendo produtos de suas propriedades a compradores
com moeda para trocar.
O
mercado logo se tornou mais complexo e a bipolarização entre proprietários
produtores e compradores consumidores agregou transportadores, limpadores,
tratadores de animais, guardas. Estes seriam os primeiros empregados e
prestadores de serviço, que são aqueles que não detinham propriedades, mas
podiam oferecer sua mão de obra em troca de moeda. A partir daí estava
inaugurado o setor terciário ou de serviços e assim as primeiras relações entre
capital e trabalho.
Na
seqüência dos acontecimentos a expansão populacional continua a pressionar e a
velha fórmula de mercado não mais suporta a demanda. Novas conquistas brilham
no horizonte. Era a industrialização que despontava. O simples extrativismo
associado a processos elementares tornou-se obsoleto pela ineficiência. A
invenção de engenhocas capazes de produzir centenas de vezes mais rápido que um
trabalhador braçal era uma realidade irreversível e veio para ficar. Surgiram
as primeiras máquinas têxteis, a inusitada máquina a vapor, aposentou-se a vela
na navegação, descobriu-se o petróleo e aconteceu a invenção dos primeiros
automóveis. Estava dada a largada para a industrialização em massa. A ciência agora
era a grande estrela, pois indústria demanda técnica e esta não cai do céu; é
elaborada através de pesquisas experimentais por alguém impulsionado pela ânsia
do conhecimento e sede do empreendedorismo. Em assim sendo as novidades tecnológicas
eram registradas como propriedades dos seus inventores interessados em
satisfazer necessidades com mais eficiência e também a fim de se enriquecer
pela acumulação de capital. Cada vez mais os estudiosos desenvolviam ciência e
cada vez mais e mais novidades entravam em cena para incrementar os processos
de produção, facilitar a vida das populações e, em contra partida, acelerar a
exploração destrutiva da natureza. A luta do homem para vencer a natureza
resultou num círculo virtuoso de desenvolvimento jamais imaginado e
consequentemente, a relação capital trabalho associada ao uso da ciência para
geração de conhecimento foram batizados com o polêmico nome de “Capitalismo”.
Assim o capitalismo foi concebido na mesma genética
humana, na sede de conquista através do domínio da natureza; forças essas que
embalaram o instinto de sobrevivência das primeiras sociedades humanas. É um
sistema que carrega consigo a singular relação do ser humano com sua capacidade
de questionar e obter respostas. A curiosidade é o motor do saber, portanto, quanto
mais se questiona, mais se sabe e mais se descobre que o saber é infinito e
mais se cria ciência em busca de mais respostas. Portanto não se pode esquecer
que ciência se constrói por acúmulo de conhecimento, que tudo tem custo
financeiro e custos compensam-se com muito trabalho e aperfeiçoamento em busca
de lucro. Conclusão lógica é que o saber é um fruto caro, que nem todos podem
ou estão dispostos a pagar por ele; entretanto aqueles que investem em pesquisa
têm grande chance de obter sucesso. Sucesso é a conquista do saber e o fruto dessa
árvore é lucro e riqueza. Nesse contexto, saber é propriedade privada e
pertence a quem investiu para conquistá-lo. Nada mais justo!
Até
aqui nada falamos sobre a entidade “Estado”; exatamente porque ele é estranho
nesse ninho, pois num sistema onde haja liberdade e incentivo à iniciativa
individual em conquistar através do saber, cabe a ele apenas as funções de
regulamentar, educar, proteger, fomentar e intermediar relações através de um
judiciário forte e independente, a fim de que se afaste a possibilidade da
injustiça. Não cabe ao Estado a função de empresário, pois historicamente esta
comprovado que esse é o caminho mais rápido ao desenvolvimento de um sistema
corrupto, ditatorial e injusto aonde os interesses dos amigos do Rei sobrepõem
os da maioria. Modernamente, com a conscientização de que a natureza não mais
suporta o atual ritmo de exploração e agressão, o Estado deve assumir a liderança
na iniciativa de se criar e implantar meios sustentáveis de relação com os
ecossistemas, entretanto é bom lembrar que num extrato social altamente
educado, a tendência é haver maior comprometimento e responsabilidade com o
meio ambiente.
Enfim
alcançamos a era da mecatrônica, da robótica, das telecomunicações em tempo
real; a era digital; é preciso que estejamos preparados para, não só desfrutar,
mas também para usá-las como ferramentas de trabalho úteis ao alcance de mais
saber e mais desenvolvimento e isso só será possível com investimentos maciços em educação. Não há
outra saída; senão a pobreza continuará a aumentar e dirão que a culpa é do
capitalismo.
Países
como o Brasil e outros da América Latina, que tradicionalmente não investem em
educação em nenhum dos níveis, são grandes importadores de conhecimento e pagam
caro, muito caro em dinheiro vivo e em sofrimento da população. Além disso, os
governos desses países são grandes empresários, enquanto a eficiência e
lucratividade das empresas estatais são baixíssimas. Some-se a isso o
empreguismo, o nepotismo, a corrupção sempre beneficiando os amigos do Rei.
Quem paga por tudo isso é o povo! Se você tem problemas em conseguir trabalho,
seus filhos estudam numa escola que não os prepara bem para o futuro, seu carro
é velho, sua casa esta caindo, seu aluguel esta caro, você esta sendo despejado
porque não pode pagar, a condução é ruim e cara, o hospital público não presta
e o médico que esta lá não é responsabilizado por nada; não acredite que a
culpa é do seu patrão e do Capitalismo. Capitalismo é ninguém! Trata-se
apenas de um sistema comercial de convívio entre os homens aonde quem sabe mais
pode mais, conforme foi dito antes. Se você sabe pouco é porque foi mal
preparado e a culpa é do seu país, da sua pátria hostil, do seu governo
corrupto, ineficiente, que não o respeita, que não cumpre o dever
constitucional, que protege seus amigos e cobra um alto imposto do povo. Um
governo que paga mal aos professores, que não investe no aparelhamento das
escolas, que sufoca as empresas com a maior carga tributária do mundo. Para
despistar e arrefecer sua consternação lhe oferece uma esmolinha todo mês em
forma de bolsa auxílio; assim comprando seu voto na próxima eleição para você
continuar na mesma, porque vive no mundo tecnológico onde só o saber pode
garantir seu futuro e o da sua família.
Karl Marx e alguns outros que viveram antes
dele erraram feio quando imaginaram um novo sistema de convívio entre os homens
capaz de fazer justiça através do igualitarismo imposto pelo Estado. Esqueceram-se que o Estado não é uma entidade
celeste e, portanto havia que contar com a supervisão de homens com poder
absoluto os quais nunca foram iguais a ninguém, porque ditador manda, não
sugere e não dá satisfação. Esqueceram-se que a natureza humana é livre e
competitiva, esta sempre questionando e querendo saber mais. Diante dessa realidade se furtaram a investir
no aperfeiçoamento humano através da educação, porque já sabiam que homens
cultos são conscientes das verdades e mentiras que os acercam e podem oferecer
risco ao poder absoluto dos governantes. Esqueceram-se que seres humanos
privados da liberdade de criar, perdem também a capacidade de sonhar se
afogando no mundo da mesmice, da pobreza de espírito, da desmotivação e se
acostumam na vida parasitária de esperar migalhas concedidas pelo Estado para
quem for mais bonzinho, mais conformado, mais medroso e oferecer menos risco ao
sistema ou funcionar melhor na atividade da delação; tudo em nome dos
benefícios de uma minoria abastada, corrupta e sanguinária. Assim aconteceu na
extinta União Soviética, na Cortina de Ferro e acontece hoje em Cuba.
A
história do social comunismo que estão tentando implantar na América Latina
esta cheia de mentiras e utopias, as quais alguns teólogos comunistas, que
vivem de barriga cheia e se formaram à custa da Igreja defendem, baseados na
ilusão de que homens podem e aceitam viver sob comando ditatorial. A história
do rato rico que vivia na cidade e não tinha liberdade e a do rato pobre que
vivia no mato cheio de liberdade ilustra bem essa ilusão. Um dia o rato gordo
da cidade foi comido pelo gato ao que, sob tremenda indignação e assustado, o
rato pobre do mato teria exclamado: - ANTES MAGRO NO MATO DO QUE GORDO NA
BARRIGA DO GATO!